07| sete minutos no paraíso

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Zoe

Já era por volta de dez e pouco da noite e eu já queria ir embora. Meus amigos sumiram e eu tô aqui igual uma idiota sem saber o que fazer. Afinal, o que se faz em festas?

-Ae galera, junta aqui! -Aparentemente o dono da festa, grita em cima de uma mesa. Ele já tinha a atenção de todos. -Sete minutos no paraíso! -Grita.

Reviro os olhos, isso que adolescentes fazem em festas? Dispenso. Preferia continuar sem saber.

-Não vai participar? -Ela se escora na parede ao meu lado.

-Não, isso é bobeira. -Direciono meu olhar para Stella que estava de braços cruzados, realçando alguns músculos em seu braço. Volto meu olhar para a roda de adolescentes.

-Qual é Stella, participa vai. -A garota que tinha chegado junto com Stella tenta puxar ela pelo braço.

-Dá um tempo Rita. -Stella bufa.

-Qual o seu nome? -A garota me pergunta.

-Sou a Zoe. -Tento sorrir amigável.

-Ótimo! Sou a Rita. Venham, vocês duas vão jogar. Estão agindo como se fossem duas idosas aposentadas.

Depois de muita insistência da Rita eu acabo cedendo e Stella também. Tinha muitas pessoas na roda, seria quase impossível cair em mim. E mesmo se caísse, eu não iria cumprir ou fazer nada.

Pedro e Joana acabam aparecendo alguns minutos depois e entram na brincadeira. Eles tem se comportado muito estranho ultimamente, somem e depois aparecem como se nada estivesse acontecendo.

A garrafa já havia sido girada diversas vezes. Em quem caísse, as duas pessoas iriam ficar trancadas no banheiro por exatos sete minutos. Eu estava com sede então me levanto rapidamente para buscar um copo de água, prometendo a Rita que voltaria para a roda logo em seguida.

Pego o copo com água e me direciono para a roda de adolescentes de novo. Me encaixo no lugar vago e no mesmo instante a garrafa para em mim.

-Zoe e Stella. -Escuto a voz de um garoto falar e arregalo meus olhos.

-Mas eu acabei de chegar, não valeu. -Falo.

-Qual é Bianco? Vai arregar mesmo? -Um garoto zomba.

Zoe Bianco. Raramente me chamavam pelo meu sobrenome.

Olho para Stella e a mesma não expressava nada, estava apenas me encarando com os braços cruzados.

-Não é obrigatório fazerem nada, só cumpram logo!

-Óbvio que eu não vou fazer nada, sou hétero! -Me levanto e encaro Stella, esperando-a fazer o mesmo. Ela sorri ladino e se levanta, indo em direção ao banheiro e eu vou atrás.

Escuto trancarem a porta do lado de fora.

-Apenas sete minutos! -A garota grita lá de fora e logo depois escuto passos se afastando.

O banheiro não era tão grande, tinha espaço o suficiente para caber a banheira, pia e vaso sanitário.

-Hétero? -Stella me olha e enrugo a testa. -Você é hétero?

-Sou. -Afirmo me sentando dentro da banheira, que estava vazia.

Ela sorri sem mostrar os dentes e se senta ao meu lado, dentro da banheira.

-Já namorou algum garoto? -Nego com a cabeça. -Transou com um garoto? -Sua pergunta descarada me faz arregalar os olhos. -Ou nenhum garoto conseguiu te deixar com vontade de transar?

-Não vou responder isso. Quer me dar aula de educação sexual agora? -Arqueio as sobrancelhas.

-Depende da forma que eu puder ensinar. -Sorri sacana. Nesse momento seu rosto estava relativamente próximo ao meu.

-Você é uma pervertida. -Empurro sua cabeça para o lado de leve com a mão.

-Sou hétero e não preciso que me façam questões sobre isso. -Falo por fim.

-Ok ok, guru sexual. -Ela ri mostrando suas covinhas e eu lhe lanço o dedo do meio.

-Você é uma idiota Stella Milani. -Entro na onda e acabo rindo também.

Ficamos um tempo rindo e falando sobre o quanto odiamos uva passa.

Escuto alguém mexer na porta do banheiro e logo em seguida ela é aberta.

-O tempo acabou.

Beijos sabor mentaOnde histórias criam vida. Descubra agora