"Está na palma da sua mão agora, baby. É sim ou não, sem talvez. Então tenha certeza antes de se entregar para mim (...) Porque uma vez que você for minha/meu. Não tem volta."
— Dark Horse, Katy Perry.
— Você está bem? — a voz de Sakura cortou o silêncio com um toque de ansiedade. Talvez a preocupação fosse nítida demais — ou talvez fosse o fato de que aquela era a terceira vez que ela repetia a mesma pergunta, tentando arrancar algo dele.
Sasuke não respondeu. Não disse uma só palavra. Mas a expressão sombria, tomada por uma perversidade impressionante, era a prova de que ele havia escutado sua conversa com Kakashi. Sakura só precisava descobrir o quanto ele havia escutado.
Contudo, ainda que saber disso fosse urgente, sua mente estava presa em outra coisa: a taça. A maldita taça que Sasuke bebera sem hesitação. Embora soubesse o quanto ele era resistente, o desconhecimento sobre o conteúdo do champanhe a corroía por dentro. Porque, mesmo que a dose do veneno não fosse letal, ainda assim teria algum efeito.
Sakura suplicava aos deuses nos quais sua mãe acreditava — e que pareciam tê-las abandonado — para que Sasuke não sentisse absolutamente nada. Porque ela sabia. Sakura sabia que seu marido não era tolerante a esse tipo de situação. Sabia que todo o ódio, toda a raiva contida em sua alma cairiam sobre Kakashi. E todos os acordos, seja o de casamento, seja o que firmaram em segredo, não seriam simplesmente quebrados — seriam destruídos. E o Japão viraria de cabeça para baixo, mergulhado em uma guerra civil declarada.
A não ser... a não ser que, de alguma forma, ela conseguisse contornar a situação.
— Sasuke... — ela chamou, assim que adentraram a mansão.
Com o olhar sombrio e a mandíbula tensionada, ele a encarou. Sakura não se moveu quando ele se aproximou, passo após passo. O semblante sério... mortal.
— Você não tem medo de mim, não é mesmo?
Sakura franziu o cenho com o questionamento baixo e repentino.
— Por que eu deveria ter medo de você? — ela devolveu, os olhos fixos nos dele.
— Porque eu sou um assassino louco... e poderia matar você e o seu amante sem hesitar. — Um calafrio percorreu a espinha de Sakura. — Você quer voltar para o seu clã, huh? Voltar para o homem que te fode tão bem?
Ela balançou a cabeça em negação, atordoada. A certeza de que Sasuke não apenas escutara a conversa, mas presenciara tudo, acertou seu estômago com a violência de um soco.
— Você entendeu errado... — Sakura conseguiu dizer, mas Sasuke avançou tão rápido que seu corpo se chocou contra a madeira da porta. As mãos dele espalmadas uma de cada lado de sua cabeça, como uma jaula.
— O que exatamente eu entendi errado? — ele perguntou, cuspindo as palavras como lâminas. A fúria queimava em seus olhos. — O que meus próprios olhos viram errado? O que meus próprios ouvidos ouviram errado? Ele te tocando intimamente, talvez? Ou te oferecendo a proposta de voltar para ele e você aceitando?
O gesto que ela havia feito, a menção de beber o champanhe... a aceitação silenciosa da oferta. A mensagem não dita, mas compreendida.
A centímetros do rosto de Sasuke, Sakura estava congelada. Porque ele era a personificação perfeita da emoção crua e da irracionalidade — o que, naquele momento, era compreensível. O tempo de tolerância dele estava se esgotando, e ela não sabia por onde começar sem revelar mais do que devia.

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Killshot - SASUSAKU
FanfictionNum Japão dividido em clãs poderosos, apenas um comanda e mantém a ordem. Porém, com os dois clãs mais fortes sendo inimigos declarados, a paz sempre está a um passo de ser perdida. Assim, temendo uma guerra civil, Hagoromo, o homem à frente do país...