PROLOGUE

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Dois meses antes…

TAEHYUNG

Meu coração batia rapidamente quando saltei da cama às pressas e me enrolei no lençol florido, correndo para fora do quarto com cheiro de naftalina e tabaco. Alguns passos a frente, Bogum se dividia entre vestir a camisa amassada e fechar o jeans folgado em seu caminho pelo segundo andar da pequena república em que três de seus amigos viviam. Lágrimas embaçavam meus olhos enquanto eu o seguia, ficando mais confuso e nervoso a cada vez que chamava seu nome e era ignorado. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, mas devia ter previsto que as coisas acabariam assim, porque Bogum sempre ficava irritado quando eu pressionava demais.

— Bogum, espera. Por favor, fala comigo. — eu pedi, e quanto mais eu tentava alcançá-lo, mais rápido ele andava — Eu não quis começar uma discussão. Sinto muito. Bogum, você está me ouvindo? Eu disse que sinto muito.

Quando finalmente consegui alcançá-lo, segurei seu braço, querendo que ele olhasse para mim, esperando que ele pudesse se acalmar e me desculpar. Assustado, tropecei dois ou três passos para trás quando Bogum se virou e me encarou com uma expressão furiosa.

— É claro que você sente muito, não é, Taehyung? Você sempre faz merda e tenta consertar as coisas com um pedido de desculpas estúpido. Porra! Eu acho que você nem consegue enxergar o quão inconveniente você consegue ser. — seu tom era ríspido.

Eu me encolhi enquanto ele cuspia aquelas palavras, apertando o lençol em torno de mim e desejando voltar no tempo só alguns minutos antes de arruinar a nossa noite com essa briga idiota.

— Eu sinto muito. — repeti, a voz tão baixa que por um segundo acreditei que Bogum sequer tivesse ouvido, mas a expressão em seu rosto provava o contrário.

Deus! Eu odiava essas palavras, porque sabia que elas não eram o suficiente, não quando vinham depois de um erro irreparável, e esse era o grande problema no meu relacionamento com Bogum. Eu nunca era capaz de ver claramente qual era o meu erro ou quando ele havia sido cometido, sendo assim, tudo o que eu podia dizer era um mísero “eu sinto muito” ainda que eu não soubesse pelo que. Namorando Bogum por um ano e meio, eu o conhecia bem o bastante para saber que meus pedidos de desculpa eram insuficientes e só o irritavam ainda mais, mas não havia muito além disso que eu pudesse fazer. Às vezes isso me rendia dias e até semanas sem ver Bogum ou receber qualquer notícia dele, mas se eu tivesse sorte conseguiria tempo o suficiente para acalmá-lo e convencê-lo de que eu merecia seu perdão.

— Quer saber, eu estou cansado, Taehyung. Estou cansado do quanto você é dissimulado. Você faz joguinhos o tempo todo e me irrita de propósito porque gosta de me ver perder o controle. Você gosta que as pessoas pensem que você é perfeito e que eu sou um namorado ruim com um temperamento de merda.

— O que? Não! Não, de jeito nenhum! Eu nunca ia querer que as pessoas vissem você desse jeito. Você sabe que eu te amo.

Revirando os olhos, Bogum se virou e começou a descer as escadas. O desespero tomou conta de mim. Ignorando que eu estava andando na casa dos seus amigos vestindo nada além do lençol de um deles, eu o seguia escada a baixo, disparando uma dúzia de pedidos de desculpa. Os três amigos de Bogum estavam ali e começaram a observar a cena. Eu não lembrava seus nomes porque tudo o que eu sabia sobre eles era o suficiente para me fazer detestá-los — eles estavam sempre chamando Bogum para festas e farras com bebidas e drogas. Eu estava nervoso pela situação e pela forma como eu estava “vestido” na presença de outras pessoas, com medo que Bogum não me desculpasse e que fosse embora sem mim.

Meu cérebro trabalhava a todo vapor em uma tentativa de entender o que eu tinha feito de errado. A noite não devia ter acabado assim. Eu tinha feito tudo o que Bogum queria — vim com ele para essa casa, embora eu não goste dos amigos dele; fiquei quieto e não insisti para irmos embora; subi com ele e aceitei fazer sexo no quarto bagunçado de um dos amigos dele. Tudo estava indo bem. Eu podia terminar essa noite sem uma cena, eu podia ir para casa e ele nunca notaria o quão mal me senti hoje tentando fazer com que ele se sentisse bem. O que pode ter acontecido que transformou nossa noite nisso? Eu me esforcei um pouco mais, pensando, ficando mais desesperado enquanto assistia Bogum procurar pela carteira e as chaves do carro em meio à bagunça da sala de estar. E então, a compreensão me atingiu com a força de um caminhão: isso começou porque Bogum mencionou que seu pai estava na cidade e queria encontrá-lo para um almoço, e eu sugeri que ele aproveitasse a oportunidade para me apresentar como namorado.

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