01: Dmitri Shostakovich

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Olá, quanto tempo! esse capítulo está no docs desde junho, queria escrever mais capítulos para postar com frequência, não ocorreu, claro, então vou dispensar esse mofo de escrita aqui mesmo. Não sei se um dia vou conseguir escrever de novo, não tenho inspiração ou ânimo para isso, mas todas as vezes que sai mais de um parágrafo, é de coração, eu juro. Espero que gostem disso aqui, mesmo com diversos erros. Até um dia<3.


2.213 words.
Van Gogh - Virgínio Aiello;
Too sad to cry - Sasha Sloan.


𓏢
Beautiful night
People strangers

   Nas ruas de Petersburgo, 1906, um som delicado existe como tragédia. Há a possibilidade de ser o coral responsável por  incitar a ira das belas palavras saindo da boca de uma bela dama – ou de atiçar um corte quebrado no final da garganta –. É uma noite lendária, à todo modo, é Shostakovich afundando o mundo em destroços ao nascer.

    Não chovia nos meados de outubro, mas o frio era extremo, então eu me encolhi nos braços de Yoongi e abraçei, de alguma maneira, Jooyoung com minhas pernas. Nós três, uma tv velha nos fundos do lupin e filmes pirateados – roubados em algum momento por Yoongi –. Eram tão ruins em qualidade que nos restava usar a imaginação ao insinuar monólogos como se estivéssemos envolvidos na magia do cinema.

     Era feio, porém fazia sentido. 

  Foi o meu primeiro contato com Shostakovich. Viramos amigos íntimos, máscara sobre máscara.

    Em  carne e ossos – ou só na imaginação –, despíamos as feridas um do outro e cutucavamos até sangrarem. Até deixar cru.

    Muitas coisas são desconexas, como C à Bm, Waltz 2 à III;  quando penso em noites solitárias em um apartamento no final da rua Yc&Ac dori, lembro principalmente dessa crueza, pois sentimentos vitalícios preenchiam meus ouvidos até afundar no estômago e estragá-lo como se houvesse uma bactéria comendo.

  De repente eu estava em Petersburgo também, antes de ser Leningrado, antes da primeira colisão com o estado, antes de ser um mestre, um menino; Era um toque ínfimo de Kim Taehyung e só Taehyung. 

    Quando chegava sábado à noite um calafrio percorria o meu corpo. Viva Dmitri, viva Lady Macbeth. É tão real que machuca. Embora uma peça continue sendo uma peça, os atos quebram o tempo do que deveria ser apenas um núcleo. É estranho, e no final, eu só sabia, era normal; Diante disso meus pés tropeçaram antes da chuva bater a porta, meus ouvidos aguçaram com os sons familiares, eram passos; uma hora, meus pais paravam de brigar e iam dormir. Eu não dormia, nunca dormia. Pesadelos ou solidão, descobri depois de um tempo: medo. Uma presença pairava no meu quarto e pedia para eu contar em sussurros.

    Ou eram meus demônios colidindo em minha mente para perturbar a paz do tempo. 

    1...2...3...4...

    Um toque sútil no piano.

    Deus e eu sabíamos como os atritos que esmagaram minha pele contaminaram meu cérebro até derreter. Era como se Aksinya, esquecida na imersão que era Katerina outrora Lady Macbeth, fosse esquecida por um momento turbulento de contrações negativas em épocas distintas. 

    Carne e ossos fizeram o coração de Taehyung – só Taehyung – um músculo incomum.

     Shostakovich foi esquecido com o tempo, tornou-se um momento, uma memória de tv estragada nos fundos de um bar assombroso. Foi a parte baixa corrompendo uma parte minha já propícia a cair.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2023 ⏰

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