Sirens (Melanie Martinez) - parte 1

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"Em 1607, os ingleses chegavam nos Estados Unidos da América, em busca de liberdade religiosa. Liberdade...

Agora, o ano é 1792, e os ingleses esqueceram-se do significado da palavra. Poucos anos após a Revolução Americana que trouxe a independência dos recém estadunidenses, esses continuam matando quem consideram mais fracos.

Essa história é uma ficção... pelo menos, é o que costumam dizer."

Aviso: esse capítulo traz consigo vários gatilhos e violência, como: estupro, agressões verbais e físicas, manipulação e abusos de diversos tipos. Caso seja sensível, não prossiga.


Frances acordava mais um dia naquela pousada suja de madame Edith, uma mulher de poucos amigos, que só a deixava dormir no local para agradar um dos capitães mais descarados do Texas: Sir Stalion Horse. 

Mas ele não tinha nada de garanhão, era apenas um homem que gostava de beber cerveja e deitar-se com moças bonitas. Tinha uma barba preta mal aparada que sempre estava suja de gordura e farelos de pão. Apenas concubinas necessitadas e viúvas com fogo entre as pernas o queriam de verdade, mas caso alguma dama o recusasse, magicamente ela era encontrada no dia seguinte: inconsciente e ensanguentada...

Voltando a narrativa, Frances era uma jovem de 18 anos. Não era casada (o que lhe causava uma má reputação no pequeno vilarejo), não tinha filhos e muito menos pretendentes. Era considerada feia apenas por ter laços sanguíneos com alguma etnia indígena local. Infelizmente, sua mãe foi violada por um inglês. 

A pobrezinha levantou-se da cama e colocou suas roupas, que estavam mais para trapos. Calçou as botas desgastadas e desceu a escada de madeira barulhenta, por conta dos buracos que os cupins haviam aberto nela.

Pegou uma maçã na fruteira feita de fibras e saiu pela porta da frente. Várias carroças andavam de um lado para o outro, fazendo a poeira seca subir. Os comerciantes ofertavam seus produtos, e as crianças brincavam nas entradas das casas. 

Frances só sabia caminhar até o cais. Era isso que ela fazia todos os dias de manhã...precisava trabalhar com algo ou morreria de fome, mas como quase todos da cidade a odiavam, o único lugar que lhe deu algo para fazer era o cais. Cheio de homens velhos e rapazes estúpidos que se achavam incríveis e que sentiam o direto de ridicularizá-la e assediá-la. 

"Frances, minha feia! Irei despir-te e cuspir-te, queres trepar comigo na areia?"- gritou um dos tripulantes, Jones Frederick, enquanto descarregava caixas de chá, vindas da Inglaterra.

"Prefiro morrer feia do que imunda, pegues suas cantadas e soque em sua bunda"- respondeu sorridente, o que fez o homem torcer o bigode e ouvir gozações dos colegas.

A garota de cabelos negros, nariz marcante e pele cor de ocre não deixava transparecer a sua frustração em viver como um roedor, cercada de ratoeiras velhas, em um ambiente tão sujo e hostil. Era muito forte, com tão pouca idade. Seu cargo no navio de Sir Stalion Horse era descarregar algumas caixas vindas de outros estados do Sul e abastecer barcos. Os principais produtos eram pólvora e fumo... muito fumo plantado por escravizados.

O trabalho duro fazia sua coluna estalar de hora em hora, seus dedos estavam calejados, suas roupas exalavam o cheiro de suor. Todas as mulheres do vilarejo prefeririam apanhar dos maridos do que passar por aquilo, mas ela era diferente. 

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