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The Truth Untold
Capítulo I
━━━━━━◇◆◇━━━━━━Nunca revele seu rosto.
Apenas saia se for necessário.
Siga sempre as orientações estabelecidas.Durante esses vinte e cinco anos, Miyawaki Sakura ouviu tudo com atenção. Nunca deu um passo em falso, nunca reclamou. Se sentia como uma boneca de porcelana, cuidadosamente nutrida e protegida por um certo rei narcisista. Afinal, era tudo para seu bem, não era? Assim lhe foi dito desde que era uma criança, pelo menos.
Os dias de sua infância são borrados em sua mente. Desde que conseguiu se recordar, ela morava ali sozinha, raramente visitada por seu pai, que na verdade, apenas a checou para ter certeza de que ainda estava viva.
Sakura não era tola, não importava quantas vezes seu pai tentasse prender incontáveis cordas invisíveis em seus membros para movê-la como uma marionete sem alma. Ele estava apenas tentando satisfazer suas próprias fantasias distorcidas? Ou ele estava tentando protegê-la de um mundo exterior que não lhe oferecia nada além de repulsa, talvez? Repulsa por sua herança vergonhosa, sua própria existência poderia facilmente abrir um buraco em qualquer multidão?
Não desejava respostas para essas perguntas, mesmo se as tivesse, elas não a fariam sentir nada.
Nada no mundo vem sem um preço. Todas as manhãs, quando Sakura se levantava de sua cama no último andar de sua torre solitária e olhava pela janela, a luz fresca do sol atingiu a quantidade ridícula de bandagens em seu rosto, ela não sentia nada. O céu claro não a fazia sentir nada. Os pássaros cantando doces serenatas matinais não a faziam sentir nada. Acordar dentro do mesmo corpo cheio de cicatrizes e desprezado, não a fazia sentir nada.
A vida não a fazia sentir nada.
Não queria mais acordar, nem teria forças para acabar com sua agonia com uma corda.
Havia um vazio. Solidão. Nada. É tudo o que ela sempre soube, afinal.
Às vezes, perguntava-se como Rapunzel se sentia quando estava trancada em uma torre fria de pedra, sem permissão para espiar por um segundo, a menos que ela desejasse que o grande mundo do desconhecido mordesse de volta e nunca mais a libertasse. De fato, Sakura sabe que todos os sonhos que valem a pena perseguir irão evaporar de seus dedos no momento em que ela os tocar, mesmo que levemente. A única coisa que a diferenciava da frágil, mas corajosa princesa, vem no final de sua história. O final da princesa era típico de um conto de fadas, um clichê - sua salvação está em sua capacidade de amar e ser amada de volta.
O que seria amor? O amor está reservado para quem tem o buraco dentro do peito ocupado por um coração palpitante. O amor é um conceito totalmente estranho para Sakura, e talvez sempre tenha sido assim.
Um sorriso quase invisível se espalha em seus lábios com o pensamento; odiava a vida e era igualmente odiada por ela. Todos os sentimentos mútuos têm uma certa beleza, não importa o quão mórbidos alguém possa considerá-los.
Entretanto, por mais que negasse a si mesma, Sakura ainda é um ser humano que respira e vive. E os humanos são todos doces hipócritas, está tudo no sangue deles. Ela não era uma exceção. Apesar de todas as suas fantasias de dormir e nunca mais acordar, ainda há uma coisa que despertava uma centelha de alegria em sua vida sombria.
Ela desceu as escadas lentamente, quase sem ouvir o eco vazio de seus próprios passos. O exterior era totalmente diferente da escuridão e frieza do castelo, seu corpo de repente sendo banhado pela luz do sol e um calor quase insuportável quando pisou na grama. Aproximando-se seguindo o caminho cuidadosamente definido por inúmeras flores desabrochando de cada lado e levando a um paraíso muito mais deslumbrante - seu querido e pacientemente construído jardim.
Por mais que os olhos caíssem nas profundezas deste jardim, eles vislumbraram apenas inúmeras flores de todos os tamanhos, formas e cores, todas plantadas e cultivadas pela própria Sakura, mestre nas artes da jardinagem.
