Animais Fantásticos e Os Segredos do Nosso Amor

Capítulo I : O Reencontro

"Mais alguma coisa?" - perguntou a garçonete com um sorriso gentil.

"Não. Ainda não, eu...- Dumbledore franziu a testa por um momento. "Eu estou esperando alguém."

A garçonete assente e se afasta. Dumbledore então começa a mexer o torrão de açúcar em seu chá, inclina a cabeça para trás por um momento e fecha os olhos suspirando nervosamente, cheio de pensamentos, era a primeira vez que se encontrava com Grindelwad depois de tanto tempo. Ele estava evitando esse encontro, de fato, porém não tinha mas para onde fugir.

Então abre os olhos e sente um leve arrepio em seu corpo quando seu olhar se encontra com o homem parado há sua frente: Grindelwad.

"Costuma frequentar esse lugar?" - Perguntou o homem sombrio com o um leve sorriso.

"Não costumo frequentar lugar algum."

Por um momento, Grindelwad olhava Dumbledore dos pés a cabeça, como se estivesse o analisando, e finalmemte se senta diante do ruivo.

"Deixe-me ver."

Dumbledore logo entende e afrouxa o aperto das mãos mostrando o pingente, o pacto de sangue.

"As vezes ainda consigo senti-lo em meu pescoço, eu usei durante muitos anos"- Fez uma leve pausa "Ainda sente em volta do seu?"

"Podemos libertá-lo um do outro dele..."

Grindelwad suspirou pesadamente enquanto olhava para o ruivo, sentia um gosto amargo em sua boca.

"Adoram conversar não é mesmo? Nossos amigos trouxas, mas a verdade é que sabem fazer uma boa xícara de chá."

"O que você está fazendo é loucura."

"É o que dissemos que faríamos."

"Eu era jovem. Eu estava..."

"Comprometido. Comigo. Conosco."

"Não! Eu concordei porque..."- Dumbledore resitou por um instante.

"Porque?..."

"Porque eu estava apaixonado por você."

Eles se encararam e então Grindelwad fixou seu olhar no pingente.

"Você se lembra? De quando fizemos o pacto?"

Imagens vieram na cabeça de Albus, em uma noite fria de dezembro, o ruivo se confessou há Gelleart, estava preparado para uma rejeição, mas o loiro o surpreendeu, e o tomou com os lábios. O beijo foi doce, lento, e apaixonado. Mas foi se tornando cada vez mais intenso, mais quente, corpos colados, roupas amassadas, mãos contornando cada parte de ambos os corpos, e o som, o som de duas pessoas se amando, se deleitando no prazer mais profundo e verdadeiro.

Alguns dias depois, entraram em um acordo de fazer o pacto de sangue para manter não só suas ideológicas, mas também o amor que sentiam um pelo outro, caso algum dos dois mudasse de ideia, teriam que se enfrentar, o que não era algo nada agradável para ambos.

Dumbledore não o respondeu, parecia estar com pensamentos demais na cabeça para raciocinar uma resposta.

"Bom, pois eu me lembro. Foi você mesmo quem disse que podíamos remodelar o mundo, que era nosso direito de nascença."

Grindelwad se reencostou na cadeira, com os olhos semiserrados, como se estivesse cansado daquela conversa.

"Mas então...tudo mudou não é?"

Dumbledore ergueu seu olhar para encarar Grindelwad novamente.

"Você me traiu, traiu minha confiança, traiu nossa história..." - Grindelwad dizia cada frase com a voz arrastada, como se estivesse sendo obrigado a dizer.

"O que? Grindelwad pela última vez, eu nã-"

"Consegue sentir esse cheiro? Esse fedor? Vai mesmo dar as costas para sua própria gente por esses animais?".

Os olhos de Dumbledore encontraram com o olhar duro do loiro.

"Com ou sem você, vou incendiar o mundo deles, Albus. E não há nada que possa fazer".

Grindelwad estava pronto para se levantar e ir embora, mas antes, ainda de costas, disse em um tom baixo, quase inaudível.

"Eu também."

Dumbledore o olhou com dúvida.

"Eu também estava. Apaixonado por você."

"Aproveite seu chá."