{3}- um daqueles caras tarados

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𝙈𝙖𝙩𝙚𝙤

Lukas andava lentamente a minha frente segurando seu prato na mão direita e o seu celular na mão que não estava ocupada, entramos em seu quarto e fiquei surpreendido. As paredes eram em tons escuros variando entre preto e cinza, a janela tinha uma visão bonita da praia, os pôster de bandas de rock colados nas paredes, um mural com desenhos de personagens de anime e por último uma estante cheia de livros e videogames. Caramba fiquei com inveja, agora eu sei quem é o filho preferido.

-nunca tinha entrado no seu quarto -falo me sentando na cama ainda impressionado.

- gostou? A decoração toda fui eu quem fez- ele se exibe e eu sorrio ao me lembrar do quanto ele gostava daquelas coisas estranhamente legais quando criança e pelo visto ainda gosta.

- vamos logo jogar, estou animado para vencer de você pela segunda vez no dia- digo lembrando da aposta sobre a corrida.

-ah é, falei que ia te dar minha sobremesa né?- ele come um pouco de sua lasanha e eu concordo com a cabeça, não estava interessado na sobremesa, porém queria muito vencer. Ele se direciona até a televisão enfrente a sua cama e assim que chega a liga e já estava no jogo ele meche em algumas coisas e trás o controle até mim.

Depois de algumas horas de jogo aceitei minha derrota e fui ir dormir saio do quarto de Lukas e vou até o meu, no banheiro escovava meus dentes vejo a tela do meu celular brilhar e aparece uma notificação.

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Dou um sorriso de lado e me deito na cama, abro o Instagram e vou até a conta de um garoto loiro com olhos verdes, sorrio ao notar o lugar onde ele estava. A primeira foto era a lua, a segunda era da pracinha principal, mas tudo estava vazio o que era normal por ser quase dez horas da noite, a terceira era foto de um gato no mesmo ambiente que a foto anterior, a quarta era uma pichação na área provavelmente da pracinha.

Me levanto da cama e coloco uma bermuda preta do tipo leve boa para correr e uma camisa branca, antes de sair de meu quarto volto alguns passos pegando meu boné e me olho no espelho em cima da minha mesa de estudos onde eu me orgulho de dizer que está tudo organizado. Sai do meu quarto ando em direção a porta da frente, mas paro ao ouvir a voz de minha avó.

-sai seu monstro horrível, isso aí Madeleine toca a cadeira nele- dou uma risada percebendo que ela estava dormindo e abro a porta lentamente para não causar nenhum barulho que pudesse acordar ela, já do lado de fora fecho a porta.

Caminho em direção a praça principal, a cidade é bem pequena então seria rápido chegar ate ela.

A rua estava absolutamente deserta o que não era nada estranho já que a noite os marginais tomavam conta das esquinas, meu coração batia rápido ao pensar que estava indo atrás do que me perseguia por tempos. Espera! E se ele tentar me bater? E se ele me reconhecer? Esses tipos de pensamento giravam entorno da minha cabeça a fazendo doer. Meus passos rápidos se tornaram passos lentos a medida que me aproximava do parquinho, olho lentamente tudo ao meu redor procurando por algo que se parecesse com uma pessoa.

Eu sei isso é loucura. Mas todo mundo é um pouco louco né? E vocês não sabem até onde eu iria por vingança, quero ver ele sofrer por tudo que eu passei por todos esses anos.

Meu pensamentos desaparecem e meus olhos focam em um balanço com uma pessoa sentada de costa para mim, minha pernas tremem ao me lembrar quando comia a terra desse parque quando criança. Não era algo agradável ou por contra própria igual as outras crianças, era algo agressivo já que me forçavam a comer ou me batiam o suficiente para que minha cabeça se enterrasse na areia daquele local.

Me aproximo lentamente do balanço ocupado ao ficar do lado do garoto loiro o olho de cima a baixo o avaliando, ele era mais baixo que eu, tinha um cabelo loiro com algumas mechas verdes, olhos verdes também, e parecia não ser tão forte quanto eu. Sua boca pingava sangue o nariz também, mas ele enxugava com a manga da blusa um de seus olhos estava vermelho e inchado envolta.

Ele parecia ter acabado de sair de uma briga.

Desço meu olhar para suas mãos que estavam com sangue também e tremendo.

Isso me deixa um pouco incomodado, me sinto... Estranho eu acho. Me pergunto o que havia acontecido. Por que diabos alguém como ele teria apanhado? Será que mexeu com o garoto errado? Isso era injusto! Eu também queria poder me vingar assim.

Meus pensamentos são cortados ao ouvir uma voz baixa.

- ei cara, vai só ficar parado aí?-a voz do garoto loiro saiu baixa.

-hum...oi meu nome é Mateo- me apresento o olhando diretamente em seus olhos, impossível não querer o socar.

- foda-se, não te perguntei- ele se balança, pelo visto sua personalidade era de uma criança da sétima série ainda.

- é que eu tava passando e vi você todo machucado- falo fingindo simpatia, me sento ao seu lado no balanço.

- mas eu não te pedi nada e nem preciso da sua ajuda, então vai embora logo - sua voz agora parecia mais grosso e firme.

-eu sei, porém você estava machucado então pensei que precisasse de uma ajudinha - meu tom agradável e gentil fez até mesmo eu estranhar.

-eu já falei que não, pare de ser chato cara- certo agora ele estava parecendo uma criança teimosa.

Eu odeio crianças!

- mas assim, quem foi que fez isso com você? Me parece ser um problema bem sério- ele me olha e imediatamente  viro o meu rosto não queria olhar na cara dele a raiva me dominaria.

- cara eu nem te conheço, então faz o favor de ficar bem longe de mim. Aposto que você é um daqueles caras tarados que fica vigiando pessoas na rua - ele me olha com uma expressão de nojo. Meus olhos arregalam ao ouvir aquele absurdo, como eu poderia ser confundido com um tarado?

- não sou nenhum tipo de tarado, não! Só queria ajudar mas você não tá sendo legal - me levanto do brinquedo e o encaro com uma cara fachada, ele me olha com um sorriso provocativo como se tivesse ganhado. E ele ganhou estou prestes a ir embora.

Meu ódio por ele só aumenta a cada MINUTO.

- tenha uma boa noite - ele diz em um tom debochado enquanto me afasto do mesmo, nem olhei pra trás mas já consigo imaginar o sorriso na cara daquele filho da puta.

se apaixone por mim Onde histórias criam vida. Descubra agora