E no canto de tudo isso está um carvalho alto e velho, muito mais velho que a garota. O guardião do castelo por décadas, por assim dizer. Bem perto de suas raízes encontra-se uma pequena piscina esculpida no solo, o lar dos peixes koi da jovem, seus únicos companheiros vivos e mudos.
Esta era a casa dela. Seu orgulho ao longo da vida, a obra de arte mais amada. O único lugar que tinha conhecimento desde que seu pai a deixou lá, não querendo manchar sua reputação e dignidade com uma criança indesejada. Afinal, ele só é bom em lhe dar dinheiro suficiente para sobreviver e em constantemente lembrá-la de cobrir o rosto com bandagens ou uma máscara, alegando não ser possível olhar para sua própria filha de outro modo. Para seu pai, tudo o lembrava dos erros do passado. Sakura, por outro lado, não ligava para o raciocínio. Só sabia o quanto odiava ver seu próprio reflexo no espelho, então ela concordou em cobri-lo o tempo todo.
Não tinha muitas recordações de sua mãe, seu pai não compartilhava detalhes sobre quem ela era. Tudo o que lhe disseram foi que ela era uma jardineira, uma jardineira famosa e incrivelmente talentosa. Mas a fama só vai até certo ponto no vilarejo pobre e isolado em que ela morava. Há um ditado que aconselha as pessoas a se contentar com o que já têm e não desejarem o que está além de seu alcance - um ditado que nunca chegou aos ouvidos de sua mãe. Uma coisa levou à outra e, depois de conhecer um jovem príncipe enquanto vendia flores na cidade, ela engravidou. Não passariam muitos meses antes que ela morresse no parto.
Pode-se dizer que Sakura ficou sozinha no mundo, sem ninguém para cuidar dela, sem propósito ou aspirações. E eles estariam completamente certos, se não fosse pelas flores desabrochando em seu jardim a cada estação, cada vez mais lindas do que antes.
Ela não iria tão longe a ponto de afirmar que vale a pena viver apenas para entreter esse seu hobby, mas seria uma mentira negar o fato de que isso lhe traz um pouco de felicidade.
Dessa forma, seus dias sempre seguiam o mesmo roteiro. Acordar, regar e cuidar das plantas, comer, dormir, fazer tudo de novo. Durante anos, nada e ninguém jamais perturbou sua rotina. Ela vivia em sua solidão sem fim, mas segura e protegida, desde que se lembrava.
Esta é a razão pela qual todo o medo e raiva armazenados dentro dela, sentimentos que não experimentava há muito tempo, irrompem e a atingem em ondas em uma meia-noite de verão. Ao olhar pela janela, ela vê uma silhueta feminina à espreita em seu amado jardim.
Sakura permanece impassível, tornando-se uma com a escuridão de seu quarto enquanto olha para baixo com espanto. Abruptamente sente os músculos das pontas dos dedos se contraírem, dominado pelo súbito desejo de torcer o pescoço dessa intrusa no próximo segundo.
Quem era aquela garota? Quem se atreveria a vir até este castelo, um lugar que todos temiam terrivelmente e evitavam completamente, sabendo muito bem sobre a história de uma garota que vivia por baixo de uma máscara? Quando todas terminam de girar em sua cabeça, a figura misteriosa se foi.
Acontece novamente no dia seguinte. A intrusa só aparece à meia-noite, pegando algumas rosas vermelhas de cada vez e depois desaparecendo no ar. Cada uma dessas vezes, ela nunca parece ter segundas intenções. Simplesmente pulando a cerca, roubando suas flores e fugindo em um piscar de olhos, não dando a Sakura a menor chance de descer as escadas e pegá-la em flagrante.
Ela continua sem qualquer sinal de recuo... Até que surge o primeiro plano.
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The Truth Untold | Miyawaki Sakura
FanfictionContam-se que, no tenebroso castelo no alto do morro, encontra-se uma solitária jovem enigmática coberta por bandagens e uma máscara em seu rosto que tem como única alegria suas amadas flores, isto é, até o dia que uma bela estranha começa a roubá-l...