Class Fight (Melanie Martinez)

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Aviso: esse capítulo pode despertar gatilhos por apresentar violência física. Se você é sensível a esse tipo de conteúdo, por favor, não prossiga.

"Não faça isso comigo professora, por favor. Você sabe que Kelly e eu temos uma convivência conturbada... não pode pedir para outra pessoa entregar isso pra ela?".- perguntei desanimada.

A mulher alta, extremamente magra apenas ajeitou os óculos no rosto e me olhou com desânimo.

"Você é a representante de sala, não é? Essa é a sua obrigação. Acha que na sua vida vai conviver apenas com quem gosta?".- respondeu seca.

Tentei sorrir minimamente e peguei os papéis de sua mesa, saindo pelos corredores para procurar a garota loira logo depois.

Ao passar por uma das salas de aula, consegui ver alguém dentro do local. Rindo baixinho e empurrando algumas carteiras.

Era a Kelly, beijando agressivamente um garoto... Brandon. Não pude me controlar, passei os papéis pela fresta da porta e a chutei com toda a minha força.

Saí rapidamente.

[...]

No dia seguinte, horário do recreio, Kelly e seu grupinho apareceram para tentar tirar satisfações sobre o dia anterior.

"Então quer dizer que você fica espionando as pessoas?! Olhando pelo vidro da porta, para de masturbar depois?! Você é ridícula!".- gritou, chamando a atenção de todos que estavam nas proximidades.

"Do que está falando?".- perguntei incrédula, levantando-me do chão, onde eu e minhas amigas estávamos pintando alguns cartazes para a divulgação de um show de talentos.

Kelly chutou os recipientes que estavam cheios de tinta, que manchou os cartazes e me acertou com um tapa em cheio no rosto.

Os alunos deram um pulo de susto. Alguns riram, outros condenaram a atitude.

Senti meu sangue ferver, ainda mais quando vi Brandon rindo da situação com os amigos.

Olhei furiosa para ela, e não pude controlar o impulso que tive em empurrá-la. Quando seu corpo chocou no chão, sentei em cima de sua barriga e comecei a socar seu rosto.

"Briga! Briga! Briga!".- dizia o coral de adolescentes desocupados, entusiasmados com o que estava acontecendo.

Kelly tentava proteger o rosto com os braços, mas seus socos eram tão fortes que sua proteção não foi o suficiente.

Ela tentou se soltar, e me deu um tapa no nariz, provavelmente em uma tentativa falha de me desnortear.

Fiquei ainda mais puta. Me levantei e chutei sua barriga duas vezes... os gritos pararam. Senti alguém me puxar para trás, aos berros. Era a professora.

[...]

"Por que você fez isso, meu bem?".-minha mãe perguntava, finalmente quebrando o silêncio do jantar, que só era quebrado quando os talheres estalavam no prato.

"Porque...eu fiquei com raiva".- respondi envergonhada, com a plena consciência de que ficaria em casa por mal comportamento.-" Me perodem...".

Minha voz falhou e minhas lágrimas quentes começam a rolar. Minha mãe ergue meu rosto e as enxugou com o seu guardanapo limpo.

"Não, não, não. Não soluce".-disse e suspirou.-"Não estamos chateados com você, entendemos que toda a responsabilidade que você tem na escola pode te deixar... estressada".

Meu pai concordou silenciosamente com a cabeça, e esticou o braço para pegar em minha mão direita.

"Ainda mais, depois do que aconteceu ano passado".- ela disse, tocando em uma ferida que não estava cicatrizada. Aquilo fez com que a minha vontade de chorar voltasse.

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