Why Don't You Stay

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Após passar o fim de semana inteiro fazendo trabalhos da faculdade, GP passou a manhã inteira pensando em como criar coragem para ir falar com Jeff à noite. Era segunda-feira e ele não tinha nenhuma desculpa. Na hora do almoço, se sentou com Apo e Mile, que reclamavam.

– Na moral, a professora quer matar a gente? Eu fiz tantas páginas e só queria uma folga hoje, mas ainda tenho que trabalhar à noite. – disse Apo morto de cansaço.

– Pera, tu ficou com as segundas-feiras? Se fudeu kkkkk. – disse Mile.

– Como se quarta fosse melhor, né. – retrucou Apo.

Gameplay ficou pensativo.

– Posso ir com você? Não tenho nada pra fazer hoje. – falou GP, com um sorrisinho envergonhado.

– Que porra é essa? Tu tem a noite livre e quer ir com ele?? – Mile perguntou, chocado.

– É... – GP disse baixinho.

– Acho que o Gaymeplay quer é ver o cabeludoooo hum... – Apo respondeu, provocando.

– Eu apenas sou um apreciador de arte, ok? – Gameplay disse, sabendo que foi pego no pulo.

– Não sei o que vocês veem nesse cara! Ok que eu nunca vi ele, mas isso não vem ao caso. – resmungou Mile, com uma leve inveja. – Quer saber? Eu vou hoje também.

– Ótimo, então vamos pro bar depois! – disse Apo.

Então foram os três. Era um corredor grande e dava para ver de longe a porta do anfiteatro, na qual se encontrava Jeff escorado na parede, com a pélvis um pouco para frente, conversando com Milk.

– Tá. Esse cara é lindo. – disse Mile, chocado.

– Não falei? Mas fica tranquilo que você também é. – falou Apo, provocando e apertando sua bochecha.

– Eu sei, tá. Nunca duvidei disso. – disse Mile, duvidando disso, porém corado.

– Gente? – GP falou, tentando chamar atenção de seus amigos que estavam presos no próprio mundinho.

Eles continuaram a ir até a porta. Milk avistou Gameplay e o reconheceu.

– Ei, é você, do outro dia! – falou Milk.

Gameplay deu um oi tímido. – É, sou eu kk. – enquanto olhava para Jeff.

– Gameplay. Você veio. Legal. – disse Jeff com um sorrisinho, sem perder a pose cool.

Milk reagiu sozinha ao nome, que estranhou e se perguntou olhando para cima: Gameplay? Com apenas os lábios.

– É, meus amigos e eu viemos dar uma olhada. Esses são Apo e Mile. Apo vai cozinhar hoje. – disse Game.

– Prazer, sou Jeff. Essa é a Milk. – apresentou Jeff.

– Quem você interpreta na peça? Ainda não te vi no palco nenhuma vez. – perguntou Gameplay.

– Oh, eu não estou na peça. – respondeu Milk.

– Ué... – disse Apo, confuso.

– Eu trabalho como fotógrafa. Estou encarregada de tirar fotos dos ensaios, da peça e das confraternizações do clube. – explicou Milk.

– Inclusive vocês deveriam se juntar ao nosso Happy Hour depois do ensaio de hoje, qualquer trabalhador envolvido com a gente está convidado. – disse Jeff, olhando para Game.

– Oxe, vamo muito!! – disse Apo, super animado.

Apo foi cozinhar, deixando Gameplay e Mile assistindo ao ensaio. Jeff gostava sempre de cantar uma música de sua escolha nos pequenos intervalos e todas as vezes deixava Gameplay completamente hipnotizado. Desta vez Jeff começou cantando Why Don't You Stay no piano. Game se encantava com o jeito dele de cantar com a emoção que a própria música trazia, que era como se o Jeff e a música se complementassem. O jeito de se entregar totalmente àquele momento, ainda com aquela voz incrível, o impressionava. Após o ensaio, todos foram comer o jantar que Apo havia preparado, inclusive GP, Mile e até o próprio Apo.

– É legal colocar um rosto em quem faz nossas comidas todos os dias. – disse Jeff.

– Falando nisso, a comida de qual dia é sua favorita? Pode falar segunda! – perguntou Apo, sorridente.

– A de quarta-feira é muito melhor. Diz aí pra gente. – disse Mile.

– Sinto muito, galera, já falei pro Gameplay que a dele é incomparável. – Jeff respondeu.

Apo e Mile se olharam e sorriram, felizes pelo amigo. Depois de muito cansaço de ambas as partes, finalmente chegou a hora do Happy Hour. Foi toda a trupe para um bar próximo. Jeff se sentou virado para Gameplay e Mile pediu logo 2 litrões. GP, como sempre, estava muito tímido, mas sempre dando sorrisinhos de um jeito muito fofo. Jeff também não era de falar muito, o que dificultava um pouco as coisas, então ficou um silêncio meio constrangedor na mesa.

