Destino: Rio de Janeiro

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Pré-estréia - 08:25 da noite
Ano: 2022

Apesar da estação Botafogo ser um pouco longe do cinema, Jimin queria andar. O Rio de Janeiro, sua cidade natal, agora parecia um amante a ser reconquistado ou um amigo a ser reconhecido. Um pouco como Jungkook em seu coração. O vínculo estava lá, mas tinha um caminho a ser percorrido para que velhas pontes estivessem inteiras novamente.

Andando, sentindo a maresia e a brisa noturna, tudo era como um abraço. E por mais que quisesse enganar a todos, não conseguia enganar o seu coração. Não ficou em Bruxelas ou escolheu São Paulo. Vários convites ficaram em seu e-mail, pois queria voltar para o Rio. O chamado para ser coreógrafo do Balé Municipal era uma honra em si, além de unir a vontade imensa de estar em casa.

Talvez ter completado 40 anos tenha tido um efeito nostálgico nele, mas o fato é que seu coração sabia para onde ir. Não tinha como escapar desse chamado.

O bailarino sempre seguiu seus sonhos e agora seu maior desejo estava ali, prestes a estrear o primeiro filme na tela grande. Jimin achou que poderia ter cometido um erro ao não avisar Jungkook que tinha chegado na cidade, ou mesmo que iria até a pré-estreia. "Será que irei atrapalhar algo?", se questionava aflito.

De fato, se sentia como um adolescente perto de seu melhor amigo e maior amor. Lógico que teve muitos amores em sua vida, mas nenhum chegou a tocar o espaço que JK tinha dentro dele.

Até perceber que nunca teve medo de estar próximo às pessoas que amava, e que estaria feliz se conseguisse pelo menos reacender a amizade dos dois.

Soube da pré-estreia antes mesmo de pisar na cidade maravilhosa, não tinha vergonha em admitir que seguia notícias sobre Jungkook nos jornais e redes sociais. Só sentia pena que ele mantinha sua vida privada longe dos holofotes. Pensava se ele tinha se casado, se teve filhos... até que parou na esquina e quase desistiu de ir. E se tudo estivesse bem e ele fosse um inconveniente?

Decidiu respirar fundo, sabia que uma amizade genuína não seria um problema. Mas também conseguiu admitir para si mesmo que tinha uma ponta de esperança que eles poderiam enfim se encontrar como ele sonhou desde jovem.

— Pois é, Jimin... o medo é de você se decepcionar e não de atrapalhar.

O bailarino falava em voz alta e ria de si mesmo, quando viu a entrada para o espaço de cinema.

Olhou para sua roupa, gloss, brincos e anéis. "Blusa bordô semi transparente, com a calça jeans justa foi um pouco demais", avaliou. "Bom, mas eu sou mesmo uma bicha velha, ele que me aceite!". E finalmente entrou na recepção.

Entre alguns jornalistas, influenciadores e artistas, Jimin viu Jungkook dando uma entrevista. Seu coração errou uma batida, ele estava ainda mais lindo do que imaginava, mesmo de calça reta e camiseta branca. O tempo tinha feito tão bem para JK! Conseguiu manter aquele sorriso radiante e uma aura de esperança, aliado com um corpo forte e cheio de tatuagens. Era a mescla perfeita de um homem maduro com a aura juvenil.

Jimin podia sentir seu rosto ficando quente e lembrou do primeiro dia que percebeu estar apaixonado por Jungkook. Tinha 16 anos e eles estavam jogando Street Fighter. O bailarino nunca tinha sido tão bom e muitas vezes perdia de propósito, só pra ver aquele sorriso, o mesmo que via agora. A coisa que mais amava era vê-lo feliz. E ele estava radiante ao ser reconhecido como cineasta. As dúvidas foram embora e agradeceu estar ali para acompanhar aquele momento.

Por um instante seus olhares se cruzaram e o mundo desapareceu. Subitamente estavam na rodoviária, tantos anos atrás, com 17 e 18 anos. Os corações bateram na mesma velocidade, cheios de sonhos e esperanças.

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