eu mudei de ideia, normal

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originalmente, não seria "Marcados" o primeiro livro de 2023 (eu tinha ventilado que ia escrever algo relacionado a monstros quando terminei de postar "O Leão e a Ovelha"), mas o livro novo ainda não está amarrado e este passou na frente.

na verdade, a ideia principal não existiria se eu não tivesse me questionado por que a novela das 21h é ruim e o que eu faria se fosse a autora da novela. a partir daí, estendi o tema, peguei assuntos que eu curto (boxe - quem leu "Nome Oculto" deve ter acompanhado algumas referências) e outros que eu já publico regularmente - VINGANÇA.

em "Marcados", os personagens são tristes, sofrem mais que JC, e todas as decisões deles são aceitáveis. eu estou escrevendo numa linha de raciocínio diferente: tipo, só tenho um capítulo de fato pronto, o "Prólogo", porque estou escrevendo as cenas isoladamente à medida que a inspiração bate - e é uma experiência diferente. no fim, o que Eric fizer é completamente okay; Celina é uma mocinha que está mais no grupo de Agnes/Bel/Tânia das situações do que de outras personagens mais solares que eu já escrevi - só que ela leva tudo com uma dureza e sinceridade que fazem sentido.

algumas coisas eu estou escrevendo de uma forma diferente neste livro e eu espero que vocês gostem - o primeiro capítulo sai dia 16/01 (mas ele será publicado todas as quartas, após o fim de "A Duquesa", que está em reta final e faltam mais ou menos dois capítulos para fechar a trama das meninas)

por enquanto, vou deixar um trecho para vocês entenderem como funciona essa história - e mais uma vez, feliz ano novo!


- Você já tem pra onde ir? – Celina era honesta e direta, e Eric, desacostumado aos não-ditos e sutilezas do outro lado da prisão, sempre se sentia aliviado e confortável ao lidar com ela.

- A chave que eu tenho é de uma casa que não existe mais. Meu pai morreu antes de eu parar aqui nesse inferno e os parentes dele me odiavam. Não tenho família. Deve ter um abrigo por aí e de resto me viro.

- Fique lá em casa. Tem o sofá. É duro e pequeno... – fez uma careta com o nariz. – mas deve ser melhor do que o que tinha aí.

- Melhor não. Ficar em tua casa, Celina? Você tem tua vida, a menina.

- Você fica lá em casa. O que você fez pra Jorge, vou fazer o mesmo. – moveu os lábios em algo que parecia ser um sorriso, mas ambos sabiam que por anos, era impossível sorrir. – Já fazia. Levava comida, conversava com você, ficava calada olhando pra cima e respirando.

Eric respirou fundo.

- Não tenho trabalho. Sou ex-presidiário e não tenho estudo. Nem terminei o segundo grau.

- Sempre tem alguma coisa. O que interessa é ter um lugar pra ficar.

- E as contas?

- Eu tenho um trabalho lá no call center. Só tomo no... Você entendeu, mas é trabalho. Tô costurando pra fora também, ver se completa o aluguel. – olhou para o lado, como se quisesse evitar o escrutínio de seu interlocutor.

Contudo, Eric conhecia um desvio de rota, uma tentativa de enganar o adversário usando os olhos. Celina escondia alguma coisa.

- Tá devendo?

A jovem respirou fundo.

- Todo dia o dono cobra... Três meses. Não sei o que fazer, e...

- E...?

- Melhor a gente ir logo, tá quente e Catarina tá com fome. Em casa a gente conversa.

Celina ficou de costas para Eric, mas ele caminhou mais rápido e ficou à frente da jovem.

- Ele tá cobrando o aluguel atrasado há três meses?

- É... Tudo tá aumentando. Eu tô tirando do meu prato pra minha filha não passar fome... E aquela... – comprimiu ainda mais os lábios. – nem posso xingar... Ele tá querendo... Eu prefiro ir pra rua do que fazer isso... Ficar uns dias na casa de uma amiga... Lindalva, mas...

- O que o dono da casa quer, Celina? 

Marcados [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora