Oniricles - A Devoradora de Sonhos

A Bonança

Os dois sóis de Oniricles se apresentavam no céu, contemplando a batalha que se desenrolava no Vale dos Maudarques, uma espécie de erva-daninha azul, que exalava um perfume agradável nas noites gélidas. Bem no meio do Vale, estava Asner, o Guardião de Oníricles desde as primeiras eras,  com sua capa vinho de couro de dragão, cobrindo suas vestes marrons com pequenos adornos em ouro, a barba negra e os cabelos com algumas manchas grisalhas emolduravam o semblante sério do mais sábio guardião do Mundo dos Sonhos. Junto a ele, se encontrava Salandra, sua esposa e maior dominadora de feras de Oniricles, seus cabelos eram vermelhos, assim como seus olhos, e suas roupas também em couro de dragão, valorizavam a bela silhueta daquela que já fora a princesa das Terras de Fogo.

Na batalha havia também uma figura bárbara, cujos antebraços eram desproporcionalmente maiores que os braços e chegavam até mesmo a tocar o chão, a barriga também era volumosa e cuja cara feia era emoldurada por uma extensa barba grisalha, na ponta de seu nariz havia uma terrível verruga e na palma de sua mão direita, uma clava enorme, seu nome era Euger, o mais valioso amigo de Asner. Ao grupo ainda se juntavam Cristallo e Mavi, o primeiro era um belo jovem, domador de cavalos de guerra e que se encontrava montado em seu Heldenmutg e carregando a sua lança prateada, Mavi era uma ladina, conhecida por sua destreza com adagas, não havia quem desafiasse a bela jovem negra dos cabelos brancos a um desafio com facas.
Asner, Salandra, Euger, Cristallo e Mavi enfrentavam o Clã dos Cegos, um grupo de saqueadores que, apesar da ausência de visão, eram exímios guerreiros e famosos pela sua crueldade. O Clã estava atrás do ouro dos Homens-Toupeira, que viviam no Vale dos Maudarques e que se alimentavam do minério dourado. Eram os melhores mineradores de Oníricles, contudo, eram seres pacíficos.

A Rosa dos Ventos de Uros, dava a Asner a capacidade de dar grandes saltos, ser mais preciso, aumentava sua força e habilidades. O Guardião de Onirícles amava a paz, mas também adorava as batalhas e junto a seus amigos, formavam o mais formidável grupo de guerreiros que o Mundo dos Sonhos jamais viu. Ele enfrentava agora o líder do Clã, o Zidner, um homem oriental, de meia estatura, usando um quimono negro, duas espadas e com os olhos vendados por uma faixa vermelha, tinha a cabeça raspada e no meio da testa, a tatuagem de um terceiro olho, a marca do Clã do Cegos. As lâminas de Zidner encontravam resistência na espada dourada e negra de Asner, a arma mágica do Guardião.

Euger, por sua vez, estava cercado por três guerreiros, todos bem menores que ele e bem mais rápidos.

— É como caçar passarinhos pela manhã! Vamos, me façam ao menos soar!

O bárbaro não era muito rápido com sua clava, mas sua pele era altamente resistente, sendo necessário ataques extremamente fortes para penetrá-la, o que lhe dava certa vantagem em relação a seus oponentes, que subestimando o gigantesco adversário, acabavam por sofre com as investidas da pesada arma de Euger.

Salandra era admirável de se ver lutando, mais parecia uma dançarina com seu bastão, além de extremamente habilidosa, ela dominava dois lagartos de pedra, répteis com machados de guerra na calda e que, mesmo rastejantes, eram mais rápidos que muitos dos membros do Clã dos Cegos. A batalha estava no sangue da mulher de cabelos vermelhos e seus oponentes sucumbiam, um a um.

O grande cavalo de guerra de Cristallo, juntamente com sua enorme lança prateada lhe davam vantagem contra seus oponentes, e o auxílio de Mavi, com sua exímia velocidade e precisão com as facas, tornavam a dupla uma arma perfeita, em defesa e ataque.
O Clã dos Cegos possuía trinta e dois membros e, mesmo em menor número, o grupo de Asner conseguia dar conta de cada um dos salteadores. O pequeno grupo de guerreiros atuava como uma engrenagem perfeita, enquanto Salandra, Euger, Cristallo e Mavi buscavam anular o grupo de ladrões, Asner investia contra o líder, pois sabia que se Zidner caísse, o Clã se dispersaria.