– Vocês preferem sabonete em barra ou líquido? – Apo quebrou o silêncio. Todo mundo riu, mas ele não entendeu. – É sério, agora eu quero saber...

– Sei que é ridículo, mas e se fizermos um jogo desses de adolescente pra quebrar a tensão? Assim conhecemos mais uns aos outros. – propôs Milk.

Imediatamente Gameplay disse que iria ao banheiro, como desculpa para não ser escolhido. Os litrões chegaram e todos brindaram sem ele.

– O mais brega de todos: Verdade ou Desafio. Mas antes vamos passar um tempo bebendo, assim tem mais graça. 

Milk calculava o tempo para que Gameplay voltasse antes do jogo começar.

– Vamos começar com os gastrônomos. Apo. – apontou Milk, liderando o jogo.

– Desafio. – respondeu Apo, decidido.

– Humm... te desafio a falar sim pra tudo até o resto da noite. Obviamente isso não inclui coisas que você não queira DE JEITO NENHUM, né, consentimento é tudo e tal. – disse Milk enquanto via que Gameplay voltava do banheiro.

– Tava se escondendo né GP? – Apo perguntou rindo. – Desafio aceito, vai ser moleza. Agora eu faço uma pergunta pra alguém das artes. Hum... Jeff? Verdade ou desafio?

– Desafio. – disse Jeff, confiante.

Todo mundo ficou tenso.

– Te desafio a beijar a pessoa que você acha mais atraente aqui da mesa. – disse Apo.

– Aí nem vale, vai me beijar de novo? – disse Milk. Alguns riram.

Gameplay ficou muito inseguro ao saber que Jeff já tinha ficado com a Milk. Ela era muito linda, comunicativa e tinha uma personalidade incrível. Milk era muito legal, artística e tinha uma pintinha no rosto que a deixava ainda mais charmosa. De qualquer forma, Jeff não pareceu muito a fim de fazer o desafio.

– Eu preciso fazer isso? – Jeff perguntou.

– O ideal seria você fazer o desafio até o fim da noite. Mas se você quiser, pode trocar por "verdade". – explicou Milk, que parou de falar para olhar pro lado.

Todos pararam por um momento, porque Apo e Mile, do nada, começaram a se pegar no meio de todo mundo.

– Ok, eles fazem isso quando estão muito bêbados. Acho que tá na hora de voltar pro dormitório. – disse Gameplay, rindo de nervoso. – Tchau gente kkk.

– Uai ele me disse "me beja" e eu disse sim! – disse Apo, com a voz completamente de bebum.

– Adorei. – disse Milk, já um pouco tonta e rindo.

– Eu quero ficaaaaaaarrrr..... – gritou Apo, enquanto Mile, cambaleando, beliscava seu lábio inferior.

– Já vamos, mas foi ótimo, vamos sair de novo! – disse GP.

Jeff estava levemente bêbado também e pareceu tristinho por Game ir embora.

– Você não pode ficar? – perguntou Jeff com uma carinha irresistível.

– Já tá tarde e vou cuidar desses dois... – respondeu Gameplay, com muita dor no coração de deixá-lo.

– Ok, bons sonhos pra vocês. – disse Jeff, que logo em seguida lhe deu um abraço lento. 

Game podia sentir a respiração de Jeff em seu pescoço enquanto cheirava seu cabelo. A tensão era quase palpável. No fim do abraço os dois se olharam como se fossem se beijar, mas o Uber chegou e se despediram. Gameplay foi pegar dinheiro no bolso para pagar logo a corrida, mas não achava sua carteira por nada. Pediu para o motorista esperar um pouco e tentou refazer suas ações na cabeça, decidindo olhar na mesa e depois no banheiro. Depois de olhar em volta e em todos os boxes, não achou. Ele agachou para ver se estava embaixo da pia e, quando levantou, lá estava ela: na mão de Jeff, que disse:

– Eu ainda não cumpri meu desafio.

E logo o puxou pelo braço e levou para dentro do box, lhe tascando um beijo. Jeff olhou para Gameplay nos olhos por 1 segundo e segurou seu pescoço com as duas mãos, quase que o enforcando, o empurrando contra a parede. Os dois se beijavam intensamente, ofegantes e sorrindo ao olhar no olho um do outro. Eles deram seu melhor, mas infelizmente não tinha muito tempo, já que o Uber estava esperando. Ao voltar para o carro todo descabelado, Apo e Mile o olharam fixamente por 3 segundos inteiros.

– Que foi? – Gameplay perguntou, se fingindo de desentendido.

Os dois soltaram uma gargalhada contagiante e ficaram os três rindo no banco de trás igual idiotas, mas até o motorista riu. 


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