𝗦𝗘𝗠𝗣𝗜𝗧𝗘𝗥𝗡𝗢 ᵗʷᶦˡᶦᵍʰᵗ ᶠᵃⁿᶠᶦᶜ

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· A NEW PLACE ·
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A NOITE ESTRELADA iluminava o céu daquele verão de maio, quando o velho Cullen adentrou a casa, a casa que vinha acompanhando as últimas três gerações de sua família, era uma herança, um presente dado pela igreja após seus feitos, gerações e gerações de inquisidores.

Robert Cullen que já tinha por volta de seus 56 anos, era um homem cruel e sem escrúpulos, não havia ganho a fama de um dos piores de sua época atoa, seus cabelos grisalhados não negavam que o tempo não era seu amigo, e suas costas curvadas carregavam o peso de vidas inocentes tiradas sem ao menos uma mínima chance de defesa.

O homem caminhava a passos pesados pelo corredor que ligava a porta de entrada ao resto da casa, virando-se na primeira sala, onde seu único filho permanecia sentado em uma das poltronas do local, lendo um livro.

Carlisle Cullen era diferente de seu pai, talvez tenha puxado a sua falecida mãe, ele possuía os cabelos em tons claros como raios de sol, e os olhos azuis como o céu, era como se fosse um anjo enviado diretamente do paraíso, mas castigado a viver no inferno que seu pai fazia em terra. O jovem não pensava da mesma forma que seu pai, ele não era cruel e impiedoso, ele era um homem justo, o completo oposto de seu progenitor.

- Eles fugiram! - exclamou o velho irritado, logo chamando a atenção do mais novo. - Foram em direção a um vilarejo aos arredores de Londres, dessa vez eles não irão escapar, boatos correm de que há bruxas lá. - continuou, enquanto caminhava em direção ao filho, tomando de suas mãos o livro o qual lia.

- Lendo coisas mundanas novamente Carlisle? Se não resiste as palavras do diabo, talvez deva queimar com ele, você nem parece meu filho! - esbravejou o velho, enquanto rasgava o livro em pedaços, fazendo com que se despedaçasse no chão.

- Era apenas um livro de romance meu pai, não havia nada demais nele, nem tudo se resume a queimar e ao pecado. - defendeu Carlisle, enquanto juntava os pedaços de papel que um dia foram Romeu e Julieta.

O velho deu de ombros, ignorando as palavras do filho, como sempre fazia, ele não suportava estar errado, e na cabeça dele, ele nunca estava, seu ego e seu narcisismo eram maiores que qualquer outra coisa no mundo, até mesmo maior que o seu amor por seu próprio filho.

- Arrume suas coisas, estamos de mudança!

Foi a última coisa que Carlisle ouviu, até seu pai sumir de vista.

Eles estavam de mudança, um novo lugar, uma nova caçada, mais mortes, um ciclo sem fim que carregava o legado da família Cullen.

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Semanas haviam se passado e a mudança aconteceu, estavam em um lugar novo, uma pequena casa, não tão grandiosa quanto a anterior, mas confortável o suficiente para se chamar de lar, ou ao menos fantasiar isso.

O vilarejo era pequeno, pouco mais de 100 pessoas, o que fez com que os Cullen fossem a notícia da vez, os mais antigos e fanáticos religiosos só falavam do velho Robert, e de como ele trabalhava a favor da fé "salvando o povo de pragas demoníacas". Já os mais novos, só sabiam falar de Carlisle, principalmente as moças mais jovens, às quais já sonhavam em se casar com o rapaz.

Mesmo durante o curto tempo em que chegou o velho inquisidor já havia montado seu grupo de "caça", como em todos os lugares em que passou, o fanatismo sem dúvidas cegava a sociedade, não importa em qual tempo, nem em qual época, uma mente que não pensa por si só, sempre se deslumbra com a primeira meia dúzia de palavras que ouve, não importa se elas fazem sentido ou não, muito menos quem elas ferem.

Em uma casa um pouco mais afastada das demais, viviam os Aiken, uma família composta por Samuel Aiken, um homem por volta de seus 45 anos, sua esposa Josephine de 36 anos, e suas três filhas, Catherine de 18, Elizabeth de 14 e Beatrice de oito anos.

Os Aiken eram respeitados na cidade, principalmente Samuel que era uma figura importante no lugar, ele era comerciante, o único que trazia especiarias de fora que residia no local, algo muito raro na época, especialmente naquele lugar o famoso "fim de mundo".

Como os boatos corriam mais que o próprio vento durante uma tempestade, logo chegou aos ouvidos do patriarca da família, que por hora não gostou muito da ideia, pois sabia que por onde passava, Robert carregava consigo vidas sendo elas inocentes ou não.

- Eles querem dar uma festa de boas vindas aos novos membros da comunidade. - contou Samuel, se sentando diante da mesa de jantar, que estava já posta, onde sua família o aguardava.

- Deixe-me adivinhar, eles querem que quem dê sejamos nós? - questionou a matriarca, enquanto se servia de um belo assado.

- Eles afirmam que nossa casa é a maior da região, a única que comportaria tal evento.

Algo que de qualquer forma não estava equivocado, a casa dos Aiken, ou melhor casarão, era a maior das redondezas, e possuía um jardim imenso, coberto de flores, o que dava sem sombra de dúvidas um ar mais vívido e colorido ao local.

- Eu não gosto nem um pouco da fama deles. - afirmou a mãe, antes de começar a comer.

- Ouvi falar que o pai de Sarah, fará uma proposta para um possível casamento dela com o filho do Sr. Cullen. - revelou Elizabeth aos demais. - As meninas da vila só sabem falar sobre ele.

- E os de mais idade do tal Sr. Cullen. - contou Catherine, relembrando sobre o que havia feito durante o dia. - Todos falavam dele durante meu trajeto de volta pra casa.

- O que deve o ter trazido até à vila? Não há nada de anormal aqui, e se houvesse todos saberíamos, não? - questionou-se Josephine em voz alta, para que os demais ouvissem.

Essa era a questão, todos sabiam o que levava os Cullen de lugar a lugar, mas o que exatamente os havia motivado a ir naquela localidade ainda era um mistério aos moradores, mesmo que já houvesse montado seu grupo, ninguém sabia exatamente do que o inquisidor estava atrás.

- Bom, de qualquer forma descobriremos no jantar de boas-vindas que faremos. - declarou o homem, que mesmo não gostando da fama que os novos moradores carregavam, tinha certa curiosidade sobre o que os levará a tal lugar.

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