{2}- de volta ao lar

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𝙈𝙖𝙩𝙚𝙤

Meus pés estavam enrolados no lençol, meus dedos deslizavam suavemente sobre o teclado do meu notebook, pela janela entrava apenas uma pequena iluminação produzida pelo por do sol significando a chegada da noite. Meu olhar focado se desviou da imagem que passava pela tela do elétrico em minhas mãos por conta dos passos vindo em direção a porta de meu quarto, automaticamente fechei o notebook e deitei-me na cama me enrolando nos lençóis ao ponto que não pudessem ver a minha cara.

Quatro batidas na porta diria que pela força seria minha mãe ou minha irmã. Espera, por que diabos estava me escondendo como um criminoso? Me levanto da cama indo abrir a porta normalmente diria para entrar, porém já estava uma semana de volta a minha antiga casa, então já sabia como funcionava assim que a mamãe chegasse queria todas na mesa, abro a porta e me surpreende quem estava a bater na mesma.

-a mãe já chegou- a voz baixa do meu irmão quebrou o silêncio no corredor.

-ta, já tô descendo- digo e olho para o mesmo  ele me olha de volta e nos dois soltamos uma risada.

-quem chegar primeiro ganha a sobremesa do outro - ele sai correndo e logo vou atrás.

Era isso, dois idiotas correndo pela casa, meus pés que antes quentes já estavam frios com o contato com o chão. Dou um sorriso vitorioso assim que chego primeiro a mesa que estava localizada no lado direito da cozinha.

- meninos, não corram pela casa vão acabar se machucando - a vovó alertou com um tom preocupado e divertido como se gostasse de ouvir os passos rápidos e as risadas.

Mas gargalhei quando ao olhar para a escada vi Lukas, meu irmão, que tinha saído antes e chegado agora caído no chão, o celular estava em uma de suas mãos e a outra na frente de seu rosto.

-eu disse para não correr - a senhora de idade ri do seu nato que estava ainda caído no chão  - viu o que deu e ainda mais com esse celular na mão- era sempre assim ela colocava a culpa de tudo no celular. Ah, você pegou uma gripe ? Culpa do celular. Absolutamente tudo pra ela era culpa do coitado do celular.

-ai! acho que eu não tô bem- o garoto de óculos se levanta do chão fazendo eu soltar mais uma gargalhada.- quero ver quando for a tua vez parça -  ri ainda mais alto fazendo Lukas me olhar com raiva até ele soltar um pequeno sorriso também.

- cadê a mamãe vovó?- pergunto me acalmando e sentado ao lado da senhora na mesa, Lukas se junta a nós e desbloqueia o celular não prestando muita atenção no que estávamos falando.

- foi tomar um banho, chegou cansada e parecia estar falando com a irmã de vocês no celular - a vovó responde em um tom preocupado.

-e aonde a Diane ta?- Lukas pergunta parecendo estar mais interessado no assunto agora.

- ela me falou que iria sair e acabei deixando, não me lembrava que ela estava de castigo. Quando sua mãe me ligou no horário de almoço perguntando se Diane estava estudando foi aí que me toquei então falei pra ela, ela ficou furiosa- a vovó explicou logo eu e Lukas nós encaramos.

-vai acabar sobrando pra nós - digo e Lukas concorda com a cabeça.

Ouço passos vindo em nossa direção então me viro olhando para a entrada da cozinha onde estava minha mãe com uma roupa elegante.

- família, vou dar uma saída com as minhas amigas- ela avisa, agora tava explicado a roupa e o cabelo arrumado.- não me esperem vou voltar tarde - completa sua frase dando um beijo na bochecha de cada um de nós.

-espera aí, quer dizer que a Diane ta na casa de uma amiga, você vai sair com suas amigas e eu não posso nem sair depois das oito, que isso? Cadê os direitos iguais?- pergunto, só fazia uma semana que voltei para casa e ja parecia uma prisão.

-ja conversamos sobre isso Mateo. Da última vez que saiu sozinho você voltou pra casa todo machucado- ela me lembra do dia em que apanhei na rua e não consegui esconder dela.

Eu era vítima de Bullying na escola, e sempre na saída alguns garotos mexiam comigo. Minha psicóloga falou que seria melhor eu encarar meus medos de frente e por isso voltei para esse fim de mundo, não acredito que vá me ajudar em alguma coisa só ficar convivendo com isso quieto dentro de mim, quero botar tudo pra fora e por isso eu vou me vingar fazer a justiça com as minhas próprias mãos.

-isso já faz 7 anos, e a psicóloga disse para eu encarar os meus medos - lembro, ela me olha parecia que queria segurar o choro e logo me arrependi de minhas palavras. Naquela época minha mãe se culpava por não ser uma mãe presente.

-eu sei meu amor, só não quero te ver machucado de novo- ela olha em meus olhos e me abraça, abraço ela de volta, era tão bom receber um abraço dela nessas horas que o passado parece ser tão recente.

Alguém buzina do lado de fora da casa, mamãe foi até a janela e arrastou a cortina dando a visão do lado de fora ela faz um sinal com a mão e olha para nós.

- vá meu amor e se divirta- a vovó disse dando um último beijo na bochecha de sua filha.

-ok. E mateo, vamos estabelecer uma nova regra vai poder sair a hora que quiser dês de que chegue em casa antes das onze horas da noite, me entendeu? -ela pergunta e eu dou um sorriso concordando com a cabeça, ela sai apressadamente pela porta e logo o ambiente fica silencioso.

-isso quer dizer que podemos comer no nossos quartos hoje vovó?- Lukas pergunta pegando seu prato e já se levantando.

-subam logo vou olhar minha novela das oito- ela fala pegando seu prato de comida e caminhando ate a sala.

-valeu vovó. queria te pedir outra coisa - ele a olha com uma cara de cachorro abandonado.

-o que é garoto?- ela pergunta já se desanimando.

-posso por favor, por favor, por favor sair mais cedo amanhã?- ele pergunta, a vovó tinha uma loja de costura  Lukas trabalha como atendente lá provavelmente estavam falando sobre isso.

-ta bom, tá bom mas não se acostuma vai ser só amanhã- ela fala e ele concorda.

-vamos subir pra jogar mano?- ele me convida e eu pego meu prato e saio caminhando na frente.

se apaixone por mim Onde histórias criam vida. Descubra agora