Pensando em você

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Ele insistia em ficar! Estava tão desesperado que ele mesmo, parecia ser a vítima. Era um homem lindo. Alto, moreno, olhos azuis encantadores. Concordei em ouvi-lo, desde que fosse rápido.
Perguntei seu nome, e era Miguel. Não parecia ser um ladrão. Falava super bem, tinha uma aparência invejável, e descobri que era formado em direito, e trabalhava em uma empresa conhecida.
Perguntei o que ele queria na minha casa, e ele chorava feito uma criança que havia perdido um pirulito. Peguei um copo d'água para ele, e refiz minha pergunta. Ele disse que namorava há seis meses com Alice, a falecida, mas o pai dela o odiava, e não o deixou levar as fotos com a garota, nem seus objetos pessoais, e esse era o único motivo para ainda estar ali.
Ele foi até o meu quarto, pegou uma caixa embaixo da cama, e começou a me mostrar algumas fotografias. Ela era linda, e ele dizia isso o tempo todo.
Ficamos conversando por um bom tempo, e o dia já estava amanhecendo. A essa altura, já tínhamos falado da falecida, da minha profissão, da família dele, e até do aumento da inflação. Eu estava atrasada para o trabalho. Corri, tomei um banho rápido e o Miguel foi preparar um café. Comemos em cinco minutos, e eu já estava mais que atrasada.
Peguei a chave, e então lembrei que era rodízio do carro. Droga, droga, mil vezes droga! Ele me ofereceu uma carona, afinal, tinha vindo de carro até minha casa. Claro que aceitei, chegamos ao prédio, nos despedimos, e fui embora. Não contei nada aos meus colegas de trabalho. Quando perguntavam o motivo para todo aquele sono, eu falava que estava ocupada com os projetos e a mudança.
Fiquei o dia todo pensando nele. Pensando em como era possível existir uma pessoa tão bonita e simpática ao mesmo tempo?
Já estava na hora de ir embora, e estava uma chuva horrorosa! Surtei quando lembrei que teria que voltar de ônibus para a casa. Cheguei na porta da empresa e quando olhei para a frente, lá estava o Miguel do outro lado da rua. Ele veio com um guarda chuva e me levou para o carro. Perguntei o que tinha acontecido e sua resposta foi breve: "Hoje não é rodízio do carro? Prefere esperar por um taxi?" dei um sorriso e fiz que não, ele então, me convidou para jantar, então fomos.

O dia em que fui morar sozinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora