é...

nada fará sentindo

Bellamy se sentia acompanhado.
O que é estranho para ele, já que todos deveriam estar sozinhos em sua mente. Ele não se sentia sozinho, pois a melodia de Tchaikovsky lhe perseguia em sua própria mente, atormentando com aquela canção do lago.

A tranquilidade acabava e, quando ele se deparava,  seus piores pensamentos ficavam abordo sendo acompanhados por Tchaikovsky, como uma trilha sonora em um filme de terror, quando o assassino está prestes a matar sua vítima com uma facada.

O assassino era suas memórias, a faca era seus arrependimentos e a vítima era ele mesmo.

A música mexia com sua mente, ela era alta e lhe deixava com dor de cabeça, e quanto mais pedia pra parar parecia que a orquestra aumentava, ele ficava assustado e parecia que o mundo acabaria a qualquer momento.

Mas por incrivel que pareça, uma música clássica melancólica não era o único problema de Bellamy. Ele tinha devaneios, sonhos ou talvez alucinações. Não sabe dizer quando começou ou porque começou, talvez ele esteja louco e Tchaikovsky esteja o deixando assim.
Quando sofria essas crises e sua cabeça já estivesse prestes a estourar ele apenas relaxava seu corpo e parava de pensar no que o estava incomodando e se deixava levar por pensamentos agradáveis, a música parava de ser hostil e começava a soar agradável. A pequena orquestra de sua cabeça diminuía cadê vez mais.

Ele nunca tentou buscar uma resposta para esses sonhos realistas, ele gostava de estar lá, em um lugar tranquilo. Já se encontrou em muitos lugares, dos mais melancólicos até os mais tranquilizantes, ele gostava de pensar em Van Gogh, tropeçava no céu ao som da música e se perdia no azul.

Bellamy sempre soube mas, ele não tem nenhum motivo para estar triste, mas ele sente uma angústia que todos sentem mas todos temos motivos diferentes para se sentir assim. Ele não sabe porque se sente assim, todas as suas suspeitas o levam para problemas superficiais, como relacionamento e dedicação.

Sim, esse é o seu pequeno problema. Sua ervilha que lhe incomodava no meio de tantos colchões.
Dedicação e pessoas. O garoto não consegue pensar em algo que ele realmente fez com dedicação e esforço, ele não tem vontade e, apesar de ser algo que lhe incomode ele nunca soube como solucionar o seu problema, talvez fosse alguma doença mas para ele é patético botar culpa da sua preguiça em um defeito cerebral, ele fez 21 anos agora e pensa nos jogadores de futebol com 18 anos e já estão milionários, enquanto ele? Bem, ele vive de favores...outro problema com qual ele tem que resolver.

E seus relacionamentos com  as pessoas? É terrível. Todas as suas amizades deram errado, por sua culpa, não sabe dizer ao certo porque, os outros até podem ser péssimos mas foi ele quem mudou. Quem sabe amanhã ou próximo ano encontrará pessoas novas na sua vida, e talvez a amizade de certo. Tem quase certeza que o universo guarda algo especial para ele.

Seus amores em geral foram bons, mas o último lhe fez ficar perturbado. Pensava todas as horas sobre Ela, que já lhe amou um dia, mas finalmente notou com quem realmente estava. Bellamy não gosta de pensar nisso, mas pensa muito sobre, a culpa está na suas costas e ela é pesada.

Mas ele se odiava por ter cometido aquelas ações e reações que levaram ao fim. Porque decidiu mudar seu jeito de pensar e agir...mas também não gostava do seu antigo jeito, o incomodava então decidiu mudar isso, mas parece que os outros não gostaram e agora ele está sozinho.

Mas não tão sozinho porque parece que sempre há alguém lhe ouvindo.

Suas contradições irrita a si próprio, ele discute com si mesmo se as pessoas merecem empatia ou não, se deve ser egoísta ou não.

Por que hoje ele está fazendo algo que a um dia atrás nunca concordaria? Ele não entende, e se irrita por não entender, e se odeia por ter feito aquilo.

Há muitas confusões em sua cabeça e ele sente que ninguém nunca vai realmente o entender, mas ele não precisa disso, não é? De alguém entendendo, queria ser compreendido mas porque ele precisa tanto da aprovação de alguém? Por que ele quer tanto ouvir alguém dizer que não é a sua culpa? Todo mundo erra mas ele não quer errar mas não consegue parar de errar. Ele se ver perdido nesse labirinto de Dédalo, onde cada pergunta que faz agora só mesmo é um novo muro que se ergue.