act I - i bet you think about me.

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taylor swift - i bet you think about me

Eram 3 horas da manhã.

Heloísa estava ainda acordada, deitada em sua cama com as luzes apagadas. Mas, sua cabeça estava longe dali. Estava do outro lado da cidade do Rio de Janeiro. Ela estava pensando nele. Naquele homem que amava há mais de duas, quase três décadas. Naquele homem que, sempre que o vê, seu mundo vira de cabeça para baixo e sua mente vira um turbilhão de pensamentos. O único homem que amou verdadeiramente em sua vida inteira, o amor de sua vida. O homem que tinha seu corpo, sua alma e seu coração.

Stenio Alencar.

Ela sorriu ao lembrar do dia em que ele chegou em sua casa com um carrinho de compras, cheio de caixas. Nelas continham materiais para montar uma árvore de natal. Sorriu ao lembrar do jeito que ela fingiu que estava indignada com ele, apesar de estar derretendo por dentro com o gesto de amor feito pelo advogado. Sorriu ao lembrar de como ela chorou quando chegou em casa e viu a árvore montada, ela se sentindo tão especial e amada por ele. Mas ela nunca admitiria isso para ele. Ele nunca saberia disso.

Sorriu ao lembrar de seu sorriso cafajeste, aquele que a desnorteava e que ela tanto amava, pois era só para ela. Ela sabia que era só para ela. Sorriu ao lembrar de como ele a chamava de meu amor, seu apelido favorito.

Ela sempre sorria ao lembrar dele.

Heloísa sentia muita falta do ex. Ex, que desejava que fosse atual. Que fosse seu marido novamente. Mas não conseguiu fazer com que ele ficasse. Ele foi embora, e era tudo culpa dela. Novamente.

Parecia que eles eram destinados a se amar, mas não a ficar juntos. Aparentemente, o universo os odiava.

Eles nunca conseguiram fazer a relação que tinham funcionar. Sempre acontecia algo, algo com o que eles não conseguiam lidar. Mas nunca, nunca foi falta de amor. Porque isso, isso eles tinham de sobra.

As vezes, Heloísa se perguntava como seria a sua vida sem Stenio. Como seria se eles nunca tivessem se conhecido, nunca tivessem se apaixonado.

Será que ela seria feliz? Será que ela teria se apaixonado por outra pessoa?

Ela não conseguia nem imaginar como seria sua vida sem Stenio. Uma vez ela até tentou imaginar, mas foi insuportável. Heloísa não conseguia nem suportar a ideia de viver sem Stenio. Mas, era a realidade.

Heloísa odeia ficar longe de Stenio. Odeia como sente saudades dele, do seu cheiro, da sua voz. Odeia como sente falta do seu carinho, do seu abraço, do seu beijo. Odeia como sente falta de acordar em seus braços, com beijinhos de bom dia pelo rosto e de suas massagens quando ela está cansada. Odeia como sente falta de receber flores azuis com seus cartões tão lindos que dá vontade de o encher de beijos e dizer um milhão de vezes o quanto ela o ama.

Odeia como sente falta dele.

Odeia como ela o deixou ir, tão rapidamente. Odeia como ela não fez nada para impedi-lo. Odeia como era tudo sua culpa.

Ela se perguntava se o advogado também estaria pensando nela. Sentindo a sua falta, como ela sentia a dele. Então, com toda a coragem que tinha, pegou seu celular que estava no criado-mudo ao seu lado, e resolveu mandar uma mensagem.

[...]

Stenio acordou por volta das 7 da manhã, abrindo os olhos desconfortavelmente por causa da claridade que entrava por sua janela. Logo que acordou, virou-se para o seu criado-mudo e pegou seu celular, como de costume. Checou para ver se alguém da empresa tinha mandado alguma mensagem, como sempre fazia. Mas não havia nada. Apenas uma mensagem de Heloísa.

Ele estranhou a notificação com seu nome, que antes era tão comum, mas agora era tão distante. Deixou a notificação em aberto e foi fazer sua rotina matinal, logo depois indo para o escritório.

— Bom dia! — Laís diz, assim que Stenio entra no local.

— Bom dia.

— Ih, que cara é essa? Caiu da cama? — Ela responde, percebendo a cara de poucos amigos de seu colega.

— Heloísa me mandou mensagem. — Ele diz, claramente irritado.

— E o que ela disse para te irritar tanto? — Laís diz, logo após de segui-lo até sua sala e observando o mesmo jogando suas coisas em cima da poltrona, logo após se jogando em sua cadeira.

— Não sei. Não abri a mensagem. — Stenio diz, sentindo o olhar reprovador da colega sobre si.

— Eu acho que você deveria ler essa mensagem logo. Você nem sabe sobre o que se trata! — Ela diz, enquanto sai de sua sala, fechando a porta atrás de si.

— Se fosse fácil assim... — Ele responde para si mesmo, quase num sussurro.

Não era fácil assim. Ele não fazia a menor ideia sobre o que era a mensagem, pois ele havia se comportado nos últimos meses. Não havia pego nenhum caso que tenha passado por perto dela, muito menos colocou um habeas corpus em algum de seus presos. Não havia motivo nenhum para ela ir atrás de Stenio.

A não ser por um motivo. Motivo que ele sabia muito bem qual era.

Ela não fazia a menor ideia de como ele sofreu depois de deixá-la. De como ele chorava todas as noites, até pegar no sono. De como ele queria jogar tudo pro alto e ir até a casa dela, pegá-la pela cintura e beijá-la. De como ele queria dizer que a amava e como queria passar o resto de sua vida com ela.

Mas ele não podia. Simplesmente não podia. Seu orgulho falava mais alto, não podia dar o braço a torcer depois de ela ter deixado o trabalho em primeiro lugar. De ter deixado ele por último, novamente.

Não era a primeira vez, e não seria a última. E ele estava realmente cansado disso. Ele sabia que conseguiria mais do que isso. Mas há um problema...

Ele sabe que seu mundo gira em torno dela. De que ela é o seu único motivo para levantar todos os dias, mesmo estando separados. De que ele nunca conseguiria ser 100% feliz sem ela, pois ela é a sua felicidade. Ele nunca conseguiria amar alguém como ama ela. Porque ele existe para amar ela. Ele sabe muito bem disso.

Sabe que seu coração bate para ela, apenas para ela.

Mas ele simplesmente não podia apenas apagar isso de sua cabeça. Se sentia traído, culpado. Culpado por não ter amado o suficiente, suficiente para que ela pudesse o escolher ao invés do trabalho. A verdade é que ele simplismente não se sentia digno dela.

Então, após relembrar tudo isso, ele resolveu abrir a mensagem.

— Você pensa em mim como eu penso em você?

Stenio leu a mensagem e riu.

Como ele poderia não pensar nela? A mulher que mudou sua vida, que o fez descobrir o mundo e perceber tantas coisas. Ela é o motivo de seu coração bater, o motivo de ele estar vivo. É óbvio que ele pensa nela também.

""Também"... isso quer dizer que ela também pensa em mim?" Ele pensou.

Mesmo com a vontade imensa de respondê-la, ou até mesmo de ir até a delegacia onde Heloísa trabalha e dizer que ele também pensa nela, ele ficou quieto.

Stenio desligou seu celular, deixou-o em cima da mesa e apoiou a cabeça em suas mãos, tentando pensar no que faria dali para frente.

daylight - steloisaOnde histórias criam vida. Descubra agora