Hoje seria o dia, o dia que libertaremos a cidade dessa redoma de opressão, nós, os renegados, como Eles gostam de nos chamar, descobrimos o que mantém a barreira a nossa volta, era tão óbvio, por que nunca tínhamos pensado nisso antes? Todos esses milênios de opressão, nos fazendo acreditar no que eles queriam, e no final era essa alienação do povo que mantinha a barreira sólida, tudo que precisamos fazer era questionar, quando descobrimos isso foi como uma nova porta se abrindo, mas ainda sim demoramos algum tempo para formar uma legião sólida de pessoas capazes e corajosas o suficiente para se juntarem aos renegados.
Eu ainda tinha minhas dúvidas sobre a eficácia desse plano, não estava confiante o suficiente, será que éramos a quantidade suficiente para mudar a situação? Bom, eu precisava acreditar que sim, precisava acreditar que nossa voz iria reverberar pela cidade e iria fazer com que muitos se questionassem sobre a realidade, acreditar que nós cresceriamos, mesmo que minha confiança não fosse tão grande, eu tinha sorte de não estar sozinho, existiam outros nessa causa, e uns apoiavam os outros.
Nós estávamos quase prontos para botar nossos planos em prática, todos andavam de um lado para o outro resolvendo os últimos detalhes do que decidimos chamar de espetáculo, quase todos estavam prontos e eu estava apenas esperando a chamada no rádio para prosseguir com uma parte do grupo, outros grupos estavam entrando sorrateiramente em prédios para pendurar painéis, para que chamassem atenção estando a vista de todos, outros iriam tomar conta dos alto falantes para o discurso, e o meu grupo estava encarregado de ficar ali na praça levantando os cartazes em protesto, mas não só isso, nós seríamos o grupo que mais correria riscos, os agentes facilmente poderiam interceptar nossas ações ali, mas de alguma forma esse era o nosso objetivo, chamar atenção.
Finalmente recebo o sinal pelo rádio e sigo com meu grupo em direção a praça principal, nós estamos chamando muita atenção andando em um único grupo, e o fato de estarmos em passos imponentes e decididos fazia com que nos destacassemos, estávamos perto da praça então não andamos muito, ao chegar no centro do ambiente nós paramos, muitas pessoas passavam olhando para nós sem entender, estávamos apenas esperando a hora de agir.
Foi quando ouvimos o som da microfonia saindo direto dos alto falantes, todos que estavam na praça pararam de andar e taparam seus ouvidos e logo em seguida era possível ver grandes painéis sendo soltos do alto de vários prédios, as frases eram coisas como "Estão mentindo para nós", "Não acredite neles", "Questione a autoridade deles", e muitas outras frases espalhadas nos prédios que rodeavam a praça.
Quando o discurso começa a ecoar por todos os autofalantes, nós, que estavamos no meio da praça, levantamos nossas placas com mais frases, essas dizendo para que se juntem a nós, todos que alcanço com minha visão estavam parados, escutando e lendo as placas e painéis, alguns com cara de espanto, outros com medo e outros intrigados, e alguns poucos foram se aproximando, esses eram os que tinham suas opiniões contrárias às que eram impostas, mas que por acharem estar sozinhos com seus pensamentos não se mostravam.
O discurso continuava é ai causando um burburinho, era fácil ver pessoas sussurrando entre si e até o clima no ambiente mudou para algo mais caótico, algumas poucas pessoas começaram a se juntar a nós e mais algumas se aproximavam, eu sabia seria questão de minutos para os agentes aparecerem para nos dispersar, já conseguia vê-los correndo em nossa direção bem ao longe, mesmo com eles se aproximando mais pessoas começavam a se juntar a nós, e quando estavam chegando perto, mais uma vez o barulho alto começou a ecoar pela cidade, quando olhei para cima pude perceber o enfraquecimento da redoma, nós estávamos fazendo aquilo, realmente estávamos.
Os agentes finalmente chegam em nós e começam a nos atacar com porretes, muitos de nós, inclusive eu, começamos a nos defender com os pedaços de madeira que estávamos usando para erguer as placas, para minha surpresa eu estava conseguindo segurar bem os agentes que vinham em minha direção, mas estava ficando difícil já que mais estavam chegando, quando nos alcançassem não tenho certeza se conseguiria segurá-los, e minha reposta estava ali, eu não conseguiria, quando finalmente consegui me livrar de um agente outro me atacou quando não estava prestando atenção e acabo caindo no chão esperando que mais uma porrada me atinja.
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Até os quaisquer mudam o mundo
General FictionUm conto sobre como transformar o preto e o branco em cores, sobre como a união move montanhas