Duas pessoas quaisquer

3 1 0
                                    

Eu corro até a saída do museu junto com muitas outras pessoas, com sinceridade no que vou dizer agora, a curiosidade era maior que o medo, queria saber o que acontecia lá fora, finalmente ao chegar na frente do museu a primeira coisa que meu instinto manda fazer é olhar para cima, a barreira estava fraca, parece até que minhas preces estavam sendo atendidas, olhando a movimentação das pessoas consigo perceber que estavam indo para uma direção específica, a da praça principal, era bem perto dali.

Então, passando entre as pessoas e andando mais rápido que a maioria, algo me chamava para aquela confusão, talvez o senso de liberdade, consigo ver ao longe um aglomerado de pessoas no meio da praça, havia agentes atacando elas, e mais estavam chegando, nem sei ao certo por que em vez de me afastar da confusão eu estava me aproximando, o fato da barreira estar fraca e aquele grupo de pessoas possivelmente ter haver com isso estava mexendo com a minha coragem e eu queria fazer parte daquilo mais um barulho daqueles reverbera pela cidade e a barreira se enfraquece mais.

Atravessando a rua e finalmente chegando na praça vou correndo até aquele grupo, um agente estava prestes a bater com o porrete em alguém caído no chão, mas antes que o faça, eu seguro o objeto surpreendendo o homem e fazendo ele voltar sua atenção para mim, tento puxar o objeto de sua mão mas é em vão, a pessoa que ainda se encontrava no chão chuta uma das pernas do agente o fazendo cair provavelmente com uma dor excruciante, eu tomo o porrete de sua mão e vou em direção a pessoa, estendendo minha palma ajudando a levantar, com aquele contato visual eu sabia que estávamos lutando pela mesma causa, a verdade dentro de cada um de nós.

Assim que a pessoa se ergue, um terceiro barulho tão alto quanto quanto anteriores é ouvido pela cidade inteira e a barreira começa a se desfazer por completo, agora, até alguns dos agentes que estavam atacando pararam para olhar para o céu, que antes em um tom de cinza agora se revelava de um azul perfeito com algumas nuvens espalhadas, algo que eu só tinha visto em pinturas no museu, algo que eles diziam que era capaz de matar os seres humanos instantaneamente se não nos protegessemos nas sombras, o que agora eu e todos da cidade poderiam constatar que era uma mentira, a única sensação diferente era a do sol tocando minha pele, e era uma sensação muito agradável.

Tudo que eu consegui notar era que sim, eles mentiram para nós, e sim, eles nos manipularam, nos deixaram ignorantes, cortaram nossas pétalas, nossas asas, nossa essência, nosso livre arbítrio, quem nós éramos de verdade, apenas para que eles pudessem nos controlar, mas eu sabia, que a partir daquele dia todos poderiam discordar ou concordar com o que quer que acreditassem, e não seriam punidos por isso.

Até os quaisquer mudam o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora