Naufrágio (VegasPete)

Sweet Poison (16)

🔴AVISO DE GATILHO: Menções de estupro, pedofilia, abuso físico e emocional.

O silêncio no carro era ensurdecedor. Fazia alguns minutos desde que Vegas havia falado e Pete estava chocado demais para dizer qualquer coisa. O dia tinha sido exaustivo o suficiente e ele tinha muito o que processar. O dançarino pensou que talvez as palavras não significassem o que ele pensava, como se fosse provavelmente uma figura de linguagem ou algo assim. Mas o rosto pálido e o olhar vazio de Vegas disseram a Pete que o homem havia dito exatamente o que queria dizer.

"Vamos entrar."

Entraram em casa e sentaram-se no sofá. Pete estava com medo de ser o primeiro a falar, ele podia ver que ainda havia muita coisa na cabeça de Vegas e ele não queria abalá-lo. Ele esfregou a mão nas costas de Vegas e falou palavras reconfortantes. "Vai ficar tudo bem, vamos superar isso."

Vegas balançou a cabeça. "Não."

Pete mordeu o lábio inferior. Ele ficou sem palavras. Ele não sabia mais o que dizer.

"Ele matou meu pai e eu o vi fazer isso."

De repente, o ar na sala parecia frio e pesado. A cabeça de Pete estava girando e ele pensou que poderia ter desmaiado se não estivesse sentado. Por outro lado, Vegas parecia ter recuperado sua plena consciência. Ele estava olhando para a frente, onde costumava ser a cadeira de seu pai.

"Ele estava aqui naquele dia." Vegas disse e a frieza em sua voz abalou Pete profundamente. "Ele veio aqui em casa para conversar com meu pai. Um de seus negócios deu errado e ele sabia que meu pai estava por trás disso. Eu os ouvi conversando no escritório do meu pai.

Pete olhou para a porta fechada que Vegas estava olhando agora, era ao lado da sala de estar. Ele já tinha estado nesta casa centenas de vezes, mas nunca soube o que havia por trás daquela porta. Agora ele sabia por quê. Vegas estava olhando para a porta fechada como se ainda pudesse ver o que havia acontecido no dia em que seu pai morreu.

"Desci para ver o que estava acontecendo e vi Tharn Chen, o verdadeiro nome de Noi, apontando uma arma para meu pai e ameaçando atirar nele. Eu sabia onde estava a arma de meu pai e sabia como usá-la. Eu poderia ter procurado ou chamado a polícia para salvar meu pai. Mas não o fiz.

O dançarino ainda estava congelado, ouvindo atentamente sem dizer nada de volta.

"Ele atirou três vezes no meu pai. Eu o observei fazer isso e nem me encolhi. Na verdade, eu me perguntei como seria se eu fosse o único segurando a arma. Escondi-me antes que Chen pudesse me ver e, assim que ele saiu, passei por cima do meu pai e o vi sangrar até a morte. Eu sou a última coisa que ele viu antes de morrer. Sabe, ele nem pediu minha ajuda, ele olhou para mim e deve ter percebido que eu ia deixá-lo morrer de qualquer maneira."

Vegas finalmente se virou para Pete e o olhar em seus olhos era indescritível. Isso deixou Pete inquieto.

"Você deve pensar que sou um psicopata."

O dançarino ficou em silêncio por alguns minutos. Ele olhou para o rosto de Vegas e por um breve segundo não conseguiu reconhecer o homem à sua frente. Ele olhou por mais tempo, concentrando-se em cada característica que mais amava. Ele olhou para as maçãs do rosto salientes e mandíbula esculpida. Ele seguiu a linha do nariz e o arco da sobrancelha. Observou a pele pálida de sua testa e os profundos olhos escuros. Afinal, ele ainda era Vegas. Ele ainda era o namorado de Pete. Ele ainda era o homem por quem Pete estava apaixonado. A única pessoa que fazia Pete se sentir visto e desejado. E ele ainda o amava, mais do que tudo.

Talvez Pete não devesse sentir o mesmo depois de ouvir essa história, mas ele simplesmente não conseguia sentir outra coisa sobre Vegas.

"Não importa." Pete finalmente disse depois de alguns minutos de silêncio. Vegas olhou para ele e ele não sabia o que o outro homem estava pensando. Ele esperava que Pete olhasse para ele em choque ou desgosto e saísse furioso, mas, em vez disso, Pete estava olhando para ele, olhando profundamente em seus olhos como se pudesse ver o que estava dentro de sua alma.