Venice

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Para Macau, a cena toda era extremamente divertida, mas para Vegas, aquilo só podia estar sendo um pesadelo.

Não fazia nem cinco minutos que se encontravam naquela situação, mas Vegas sentia que uma eternidade se passara, desde que ele encontrou os olhos furiosos de Pete, que cruzara os braços e as pernas sentado no sofá, balançando o pé freneticamente sem o olhar nos olhos.

No lado oposto da sala, uma mulher encarava a dupla nervosamente, a aura sombria em volta do ex guarda-costas da primeira família havia tirado as palavras da pobre moça, que temia pela própria vida naquele momento de tensão.

E no canto do cômodo, uma criança, com cerca de dois ou três anos brincava. Uma versão em miniatura de Vegas.

Macau, escorado na porta de entrada da casa modesta, que agora eles viviam, se pega pensando como foi que eles acabaram daquele jeito. Ele e Pete estavam preparando alguns bolinhos para se distraírem naquela tarde entediante, quando três batidas na porta interromperam suas atividades.

Pete foi quem atendeu, dando de cara com uma mulher, pouca coisa acima dos trinta anos. Ela parecia cansada e não muito bem de vida, mas carregava pendurado em sua mão um garotinho, que era nada mais nada menos do que uma cópia exata de Vegas. Talvez nem o próprio fosse tão parecido consigo quando tinha aquela idade.

Não precisou muito para a conclusão precipitada se desenrolar, pelo menos na cabeça de Pete, porque Macau já havia entendido a verdade. Ele lembrava vagamente de ver aquela mulher antes.

Quando se deram por conta, estavam ali. Pete putasso no sofá se recusando a ouvir qualquer desculpa por parte de Vegas, que tentava argumentar porque aquele garoto NÃO era seu filho. Enquanto a mulher se fechara em uma bolha por medo de levar um tiro a qualquer momento do parceiro de Vegas — ela sabia onde estava se metendo — e Macau, que se criticava mentalmente por não estar com o celular em mãos, para registrar seu irmão ajoelhado em frente ao namorado implorando para ser ouvido.

"Pete, por favor, olha pra mim", o tom de voz afável de Vegas quase fez Macau explodir em uma gargalhada.

Mas Pete não cedia. E por mais que o irmão mais novo adoraria continuar vendo o mais velho se humilhando, ele percebeu que a criança começou a ficar nervosa. Então ele só soltou uma risadinha e tossiu, limpando a garganta.

"Pete, meu irmão não está mentindo", recebendo atenção do cunhado, que ainda mantinha um olhar desconfiado, Macau prossegue, "Sabe, é meio impossível para ele, já que ele não dorme, de jeito nenhum, com mulheres. Ele não consegue".

Um estalo de surpresa atingiu o olhar de Pete, que parecia não ter se dado conta daquele fato até o momento. Vegas sempre foi 100% gay e nunca fez questão de esconder tal coisa.

Vegas teria estapeado o irmão, por dizer tão descaradamente aquelas coisas sem medo, mas estava tão desesperado para não perder a confiança de Pete, que contentou-se em apenas olhar feio para o irmão mais novo.

Macau se afasta da porta e caminha parando perto da mulher.

"Você era uma das amantes do nosso pai, não é?"

Ela assente, ainda temendo olhar para Pete, que começa a encaixar os pontos na própria cabeça, ainda sem prestar muita atenção em Vegas.

"Viu?", Macau se senta ao lado do cunhado, colocando as mãos em seus ombros dando uma leve sacudida, para o relaxar, "Esse garoto não é filho do Vegas, ele é nosso irmãozinho".

Naquele momento, a expressão de Vegas entra em choque também, pois só então, ele havia se dado conta daquele fato.

O som estrondoso da porta se fechando faz as três cabeças dos rapazes virarem para a saída do lugar. Leva alguns segundos para eles perceberem que a mulher havia corrido para sair dali, fugindo daquela loucura toda.

Ao mesmo tempo, lentamente, os três olham na direção oposta à porta, onde o garotinho ainda permanecia, os olhando como se esperasse algo.

"Filha da..." Vegas começou a se levantar para ir atrás da mulher, mas Pete o segurou pelo braço.

"Onde pensa que está indo?"

Vegas o olhou incrédulo, "Eu não sei se você percebeu, mas ela deixou algo para trás".

Macau voltou a cruzar os braços, observando a interação dos dois e já imaginando onde aquela discussão iria terminar.

"Foi por isso que ela veio. Ela não está em condições de criar o garoto e queria deixar ele aqui".

Vegas levanta-se do chão e massageia as têmporas fechando os olhos e respirando fundo.

"Pete, você não está pensando em criar esse garoto sozinho, está?"

"Claro que não", a expressão aliviada no rosto de Vegas dura poucos segundos quando Pete completa, "Nós vamos criar ele juntos".

"Não. Nem pensar. Definitivamente fora de cogitação".

Pete ignora Vegas e vai até a criança, falando algo baixinho para ela e pegando-a no colo.

"Ele é tão a sua cara que pode se passar por seu filho facilmente".

"Ele não é meu filho".

"Agora é".

"Pete..."

"Temos que escolher um nome para você..."

"Eu não vou participar disso, vamos devolver antes que ela esteja longe..."

"Vegas e Macau são nomes de cidades, então precisamos de algo para combinar..."

"Pela última vez, Pete, isso não vai aconte..."

"Venice! Você gosta desse nome?"

O garotinho assentiu, não entendendo nada do que estava acontecendo, mas adorando a energia de Pete e a atenção que recebia deste. Ele olhava com admiração e encanto para o homem que o segurava nos braços.

"Venice, então. Tenho certeza que a primeira família pode nos ajudar com a papelada..." Pete caminhou até a cozinha, procurando seu telefone e chaves, "Precisamos comprar coisas para você, tenho certeza que Tankhun pode me ajudar..."

Pete saiu pela porta, levando Venice consigo sem nem ouvir uma sílaba das palavras de Vegas.

O irmão mais velho, incrédulo com os acontecimentos, olhou para o mais novo, como se esperasse a comprovação dos acontecimentos.

"Parabéns, perdeu um irmão e ganhou um filho em menos de um minuto", Macau aproveitou o momento para soltar a risada que segurava desde que tudo começou.

"Desde quando eu perdi o direto de opinar nessa família?"

"Desde que um certo guarda-costas colocou uma coleira em você".

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Oioi, se alguém está lendo isso, obrigada :3

A história não vai ter uma linearidade, a princípio os capítulos não vão depender uns dos outros e alguns serão bem curtinhos, enquanto outros mais longos. Espero que gostem e deixem a opinião e sugestões de momentos que vocês gostariam de ver.

Até o próximo o/

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2023 ⏰

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Crônicas da segunda família TheerapanyakulOnde histórias criam vida. Descubra agora