𝐅𝐎𝐔𝐑

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𝐄 𝐌𝐀𝐈𝐒  uma vez tinha tido uma recaída, estava fumando. Se sentia um merda por não conseguir se controlar. Os seus dias estavam ótimos, ótimos até de mais. Acabou brigando com o pai por algum motivo besta, era sempre assim, ele sempre criticava e  espancava o filho e no final saia para beber. Mizu gostaria de saber por qual motivo seu pai o odeia tanto, mas ele nunca tinha respondido essa pergunta.

Quando tinha onze anos, seu pai havia chegado extremamente bêbado em casa e decidiu que a culpa da sua esposa ter fugido e deixado os dois filhos com ele, era do filho mais novo. Ele espancou Mizu. O garoto chorava e se sentia culpado por algo que ele não tinha culpa.

"Por que você me odeia tanto?" ─── O garotinho perguntou soluçando enquanto o pai estava sentado no sofá. O mais velho estava com uma latinha de cerveja na mão e estava tão calmo que nem parecia que tinha uma criança machucada ao seu lado.

Mizu sentia falta do seu pai, mas não o pai que batia e humilhava, mas sim do pai que lhe ensinou a andar de bicicleta, o pai que amava e cuidava do filho. As vezes se sentia culpado por tudo, as vezes odiava a própria mãe por ela ter deixado ele viver naquele inferno, e quase sempre odiava o pai por não saber se controlar e por ter colocado toda a responsabilidade nas mãos de um garoto de onze anos.

Ele começou a fumar com quinze anos. Ele se orgulhava? Claro que não. Mas isso fazia "bem" para ele.

Estava na praça, às 01:15. Misa estava dormindo e seu pai estava em casa. Saiu para esvaziar a cabeça e acabou se sentindo pior ainda, todas as memórias voltavam a sua cabeça e ele se sentia um merda. Fincava levemente as unhas, que não eram grandes, na palma da mão e sentia uma leve dor, mas quanto mais lembrava de toda a sua infância mais dor ele sentia. Abriu levemente as mãos e viu um pouco de sangue e as marcas das unhas, suspirou e jogou a piola do cigarro fora.

O garoto suspirou, não queria ir para casa, mas se continuasse naquele parque ele iria passar dos limites e iria fazer coisas que provavelmente ia se arrepender no outro dia. Não tinha muitos amigos, até pensou em ligar para Mitsuya, mas o rapaz vivia rodeado de problemas, ele não precisava dos problemas no amigo para se sobrecarregar ainda mais, de jeito algum.

Enquanto tentava pensar em algum lugar para ir, sentiu uma mão em seu ombro e olhou de relance para a pessoa ao seu lado, era Sanzu.

─── Cara, você está péssimo.

─── O que faz aqui?

─── Vim comprar umas coisinhas, tava passando e vi você aqui.

─── Hm, legal.

─── Me diz ai, ta fazendo o que aqui?

─── Pensando na vida, eu acho

─── Ta afim de ir em um lugar comigo?

─── Se o lugar for um puteiro, não.

─── Não é, relaxa.

O loiro se levantou, Mizu pensou se deveria ir, mas não ia ficar parado naquele banco até o sol aparecer. Seguiu o vice-capitão e viu ele subir na moto, fez o mesmo que ele e apoiou um pouco na parte de trás do banco. Sanzu deu a partida na moto e começou a dirigir em direção a algum lugar que Mizu não fazia idéia, podia ser coisa da sua cabeça, mas estava se sentindo meio tonto, a cabeça parecia que ia explodir por conta dos problemas. O pobre garoto era muito sobrecarregado para um garoto de quinze anos.

Olhou brevemente para cima e viu as estrelas, o moreno gostava das estrelas, lembrava da sua irmã, a garotinha amava as estrelas e sempre pedia para ficar no quintal para observar os pequenos pontinhos no céu.

Sanzu havia estacionado a moto, mas o Oshiro estava tão perdido em seus próprios pensamentos que nem percebeu.

─── Ta esperando o que para descer?

Mizu se desligou dos seus pensamentos e desceu da moto. Estavam numa ponte que ficava em cima de um rio, era um local bem movimentado de dia, mas a noite não havia ninguém. Caminharam em direção a ponte e ficaram lá parados em um silêncio pertubador. O loiro olhava para o horizonte, já o moreno olhava para o rio.

─── Por que me trouxe aqui? ─── Falou na esperança do silêncio acabar.

─── Não sei, gosto de vir aqui quando não to muito bem das idéias. ─── Ambos os garotos riram com a forma que o loiro tinha falado. ─── Você me falou que tinha comprado lápis de cor para sua irmã, não foi?

─── Uhum

─── Qual foi a reação dela? ─── Algo em Mizu se acendeu, pode parecer bobo, mas ele adorava falar sobre a irmã, afinal, ela era como um solzinho na vida dele. Oshiro riu de leve ao lembrar da reação da irmã, adorava mimar ela e sempre fazer o que ela queria, por que queria que ela tivesse uma infância normal e feliz.

─── Assim que ela viu os lápis, os olhinhos dela brilharam, ela pulou nos meus braços e me abraçou, ela passou o resto do dia todo pintando umas coisas indecifráveis.

─── As vezes eu nem reconheço você ─── O garoto o olhou confuso e ele continuou ─── Você faz parte da divisão mais violenta da Toman e mesmo assim consegue ser um irmão atencioso. Como consegue?

─── As vezes nem eu sei, só faço o que posso.

Os garotos se olharam brevemente e logo desviaram.

─── Seu aniversário tá chegando, não é?

─── Ta sim, como você sabe?

─── O Mitsuya falou para o Hakkai e eu acabei escutando.

─── Ah, sim.

Passaram mais alguns minutos em silêncio, mas dessa vez não era um silêncio agoniante, mas sim um silêncio reconfortante. Eles só aproveitaram a companhia um do outro e ficaram ali, aproveitando a brisa, a luz das estrelas, o som da água e esperaram o dia amanhecer.

 Eles só aproveitaram a companhia um do outro e ficaram ali, aproveitando a brisa, a luz das estrelas, o som da água e esperaram o dia amanhecer

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975 palavras
espero que gostem<3

𝐀𝐃𝐃𝐈𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍, Sanzu Haruchiyo Onde histórias criam vida. Descubra agora