1

6.4K 513 372
                                    

O carpete felpudo ia recebendo uma aparência de molhado a cada passo que o rapaz dava e fazia as gotas d'água acumuladas em seu cabelo respingar aos poucos pelo chão. Sentia que estava em uma situação que o impossibilitava de arrancar a toalha presa em volta de sua própria cintura para poder usá-la na tentativa de retirar a umidade que ainda escorria em excesso pelos longos fios de seus cabelos, ainda que se encontrasse sozinho em casa.

Continuou caminhando até a sala, onde decidiu sentar-se em um dos sofás e fazer algo envolvendo aquele cômodo que o ajudasse a acelerar a velocidade do tempo que parecia ter congelado em um dos grandes relógios espalhados pela casa. Instantes depois, o som da TV já exalava pelo local e nada mais pode ser ouvido durante alguns breves minutos além de uma voz estridente e feminina que alertava sobre a previsão do tempo. Resmungos foram soltos pelo próprio rapaz assim que teve a consciência de que nada adiantaria toda aquela cena envolvendo uma televisão e seu corpo seminu jogado de forma desleixada pelo sofá.

Colocou-se de pé assim que checou as horas no celular que até então estava pousado em cima da mesinha de centro, e vendo que continuar sentado e ouvindo algo sobre uma grande frente fria que se aproximava rapidamente da expansiva Londres seria algo realmente tedioso para o rapaz dos olhos verdes, optou por andar pela casa em busca de algo para comer ou qualquer coisa que servisse como uma simples distração.

A cozinha, que antes se encontrava sem qualquer tipo de iluminação, foi clareada assim que um dos longos dedos indicadores do rapaz tocou com certa força o interruptor. Harry andou até a geladeira, abrindo-a e em seguida retirando de lá uma de suas incontáveis armazenadas latinhas de cerveja.

A garganta do rapaz ardeu amargamente por ter sido bruscamente impedida de continuar seus movimentos enquanto Harry degustava da bebida assim que um barulho foi-se ouvido do lado de fora da casa. A porta dos fundos foi aberta no mesmo instante pelo rapaz dos olhos verdes, para acabar encontrando sua miúda gata de estimação arranhando uma parte da porta de madeira polida com suas unhas levemente afiadas.

- Betsy! - exclamou o jovem moço ao sentir a presença do animal perto de si, que assim que se sentiu livre para adentrar a casa onde também habitava, enroscou-se por entre as pernas do dono, como se quisesse transmitir um aviso de que a partir daquele momento eles deveriam permanecer fielmente juntos. - Ei, o que aconteceu? - Harry perguntou, como se a fêmea daquela espécie de felino realmente fosse retribuir com algum tipo de resposta compreensível, algo que aconteceu instantes depois, assim que Betsy correu em direção à janela da sala e com um leve pulo, equilibrou-se cuidadosamente entre o parapeito e o vidro reluzente.

Harry a seguiu, decidindo ajudar seu agora então indefeso animal de estimação, que começava a emaranhar-se por entre o tecido levemente grosso e dificultoso da cortina que servia como parte da decoração para aquele cômodo.

- Oh, Betsy... Quantas vezes tenho que dizer? Aqui não é lugar de se brincar! Vamos, meu bem... - Harry alertava a gata, prestes a pegá-la com as próprias mãos e deixá-la em seus braços por uma indeterminada quantidade de tempo, mas um relâmpago que cortou o céu de uma forma extremamente luminosa e reluzente dificultou seus planos assim que trouxe consigo o barulho estrondoso que fez com que Betsy pulasse para longe e sumisse da vista de seu dono no mesmo instante. Harry encolheu-se em seu lugar. Não era porque já tinha seus vinte e dois anos de idade que aquele fato iria impedi-lo de sentir qualquer tipo de repulsa por barulhos de trovões surgindo repentinamente do céu.

Agarrou o tecido da cortina com uma das mãos e espremeu a latinha metálica de sua bebida alcoólica com a outra. O barulho da chuva caindo do lado de fora da casa começava a ficar cada vez mais audível, causando o rapaz a empurrar o grande pano que cobria as janelas para um dos lados, a fim de facilitar a visão que teria de seu jardim agora com a grama já encharcada e as flores encolhidas.

speaking in bodies // larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora