𝗔𝗖𝗢𝗧𝗔𝗥ⁱᵐᵃᵍⁱⁿᵉˢ

Azriel

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Contagem de palavras: 2900

Avisos:
- Palavras foram modificadas para melhor coerência de leitura
- Imagine triste

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Amor. Que coisa arrebatadora pode ser. Um para levantar os caídos e incentivá-los a percorrer a distância que nunca imaginaram. Uma potência para construir, para criar. Valorize e adore. Canções, livros e pinturas têm uma pitada de amor porque o poder inspirador se estende além deste mundo. No entanto, não é dada atenção suficiente ao que acontece quando o amor não é correspondido. Quando é esmagado sob os pés. Arrancado do peito.

Você conheceu Azriel quando vocês dois ainda eram pequenos. Acontece que você mora ao lado da casa do pai dele. E os gritos, mesmo que abafados, não passaram despercebidos por você. Você escorregou para fora da cama uma noite, segurando um ursinho de pelúcia em uma das mãos enquanto descia da casa pela janela.

Essa foi a primeira vez que você viu o que aconteceu no porão. Que coisas horríveis o pai, a madrasta e os meio-irmãos de Azriel fizeram. A tortura por trás do choro que você ouviu por semanas. Você fugiu na primeira noite, mas não conseguia parar de pensar nisso, não importa o que fizesse. Então você voltou.

Azriel estava chorando baixinho no canto, suas mãos queimadas tremendo. Bastou isso para que o medo de ser pega desaparecesse. Talvez ser tão empático fosse sua ruína, mas o garoto parecia precisar de alguma ajuda, e você não estava prestes a deixá-lo em paz. E no momento em que Azriel se virou para você, assim que ouviu você bater na janelinha de terra, tudo mudou.

Seu corpo minúsculo permitia que você se espremesse pela janela aberta para poder entrar e sair do porão. Azriel não falou muito no começo, mas você não o culpou. Então você falou no começo. Trazendo comida feita por sua mãe, doces e tônicos para os machucados. Sentado ao seu lado em silêncio. Então, uma vez que as queimaduras cicatrizaram, você pegou a mão dele e a segurou na sua. Embora uma coisa pela qual Azriel estivesse mais agradecido fosse você massagear e mover suas asas. Asas que ele não poderia usar para voar. Asas, ele não conseguia nem se esticar naquele lugar horrível já que o porão era muito pequeno para isso. Se não fosse por você, ele teria perdido todo sentimento neles.

Enviada pela própria Mãe. Seu raio de sol. Foi assim que ele te chamou. Azriel temia que você desaparecesse e o abandonasse, mas isso nunca aconteceu. Não importa o que estava por vir, de uma forma ou de outra, você encontrou o caminho de volta para ele. Mesmo na noite em que vocês dois foram pegos e o pai dele apareceu enquanto limpava os novos cortes que ele havia deixado no corpo do filho, você não recuou.

Você ficou firme na frente de Azriel, jogando uma garrafa de tônico na cabeça dele enquanto o macho avançava para se aproximar. Mesmo que não fizesse nada, você lutou até o momento em que estava nas mãos dele. Destruindo como um animal selvagem. Essa foi a noite em que Azriel se moveu para lutar contra si mesmo. A visão das mãos de seu pai em você. Agarrar seu corpo com força o fez rugir de raiva e, com um puxão cruel, ele arrancou uma das correntes de suas mãos.

Ele não conseguiu alcançá-la, mas foi o suficiente para provar um ponto. Que você salvou aquele último pedaço de sua alma. Que você conseguiu manter o fogo dentro dele vivo. Protegendo-o de tudo e qualquer coisa que impusesse uma ameaça de apagá-lo.

Essa foi a noite em que trouxeram as tochas novamente. A noite em que fizeram você assistir enquanto mergulhavam as mãos de Azriel nas chamas. Você chorou por Azriel. Azriel chorou de agonia em que estava. E vocês dois choraram por aquela última gota de esperança que desejavam secretamente, e ela foi atendida. Quando dois soldados illyrianos arrombaram as portas.