"É muito trauma pra pouca idade".O medo de me envolver em um relacionamento era explícito. Afinal, não acreditava no amor. Não mais.
"Tão nova e com esse pensamento?" é o que muitos devem pensar, mesmo sem saber pelo que passei.
Cresci por 17 anos com falta de amor na minha própria casa. Brigas e gritarias por parte dos meus pais todos os dias. "É só se separar, tudo tem um solução!", mas não para eles.
Eramos uma família muito pobre desde sempre, não tinha como se sustentar apenas com um dos salários, e ainda mais pagar pensão alimentícia para 4 filhos. Por isso, divórcio não é uma solução.
Meus irmãos mais velhos, ao invés de ajudar nossa situação, nos deixavam logo quando recebiam o primeiro salário para não ter que ajudar. E eu, fui a última do casal, e a única que poderia mudar essa situação.
Estava no fim do ensino médio, me formando como a melhor da turma e prestes a entrar em uma Universidade prestigiada da Espanha.
Para eles o amor não importava quando se tinha dinheiro.
A única pessoa que eu podia contar nessas horas era com meu único amigo, o Gavi.
Ele havia crescido em um bairro nobre, diferente de mim. O vi sempre quando saía do campo de futebol com seus amigos. E ele percebia que sempre o observava, então decidiu falar comigo. Mal sabiamos que nos apegariamos de uma maneira inexplicável.
Ele sempre trazia biscoito recheado e suco de uva para comermos depois do treino e conversarmos. Para tudo que eu precisasse, ele estava disposto lá.
Hoje em dia
- Boa noite, princesa! - chegou me abraçando por trás e me dando um bijinho em meu pescoço, me fazendo arrepiar inevitavelmente.
Levei um susto no início, mas percebi que era ele e me acalmei. - Gavi... que susto, garoto!
- Ah, desculpa por isso. - se desculpou com um sorriso sem jeito. - Mas... obrigada por ter vindo (s/n)! - falava todo animadinho.
- Eu que tenho que agradecer por ter um motivo para fugir de lá. - falei meio desanimada.
- Não fica para baixo, não! Eu te chamei exatamente para o contrário. Eu quero que hoje seja uma noite especial para ambos. - dizia com um sorriso lindo, me fazendo retribuir com um sorriso também.