"Antes de falar que te abandonei, se pergunta se tu fez questão de me ter por perto".
Já estavamos juntos há mais de 2 anos, o que quer dizer que eramos praticamentes casados, mas de uns dias para cá parece que ele ainda não percebeu. Mal fica em casa, saí todas a sextas e volta só no domingo de noite.
As amigas dele que claramente dão em cima, ele simplesmente não liga e diz que é coisa da minha cabeça. Mas me diga, quem que chama um amigo que "mozão" sabendo que ele namora?
E eram essas coisas que estavam me deixando irritada, toda essa mudança repentina, então decidi dar ênfase no ponto final que ELE colocou na nossa história.
- Onde você estava? - perguntava me acordando pela luz do quarto.
- Ah, eu tava aí com uns amigos. - sim, com certeza ele passou 3 dias com os amigos.
- Onde? - dei ênfase no que já havia perguntado.
- Por aí. - era sempre assim as respostas dele.
- Por que você é assim? - perguntei olhando diretamente nos olhos dele.
- Assim como? - se fazia de besta.
- Eu não sou idiota! Eu sei que você está com outra! - digo irritada me levantando.
- Isso é coisa da 'tua cabeça, volta a dormir vai. - dizia com tédio.
- Coisa da minha cabeça, né?! Desbloqueia seu celular então, você não tem nada 'pra esconder, não é verdade? - me fiz de sonsa.
- Eu não vou desbloquear, essa é minha privacidade! - diz indo deitar.
- Ah, então quer dizer que você tem que ter a senha do meu celular e eu não posso ter a do seu? Que lógica é essa?
- Isso 'tá me irritando.
- Eu não ligo. - sentei ao seu lado. - por que não me mostra? Não tem nada comprometedor como você diz.
- Porque eu já disse que não tem nada, então não tem nada!
- Que coisa chata! Eu já sei o nome dela! É uma "mabelly" não é?
- Do que 'tá falando? - pareceu assustado.
- Ela é minha amiga, seu idiota! Como eu não iria descobrir?! Eu vi suas mensagens com ela! - o treatrinho que havia feito no começo foi apenas para testá-lo.
- (s/n)... não foi nada disso, aquilo foi só um lance bobo, não temos mais nada... - agora queria se desculpar.
- Mentira e enganação tem prazo de validade e, no fim, tudo se revela. Paralelamente a confiança morre...
- Eu sou humano, sou falho e cometo erros também... não termina nossa história assim...
- Erros tem perdão, sim, mas traição é escolha, não erro. E outra, nós criamos nossa história juntos sim, mas o ponto final você colocou sozinho.
- Eu não sabia o que estava fazendo, me desculpa! - se ajoelhou na minha frente.
- Desculpas aceitas. - vi ele sorrir. - Confiança negada. - o sorriso sumiu.
- Como?
- Incrível né, o traidor só se arrepende quando é descoberto... mas não precisa mais se preocupar comigo. Eu vou embora.
- Não, (s/n)! Fica, eu te amo!
- Eu não tenho mais energia 'pra ficar insistindo nessa relação. - digo colocando minhas roupas na mochila.
Vi ele desabando em choro, estava claro que ele queria uma otaria para suporta-lo, viu que a perdeu e agora está arrependido.
Coloquei bem rápido todas as roupas em algumas mochilas e olhei para ele.
- Sempre fui melhor sozinha, não sei porque fui inventar de ficar com você. - saí do quarto indo em direção à garagem.
Peguei me carro e fui à minha antiga casa, que havia abandonado para viver com ele.
Chegando, sentei no sofá e chorei. Chorei porque sabia que era preciso ir embora, mesmo querendo ficar. Porque a gente não desista do que ama, a gente desiste do que dói.
"O coração ainda gosta, mas a saúde mental ja desistiu".
611 palavras.