Esta é a Minha Decisão [mitake]

Capítulo 2

Takemichi nunca poupou seu dinheiro quando Manjiro se interessava por qualquer coisa. Inicialmente Manjiro se sentia muito especial recebendo-os, mas com o passar do tempo tornou-se apenas material. Takemichi supria seus sentimentos com a compra de presentes caros, dos quais Manjiro nunca usava uma segunda vez.

Ele sabia que seu marido escondia alguma coisa, ainda mais depois de sua mania de limpeza surgir aparentemente do nada. Mikey demorou um tempo até ligar essa nova mania com seu calor, mas na quarta vez que ele viu que não estava projetando e que sim, Takemichi passava horas limpando o apartamento deles depois de cada calor, retirando tudo e qualquer vestígio de seu cheiro, ele se sentiu angustiado.

Manjiro sabia que não deveria sentir-se daquela forma, mas para um ômega ter seu cheiro apagado daquela forma, ainda mais depois de um calor, sempre o faria pensar no pior, mesmo tentando supri-los o máximo que desse.

Ele pensou em conversar, poxa, ele realmente tentou, mas deixou isso de lado quando Ken-chin lhe disse que não era preciso, pois betas não sentiam cheiros e muito menos sabiam o significado para alfas e ômegas, então provavelmente ele apenas estava limpando para deixá-lo à vontade depois de sua bateria.

Foi neste momento apenas que Mikey começou a entender que estava lidando com um beta de verdade. Em sua vida ele não conviveu com ninguém com este gênero secundário, na Touman dificilmente entrava um membro beta, em sua roda de amigos íntimos mais da metade eram alfas, e em sua família, com exceção do seu pai alfa, todos eram ômegas também (até mesmo Izana).

Manjiro até aquele momento não sabia exatamente como era ter uma relação com um beta, ele não sabia de nada que viria a enfrentar até o momento que um desconhecido na estação de trem lhe encarou com pena em uma das saídas deles juntos. Ele se lembra de se irritar profundamente com aquilo, nunca havia visto aquela pessoa e ela o estava olhando daquela maneira tão desrespeitosa!

Porém, esta pessoa não foi a única, vários olhos olharam-o daquela mesmo forma, e foi apenas quando estava farto daquilo que descobriu exatamente o porquê de receber tais olhares.

Chifuyu lhe contou, depois de uma reunião regular da gangue, que aquilo acontecia porque ômegas só se relacionavam com betas depois de desfazerem um vínculo com um alfa (presdestinado ou não), e não encontrarem nenhuma outra alternativa além de estar com um beta para suprir suas necessidades momentâneas. Era bem óbvio que aquilo não supriria em nada, todavia regularmente casamentos entre ômegas e betas aconteciam por este motivo.

Manjiro se irritou com isso, era tão injusto todos pensarem que Takemichi foi sua segunda opção, ele o amava como nunca amou nenhum outro, como nunca imaginou amar nem mesmo sua paixão de infância! Ele nunca foi sua segunda opção!

Entretanto, não havia muito o que Manjiro ou qualquer membro da gangue que fosse amigo do casal pudesse fazer para conter esses olhares, não importava o lugar, o momento ou o quão apaixonados mostravam estar, eles continuavam olhando-os desta forma petulante.

Manjiro, aos poucos, começou a abrir seus olhos para os problemas além de seu umbigo, ele percebeu as injustiças que diariamente betas eram propícios a passar, percebeu que ninguém encararia o relacionamento deles como verdadeiro e sim uma forma de substituição, também que seu namorado estava tão acostumado com aquela situação que parecia que nunca perceber até Manjiro se irritar e tentar atacar alguém que o desrespeitasse. Takemichi o acalmava sempre, ele nunca se importava com nenhuma opinião além dos membros da Touman, o que fazia Manjiro sentir-se fraco, triste, despedaçado que seu amor tivesse que lidar com aquele mundo tão injusto.

E ele teve sua concepção de injustiça elevada uma vez que conheceu a história de sua família. Sua mãe ômega abandonou a família para formar uma nova com um alfa. Takemichi contou que seu pai amou ela ainda mais que um dia amou seu próprio filho, e quando ele se suicidou, aquilo tornou-se real para Manjiro que se questiona do porquê da sociedade insistir em dizer que betas não podiam se ligar a alguém quando aquilo acontecia regularmente?