Entre elfos e dragões: O Reinado de Sami

Capítulo 4. Majestade

"Draak, o que está acontecendo?" - Perguntou sussurrando.

O dragão prateado a sua frente soltou pequenas baforadas de ar, dando a impressão de que estava rindo.

"Podemos lhe ouvir criança, todos nós. Aliás, meu nome é Alsanir"

"Ah tá ... Pensei que o nome de todos os dragões começassem com D" - Falou a menina, fazendo com que o dragão soltasse outras baforadas de ar.

"Sou o ancião, o mais antigo de nosso povo. Vivi por milhares de anos e tive o prazer de presenciar dois grandes reinados, o de Aldor e o de Oniris e, sinto-me grato por presenciar a vinda de mais uma monarca. A vinda da escolhida será a união dos reinos e teremos a honra de lutar ao seu lado, ao lado da monarca de Oniris"

Sami ficou estática por um momento, não conseguia pensar em nada, sua mente literalmente parou ao ouvir a fala do dragão. Pensou que participaria de lutas contra os males igual aos livros, pensou que ajudaria a salvar os reinos e que viveria ao lado dos dragões, mas jamais imaginou que seria a monarca daquele reino, uma rainha. Nunca ouviu dizer sobre uma mulher governar um reino, exceto por Oniris é claro. Quando conseguiu assimilar o que havia acabado de ouvir, ela só conseguiu fazer uma pergunta.

"Oi?"

Alsanir olhou para Draak e viu o mesmo negando com a cabeça, confirmando sua teoria de que a garota não sabia que se tornara rainha dos dragões desde o primeiro momento em que pisou no vale.

"Venha comigo criança!" - Disse o ancião e, assim, a menina começou a segui-lo.

Enquanto andavam, Sami olhava tudo ao redor, ainda estava intensamente admirada com o que via, mas pensou sobre o que o ancião havia acabado de lhe falar, "Como alguém como ela poderia liderar um povo? Ainda mais esse povo sendo de dragões". Logo ela, que era a que todos consideravam "estranha" na vila. Era muita responsabilidade e ela não sabia o que fazer, muito menos o que pensar. Tinham apenas jogado essa afirmação em suas costas do nada, nunca foi preparada para isso e o que faria se algo de ruim acontecesse porque não foi capaz de evitar? Todos esses questionamentos dançavam de um lado ao outro em sua mente, sempre em um ritmo lento e agoniante, até serem interrompidos pela potente voz de Alsanir.

"Sei o que deve estar pensando agora, mas saiba que o destino às vezes nos joga em caminhos imprevisíveis e, quando menos esperamos, acabamos por descobrir que nunca houve outro caminho para nós, não um em que nossa felicidade fosse verdadeira" - Ele falou.

"Como posso governar um povo de dragões? Vocês são majestosos e sábios ... E-eu sou só uma humana! como podem confiar em mim para algo tão grande quando nem mesmo eu confio?" - Perguntou desesperada.

"O destino a trouxe até nós, minha cara. Sinto que você é a salvação dos reinos e isso não vem da visão de Oniris. Você tem um grande espírito, há uma aura extremamente bela ao seu redor" - Falou deixando-a ainda mais inquieta.

"Não é que eu não queira, mas tenho medo ... e se eu levá-los à ruína? E se eu fizer algo que os coloque em perigo?"

"Somos os majestosos dragões do vale, não podemos ser destruídos com tão pouco e seja o que fizer estaremos sempre com você, jamais a julgaremos por uma decisão. És nossa rainha desde o momento em que pisou no vale pela primeira vez e a vida se fez presente" - Disse Alsanir, fazendo com que ela desse um leve sorriso, pois apesar de tudo sentia-se feliz pela confiança. Nunca se sentiu "normal" em sua casa, sempre sentiu que faltava algo, mas nunca soube o que era até aquele momento.

Enquanto absorvia cada novo sentimento, percebeu que haviam chegado em uma linda cachoeira, mal tinha percebido quando adentraram a floresta. Haviam flores para todos os lados, as águas eram puramente cristalinas, podendo-se ver os peixes que ali nadavam, eram coloridos e pareciam brilhar com o reflexo do sol. Tudo naquele vale era incrivelmente belo e parecia exalar paz em todos os cantos. Ficou tanto tempo admirando que não percebeu os primeiros indícios do pôr do sol, quando percebeu, estava levemente escuro e acabou se espantando, não havia percebido o tempo passar, jurava que só estavam ali a alguns minutos. Levantou-se de onde estava e foi até Alsanir que se encontrava deitado próximo às árvores, parecia estar dormindo, mas ergueu o rosto quando ela se aproximou.

"Obrigada! Esse lugar é incrível! Espero poder voltar aqui novamente"

"Era o preferido de Oniris! Não precisa agradecer, ele agora é seu, tudo neste vale é" - Sami sorriu grandemente ao ouvir que poderia voltar quando quisesse, quem sabe não trouxesse sua mãe novamente... Sua mãe... Ficou tanto tempo absorta que esqueceu que já passara da hora de voltar para casa.

"Alsanir, preciso voltar para casa, minha mãe deve estar preocupada"

"Tudo bem criança, Draak lhe levará até o início da floresta. E Sami, pode vir quando quiser, estaremos à espera" - A menina sorriu grandemente e Alsanir pôde ver o brilho nos olhos dela.

"Voltarei sempre". E assim, eles foram rumo ao coração do vale até chegar em Draak. Ela agradeceu ao ancião e novamente sentiu a alegria imensa que crescia em seu ser ao subir em Draak. Podia admirar o céu estrelado e sentir o vento frio da noite. Não conseguia parar de pensar em como tudo ocorreu. Sua alegria era imensa. Ao perceber que o dragão se preparava para descer, não pensou muito ao agarrar-se em seu pescoço. Então eles pousaram delicadamente, o que era um grande contraste, visto que o dragão era imenso.

"Até logo Draak" - Disse recostando sua testa na do dragão e sentiu uma paz de espírito e quando abriu os olhos, pôde ver um fio que os ligava, era intenso, de uma cor dourada igual a Draak, podia sentir as boas sensações que exalava. Estavam conectados, ela sentia.

"O que é isso?" - Perguntou.

"O fio que conecta a vida de um dragão com a de seu cavaleiro. Há muitos anos não houve relatos de uma conexão sincera assim. Agora sou seu dragão, assim como és minha cavaleira" - Ele disse, deixando-a perplexa, mas muito feliz.

Ao se despedir de seu mais novo amigo, foi correndo para casa, estava preocupada com sua mãe, mas ao chegar a encontrou cozinhando calmamente, olhou para a mesa e viu vegetais.

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