O liquido era engolido rapidamente, descia como lava quente, corroendo toda minha garganta sem um pingo de castidade ou piedade, não demorou muito ao garçom completar o copo com mais uma shot, Whisky com gelo e limão, o trio perfeito para deixar a solidão de lado e ser preenchida com sexo que vai ser apagado da minha memória "que escória, Anna você se tornou o que mais detestava" digo a mim mesma enquanto levo o copo frio em direção ao meus lábios, suspiro sentido o cheiro do álcool.inesperadamente uma mão delicada tira o copo e o vira, encaro por um momento tentando reconhecer o rosto por baixo da maquiagem forte e luzes falhas do bar que estávamos.
-o tempo passa rápido, veja se não é a garota de ouro- Diz com uma risada debochada forçada, minha inimiga mortal, minha maior paixão de colegial, a própria e divina Elisa.
Ela me odeia, segundo as palavras dela, mas quando ela me beijou na festa de formatura, duvidei da honestidade de sua língua, já que ela estava muito bem embolada na minha, o que ela tanto ressaltava todos os dias, aquela raiva, não era exatamente o que parecia, quem diria que encontraria essa paixão que a muito foi perdida num bar de esquina em um sábado, tudo parecia até magia.
Éramos apenas conhecidas, concorrentes que sempre desejaram algo mais, gostávamos de disputas quentes, palavras duras e o som do professor falando para nos acalmar.
Quando quase pulávamos no pescoço uma da outra, isso me faz sonhar nas noites solitárias olhando para o luar.
gostávamos de testar limites e destruí-los se permitissem, nossa língua era como cacos de vidro, amávamos machucar uma a outra só para esconder quão forte pode-se amar alguém que não pode nem tocar, éramos protestantes, ativistas, governantes, pregávamos pelo que achávamos certo e errado, era para esses momentos terem ficado no passado, soterrados, encerrados, mas meu destino parecia não escutar a própria democracia da superação, e insistia me lembrar da garota que me fez cursar advocacia.
"Fico surpresa que ainda não superou a derrota querida, inclusive senti saudades."
Minhas bochechas queimam, talvez já esteja bêbada ou seja vergonha por ter admitido que senti falta de alguém que eu odiava, pelo menos, era o que eu achava.
Sua risada era tão simpática, me fez derreter e ferver ainda mais, essa overdose era uma saudade, essa loucura e essa raiva embutida no peito da coitada.
Ela desliza para perto do meu pescoço devagar, seu perfume de menta mistura-se perfeitamente com o cheiro de bebida que pairava no ar, seu sapato social e sua coxa se entrelaçam nas minhas enquanto eu permanecia sentada e esperava, rapidamente, uma de suas mãos segura minha nuca, ela se aproxima lentamente dos meus ouvidos, enquanto puxa meu cabelo de lado, deixando sua voz rouca ressoar profundamente em meus tímpanos, expostos e tímidos, nossos segredos mais escondidos estavam ressoando .
Era o caos perfeito.
Sussurrou então "Eu ainda quero revanche, gatinha"
Deus, ela sabia como eu odiava aquele apelido, e também como eu surtava quando ela o falava, soava como melodia na sua voz adocicada.
O toque rápido de seus lábios macios me fez arrepiar, e seu hálito quente me fazia delirar, sua voz me encantava somente de escuta-la, eu queria aproveitar pelo o que deixei de fazer, queria botar todos para correr com um incêndio criminoso que veria a acontecer.
No impulso de estar alcoolizada me deixei levar, colocando minha mão em sua cintura e a puxando para perto somente para escutar seu coração que estava uma fera, achei por um momento que fosse saltar, e sorrindo de lado disse enquanto a prendia para não escapar.
"Você diz que aguenta, mas seu coração já quase se arrebenta com minha presença"
ela desvia o olhar e abre a boca para retrucar, mas eu a puxo pelo queixo até nossos lábios quase se tocarem lhe fazendo olhar profundamente nos meus olhos, sussurro entre lábios
"Eu sei que você me ama, não adianta me enganar"
ela logo separa o quase beijo, enquanto segura duas doses, me oferecendo uma, eu viro rapidamente o copo, enquanto ela vira metade, pega um gelo com sua língua e suspira, meu circuito travou, ela tomou a iniciativa novamente, exatamente como aquele dia, antes de me beijar fortemente no meio do bar, nossas línguas eram lentas como se degustassem uma iguaria, o gelo derretia-se entre suspiros e toques desesperados no meio de nossa garganta fervente, o choque térmico tornava tudo mais viciante, as luzes coloridas, a sensação de ser desconhecida, as vontades antigas, as mentiras, o sentimento por trás daquele ranço trivial, tudo foi lavado com um whisky caro e flertes esfarrapados, tudo isso foi um tiro, um gatilho, eu sabia os pontos que ela gostava, ela sabia meus pontos fracos, como deixar secretamente algo tão puro, fui em busca de algo simples mas encontrei um outro caminho que nos deixaria a beira da loucura, as testemunhas da noite eram apenas a bebida e nossos corações que se guiavam nas batidas em uma dança repetitiva.
O gelo derretia em sincronia, nossas mãos desciam e subiam, beijos desesperados, corpos arranhados, mordidas e mal tratos, tudo que seria apagado pela nossa ressaca dobrada, o banco coitado, cederia com tamanha saudade que se expressava, corremos entre surtos e intuitos, quando vi por mim, lá estávamos, no lado de fora, em um lugar abandonado, se beijando na noite como se fosse a última, a luz do luar, ambas com sapatos sociais, despenteadas, interrompendo o beijo apenas com risos e discursos incompletos.
Nossos corações que eram tão duro quanto granizo se uniram, se fundiram assim como nossos pensamentos, o prazer, a dor e o amor são eternas lembranças desse ódio revestido de sentimentos que a anos estão escondidos.
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Perdição: a arte de amar o pecado
PoetryEla era uma perdição, seus olhos me davam sermão, Nos beijamos em forma de confissão, Sabíamos que pecávamos, mas o amor era nossa salvação. Poesias para todas as garotas que eu já amei. =Todos os textos são escritos pela autora. = Classificação +1...