Aisuru koto o manabu

Plano

_E solitário sem ela.

Olhei para Uta, seu rosto mostrava uma mistura de tristeza e solidão.

_Ir pra escola sem a Shirahoshi não tem tanta graça.

Uta deu um aceno com a cabeça concordando.

_Eu sinto falta dela.

Parei para pensar o quão egoísta eu tinha sido até agora, até aquele momento todos meus pensamentos rodavam em volta de Shinohara, e por causa disso não tinha dado a mínima para a morte de Shirahoshi, me sentia culpado por isso. Até então não tinha sentido a dor da perda de alguém importante, mas agora que estava finalmente pensando nela, me sentia vazio por dentro, senti lágrimas que comparadas ao frio que estava fazendo, escorriam quentes pelo meu rosto, tratei de seca-las o mais rápido que pude, eu não queria que Uta me visse chorando.

_Eu também, sempre imaginei que se um dia fosse pra ela sair da minha vida, seria porque ela não suportava mais ficar perto de alguém que jamais seria capaz de retribuir seu amor, mas nunca pensei na hipótese dela ir embora assim, não sem ao menos me dar um chute no saco.

_Nossa Luka que bom que você tem uma forma bem realista de ver as coisas.

O sorriso de Uta em meio as olheiras não era algo muito atraente de se ver, mas pelo menos ele tinha feito o que eu não fui capaz de fazer.

_Mal posso esperar pela hora em que vou voltar pra minha cama.

_Hunrum...

O dia foi um tédio, com todos aqueles professores que pareciam perder mais um ano de vida, a cada vez que abriam a boca pra falar, mas pelo menos eu tinha pensado no que faria quanto ao Shinohara. Eu não o tinha visto o dia inteiro, tinha uma pequena esperança de encontrá-lo em casa dormindo, e eu estava torcendo pra que isso acontecesse, queria colocar meu plano em ação o quanto antes.

_Por favor esteja dormindo.

Cheguei em casa da forma mais silenciosa que consegui, observei bem todos os lados em que passei indo em direção ao quarto de Shinohara, respirei fundo antes de rodar a maçaneta de seu quarto, entrei sorrateiramente e o vi deitado em sua cama, parei por um instante e fiquei ali observando seu corpo, velo deitado ali fazia com que parecesse que tudo que tinha acontecido até agora era mentira. Sacudi minha cabeça de um lado para outro, eu tinha que manter meu foco, cheguei perto de seu corpo adormecido e encostei de leve a mão nele, nem notou minha presença, então encostei um pouco mais forte.

_Hum...

_Só quero te dar um aviso, ai você pode dormir de novo.

_Fala.

_Tia Mei ligo falando que só vai chegar daqui a dois meses.

_Hum okay.

Achei sua resposta meio seca mas só queria que ele escutasse o que eu disse.

_Entendeu o que eu disse?

_Hunrum.

_O que foi então.

_Tia Mei só volta daqui a dois meses, agora me deixa dormir.

_okay, volto mais tarde pra te chamar.

Sai de seu quarto com os dedos cruzados, torcendo para que desse certo, desci as escadas e fui assistir um pouco de TV.

_Xii acho que vou ter que ficar passando canais durante umas duas horas pelo menos.

Estava quase dormindo quando ouvi o estalo da cama de Shinohara, rapidamente fiquei em alerta, e fui para seu quarto, dei umas batidinhas de leve na porta.

_Shinohara estou entrando.

Ele não respondeu nada, então entrei assim mesmo, e quando fechei a porta, me deparei com um Shinohara sem camisa. Como de costume senti um arrepio por todo meu corpo, velo sem camisa era algo que eu realmente não podia ver, caso eu desse valor a minha vida e não quisesse ter um ataque cardíaco ali mesmo.

_Você vai sair?

_Provavelmente sim.

Shinohara foi até seu armário, e ficou de costas pra mim.

_Mas você disse que me ajudaria a escolher o que iria fazer de jantar hoje lembra?

Ele parou um instante, parecia estar avaliando o que eu disse, isso era interessante porque ele não sabia do que eu estava falando.

_Porque eu te ajudaria a fazer o jantar, você sabe que sou péssimo na cozinha.

"Bingo" ele estava mentindo, Shinohara sempre adorou cozinhar, claro que ele não fazia isso todos dias, mas toda vez que era aniversário de alguém ele se encarregava da cozinha.

_Deixa de ser mentiroso Shinohara, você sempre foi bom na cozinha.

Dava pra ver pela suas costas, que ele estava tenso mas ainda assim tentou disfarçar voltando a mexer em seu armário.

_Só seguia a receita, o resto era milagre.

_Poxa Shinohara tia Mei está chegando, a gente devia fazer algo legal pra ela não?

Ele parou de mexer no armário de novo, e desta vez ficou parado durante algum tempo, então virou a cabeça meio de lado, de forma que eu pudesse ver um pouco de seu rosto, e deu um sorriso torto, nunca tinha visto ele sorrir assim mas aquilo foi excepcionalmente sexy.

_Engraçado Luka me lembro claramente de você ter me acordado hoje mais cedo, para dizer que ela chegaria daqui a dois meses.

Fiquei sem reação, então ele se lembrava do que eu havia dito mais cedo. Ele fechou a porta e se virou para mim, encostando em seu armário, cruzou os braços e ficou me olhando a espera de uma resposta.

_...

Abri a boca mas não saía nada, não havia pensado nessa situação, dei um passo para trás e vi algo se acender dentro dele, então ele começou a andar em minha direção, e eu acabei dando mais alguns passos para trás e me encostei na porta, que era justamente o que ele queria, eu estava encurralado. Shinohara chegou até mim, e se curvou sobre meu corpo, a esta altura podia sentir minhas pernas bambas, Shinohara nunca tinha ficado tão próximo. Em meio ao desespero tentei sair pelo lado, mas ele foi mais rápido e colocou seu antebraço escorado na porta de forma que ficasse em meu caminho, ele estava tão perto que já não conseguia raciocinar direito.

_Porque tenho a sensação de que está me testando Luka?

Ele estava realmente muito próximo, conseguia sentir seu hálito quente em meu rosto, eu estava muito nervoso e ao mesmo tempo excitado, nunca tinha ficado tão próximo assim dele, pelo menos não assim, seu rosto estava tão próximo ao meu que se continuasse assim acabaria imaginando coisas das quais não devia.

_Você está tão calado Luka como devo interpretar isso.

Já não aguentava mais, meu rosto estava pegando fogo, então fechei meus olhos, senti ele mais perto, agora tinha certeza de que havia apenas um milímetro entre nossos lábios, estava pronto para o que podia acontecer a seguir, e então escutei o barulho de uma buzina, e ele rapidamente se afastou.

_Acho que minha carona chegou.

Abri meu olhos, ele estava perto da janela olhando para fora, continuei onde estava, tinha certeza que dava pra ver a decepção estampada na minha cara, ele se virou e veio andando na minha direção de novo e levou a mão perto do meu quadril, onde infelizmente tinha a maçaneta e uma blusa pendurada nela, ele pegou a camisa vestiu, me empurrou para abrir a porta e saiu, como se nada tivesse acontecido. Me encostei na parede e fui deslizando até o chão, eu estava confuso, perplexo, decepcionado,pra falar a verdade eu não sabia o que pensar.

_O que diabos foi isso que acabou de aconteceu?