Capítulo 1 - Ele

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" ...e então ele afasta a alça do sutiã de Ellen com tamanha delicadeza que parecia que se ele fizesse de outra forma estaria cometendo um ato de pecado..."

- Isso não me parece bom... – Penso em voz alta.

- Me parece doentio... – Clara diz.

- O que tem de doentio em uma fanfic Clara?

- Em fanfics? Nada. Agora em você fanficando uma história entre você e o cara mais popular da escola? Muita coisa, amiga se ele lesse isso tenho certeza que iria te matar!

- Nada haver, ele não é assim Ok?

- Ah claro, porque você o conhece melhor que ninguém, até por que você já deu "bom dia" pra ele uma vez na quarta série né?

- Você não entende!

- Essa sua paixão doentia de nove anos por um cara que nunca nem olhou pra você? Obvio que entendo!

- Ele é doce e gentil, só não gosta de demonstrar isso para as pessoas do colégio, só isso!

- Ellen é sério você está criando em sua cabeça um Victor que não existe! Isso é loucura, você precisa mesmo acordar pra vida. Esse é nosso último ano, vamos viver ele por favor! – Clara junta as mãos em frente ao seu corpo implorando.

- Ok! Vamos "viver" esse ano...

Por mais que Clara não entendesse, ele é meu grande amor, e sim, eu o amo a nove anos, e eu tenho plena consciência de que nunca o terei de verdade, e a forma que eu achei de realizar meu romance com ele foi escrevendo historias, onde finalmente tinha meu romance com um lindo final feliz.

- Meninas o café está pronto!!! – Ouço meu pai berrando da cozinha.

- Já vamos Tio!! – Clara berra de volta

Descemos as escadas e vamos em direção a cozinha, meu pai tinha feito ovos mexidos e suco de laranja.

- Estão animadas? Primeiro ano de faculdade!

- Com certeza tio!

- E você meu favo de mel?

- É claro que ela está, dois meses sem ver o amor da vida dela!

- Aaah, o grande Victor, meu genro virtual!

- Papai!!! – Falo envergonhada!

- O que foi? Você acha que não ouço o teclado cantando todas as noites? – Ele diz abusando

- Nem sempre é sobre ele, as vezes estou jogando! – Tento me defender.

- Ah claro, os longas suspiros e pausas dramáticas diz tudo, filhinha, se ele é seu amor, se declare pra ele, talvez ele te ache linda e fofa e queira ter algo!

- Não incentiva não Tio, é furada! – Clara diz.

- Tão ruim assim?

- Muito ruim!

- Impossível?

- Muito impossível?

- Eu estou aqui! Quer saber, eu desisto de vocês, estou indo! – Falo e saio andando.

- Ei me espera! Era brincadeira!! – Clara grita correndo atrás de mim – Te amo Tio!

- Também amo vocês!! – Meu pai responde nos olhando da porta de casa.

Pegamos o ônibus e vamos conversando durante todo o caminho.

- O que acha de almoçarmos no refeitório hoje? – Clara pergunta.

PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora