Capítulo 2

404 129 34
                                    

É início da tarde, a chuva ainda está caindo sobre a cidade de maneira pacifica, mas constante

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

É início da tarde, a chuva ainda está caindo sobre a cidade de maneira pacifica, mas constante. Observo a chuva batendo sobre o vidro da janela deitada em minha cama, meus pensamentos estão longe, em todas as coisas que fiz hoje logo cedo. Percorri a cidade toda atrás de trabalho, não consegui nada, mas pelo menos paguei as minhas contas e agora só estou devendo o aluguel. Outro problema que não sei como resolver, se não arrumar um emprego não vou conseguir alugar outro apartamento.

Espirro sentindo um calafrio passar pelo meu corpo, estou gelada e tremendo de frio. Espio o termostato pronta para ligar e aquecer um pouco o ambiente, mas então lembro que se fizer isso terei mais uma despesa para pagar. Bufo revirando os olhos, levanto da cama jogando as cobertas para o lado, o frio faz meu corpo tremer ainda mais, por isso corro na direção da cozinha colocando uma chaleira com água para ferver, vou fazer um chá.

O som do meu celular tocando pelo apartamento ressoa baixo, o aparelho está com os dias contados, mas enquanto ainda funcionar é tudo que tenho. Procuro pelo celular seguindo o som, o encontro embaixo das almofadas no sofá. O número de telefone no visor faz meu coração parar de bater por um minuto inteiro, é o tempo que levo para tomar coragem e atender.

- Kimberley – Sussurra a irmã Rute do outro lado da linha.

- Sim – Respondo mordendo o polegar de nervosa, o silêncio do outro lado faz minhas pernas tremerem – Quando? – Pergunto baixinho, sento no sofá cerrando os punhos.

- Ainda está tarde, sinto muito querida – Lamenta a irmã, aceno mesmo que ela não possa me ver – Irmã Maria pediu que avisássemos você, o padre concordou em fazer o cerimonial todo aqui na capela do orfanato a pedido da irmã.

- Tudo bem, obrigado por ligar – Murmuro deixando as lágrimas caírem sobre meus olhos – eu... eu vou me despedir dela – Digo a irmã com a voz falha.

- Vamos esperar por você Kimberley – Diz a irmã Rute lamentando outra vez antes de encerrar a ligação.

Largo o celular sobre a mesa de centro e agarro uma almofada, lágrimas caem dos meus olhos sem controle algum, agora estou realmente só. A sensação de solidão, de perda e luto pesa em meu coração. Deito sobre o sofá fechando os olhos, estou tão cansada de ficar sozinha.

>>>***<<<

O cerimonial foi belíssimo, as freiras cantaram no coral o cântico preferido da irmã Maria, ela costumava cantar para mim quando me fazia dormir. O pastor também fez um discurso emocionante, sabia que irmã Maria tinha feito muito pela comunidade e dedicado sua vida a Deus e suas crianças perdidas, mas não sabia que tantas pessoas seriam gratas a ela.

Quando olho em volta para a pequena capela cheia e pessoas do lado de fora cantando, meu coração alegra-se de uma maneira calorosa, ela fez o bem a todas essas pessoas e a cada criança que entra carregando uma flor para colocar sobre o tumulo dela mais tarde no enterro me dá essa certeza.

Brooks e os Hewish - Livro único (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora