Capítulo 2

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Amor à primeira vista

Mês de abril entrou e as folhas das árvores começavam a cair. Aquele cenário por si só já era suficiente para me deixar melancólica.

Com uma personalidade colorida e ao mesmo tempo sensível, enquanto a primavera e o verão subiam meu astral, inverno e outono me deixavam levemente depressiva.

Se bem que na realidade que eu estava vivendo, acho que nem as flores coloridas da primavera junto ao sol brilhante do verão seriam capazes de me fazerem sorrir.

- Bom dia amiga.

A mensagem de Ana já tinha chegado a meia hora, mas só agora eu a via.

- Estou indo aí, você está em casa?

Expressei um leve sorriso com a pergunta, porque já sabia que àquela hora, ela certamente já estava chegando. Ana não era do tipo que avisava alguém de algo e esperava pela resposta. Não, ela avisava e ia, sem se importar com os desencontros.

Mal eu pensei, o celular apitou novamente.

- Amiga, estou aqui fora.

Desci, abri o portão e ela entrou.

- Novidades no aplicativo?

Perguntou ela, logo depois de me dar um beijo na bochecha.

Eu dei de ombros. Para ser honesta, tinha até me esquecido da história do aplicativo de namoro.

Entramos para a sala.

- Você acordou agora?

Ela perguntou dando ênfase na interrogação, como sempre fazia, quando queria dizer alguma coisa, mas por algum motivo, evitava. Então ela insinuava, sem deixar claro nas palavras. As famosas indiretas.

Como sempre, aquilo me deixou irritada, mas estava sem ânimo para discussão.

Olhei antes no relógio da parede da sala que mostrava dez horas e balancei a cabeça positivamente.

Ela não disse mais nada, e nem precisava, transparente como era, as suas opiniões saltavam dela sem que abrisse a boca.

E eu tinha que concordar que para quem acordou a vida inteira muito cedo e usava a manhã para meditar, reenergizar e produzir, começar a dormir até às dez, não era mesmo bom sinal.

Mas vamos combinar, tudo que você não quer quando está meio depressiva é ouvir ou ver nos olhos das pessoas o questionamento se você está depressiva.

- Vamos fazer um café?

Disse para tirar aquele olhar complacente de seu rosto e cortar os assuntos ou da depressão ou do aplicativo, porque eu já sabia que um dos dois ela iria abordar, e simplesmente eu não estava afim de ouvir.

-Vamos. Tomamos um café e depois olhamos o aplicativo. Pode ser?

Disse ela e eu percebi que não tinha como correr.

Saído de um relacionamento a dois anos, eu estava num momento de muitas dúvidas na vida. Homens, eu não queria mais. Além de não sentir nenhuma atração por eles, tinha lembranças traumáticas de relações que eu não tinha a menor vontade de reviver.

Se eu gostava de mulheres?

Eu não sabia.

É esquisito isso e talvez a maioria das pessoas não entendam como pode não saber por quem sente atração sexual, se isso é algo tão instintivo.

Falando, eu também acho esquisito, mas era assim que eu me sentia.

E olhando de uma forma mais ampla, é compreensível sim, porque enquanto os homens aprendem a conhecerem o próprio corpo, e como funcionam, desde muito cedo, a mulher não é incentivada a se tocar. Ao contrário, vê nisso algo até proibido.

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⏰ Última atualização: Jan 03, 2023 ⏰

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