Oi feia! Saudade de você!
Eu li a mensagem da Luana no aplicativo e então me ocorreu que faziam dias que não trocávamos palavras calorosas. Por isso a saudade.
Embora ainda nos falássemos quase todos os dias, as coisas andavam mornas entre nós. Essa constatação me deixou preocupada.
Parei o que estava fazendo para dedicar aquele momento somente a ela. Não que eu tivesse coisas muito importantes para fazer, era domingo de manhã e meu próximo compromisso seria fazer o almoço, mais tarde.
- Oi nega, eu também estou com saudades.
Respondi.
Aquele era um tipo de frase que não costumávamos usar, simplesmente porque não dávamos tempo para sentir saudades. Certamente ela percebeu, assim como eu, que algo estava errado.
O normal da nossa relação era falar várias vezes ao dia e nisso eu tinha que reconhecer que eu deixava mais a desejar que ela. Aliás, ela não deixava nada a desejar nesse quesito.
Lembro que quando nos conhecemos uma das coisas que mais me encantava nela, era a forma como cuidava de mim e da nossa relação. Ela fazia de uma forma que eu me sentia incluída a todo o tempo em sua rotina, nos seus pensamentos e na sua vontade de estar comigo.
Aos olhos dela eu era especial e isso ficava claro para mim.
Com o tempo, eu melhorei nesse cuidado, mas ainda assim era quase sempre ela que tomava a atitude de dar bom dia, de enviar uma frase fofa, de perceber se eu não estivesse bem e assim por diante.
Eu gostava daquele cuidado.
- Você disse esses dias atrás que queria falar comigo?
Do outro lado, o silêncio durou um tempo maior que o de costume. Imaginei que aquela seria uma forma de cobrança, afinal tinha se passado uma semana, talvez, que ela havia pedido para conversar e até então, eu não tinha dado esse espaço.
- Sim. Ainda preciso.
Respondeu ela, alguns segundos depois.
- Pode ser agora, se você quiser. Está em casa?
- Não. Na minha avó.
Continuei em silêncio e então ela prosseguiu.
- Já fazem alguns dias que eu queria falar com você, mas então, você pegou covid, teve alguns problemas e preferi esperar.
Aquela não tinha sido uma boa introdução à conversa. Senti o coração apertado.
Ninguém começa a dar uma notícia boa ou neutra justificando a razão de precisar falar sobre aquilo, ou de não ter falado. Notícia boa sai com naturalidade igual se pula do rosto a felicidade, independe da vontade.
Fiquei em silêncio, ao mesmo tempo que senti a hesitação dela em dizer, e isso me fez ficar desesperada.
- Estou bem agora, pode dizer.
Respondi com um nó na garganta, mas tentando parecer natural.
O silêncio continuou do outro lado.
Eu esperei. Ela, por fim, começou.
- Nós nos distanciamos e nossos caminhos tomaram outro rumo.
O nó na garganta começou a aumentar e impedir o ar de passar. Me esforcei para respirar regularmente e mantive o silêncio.
Mais uma mensagem chegou.
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Uma ponte para Nós |
RomanceSeria perfeito se o cupido antes de disparar a sua flecha, avaliasse as diferenças reais entre duas pessoas e só o fizesse se a vida desse match na prática. Mas não, a verdade é que o amor acontece em algum lugar muito mais profundo, alheio às super...