Naufrágio (VegasPete)

Jóia Belmont (3)

1/3

Vegas estava sentado à escrivaninha em seu escritório, revisando as contas. A inauguração foi um enorme sucesso e eles ganharam uma quantia considerável de dinheiro nas primeiras noites. No entanto, eles gastaram tanto dinheiro na reforma do prédio, na decoração do interior, no design personalizado de alguns dos móveis e no marketing que ainda estavam perdidos. Isso era esperado para um empreendimento desse tamanho e, com sorte, eles começariam a lucrar nas próximas semanas.

Vegas esfregou as têmporas com os dedos indicador e médio, ainda tinha problemas para dormir à noite e a falta de sono estava lhe causando terríveis enxaquecas. Abriu a primeira gaveta de sua escrivaninha e tirou um frasco de aspirina, sacudiu-o levemente e suspirou ao perceber que estava vazio. Ele checou seu telefone e viu que estava quase na hora de pegar seu irmão no treino de dança. Ele deixou um monte de papéis na mesa de Kinn para seu primo dar uma olhada e saiu.

Ele chegou um pouco mais cedo, então Vegas decidiu ir ver o que seu irmão estava fazendo no estúdio. Ele ficou do lado de fora da janela no corredor, espiando a sala onde Macau e seu tutor estavam dançando. Pete parecia estar a mostrar um novo movimento porque estava concentrado em explicar algo a Macau e mostrar-lhe repetidamente como posicionar os pés após a aterragem.

Vegas não conhecia nenhum termo técnico sobre dança, mas o movimento o lembrava da patinação no gelo. Pete estava basicamente andando dois passos à frente, flexionando e empurrando o joelho direito e pulando no ar com a perna esquerda esticada nas costas enquanto a perna direita se juntava à outra perna no ar brevemente antes de retornar ao chão, a perna esquerda ainda estendido atrás dele. A maneira como Pete se movia era graciosa, ele parecia ter muito treinamento em dança e talvez até balé. Novamente, Vegas não sabia muito sobre dança, mas ele poderia dizer que Pete era um bom dançarino.

Ele observou enquanto seu irmão executava o movimento, sua perna direita pousando desajeitadamente no chão, sua perna esquerda dobrando um pouco em vez de ficar esticada nas costas como Pete havia mostrado a ele. Macau repetiu o movimento algumas vezes até que finalmente conseguiu e Pete e ele deram um high-five. Havia algo no relacionamento de seu irmão com o dançarino que incomodava Vegas toda vez que ele os via juntos. Eles pareciam tão próximos e amigáveis, quase como irmãos. O interesse compartilhado deu a eles algo para conversar e se relacionar, algo do qual Vegas nunca poderia fazer parte.

Vegas já foi um bom irmão para Macau, ele o protegeu e ficou ao seu lado, jogou videogame com ele e lhe ensinou muitas coisas. Agora que seu pai estava morto, Vegas sentiu que a culpa de Macau ser um órfão o atingiu como mil tijolos e ele tinha que ser responsável por seu irmão. Ele teve que cuidar do funeral, fazer toda a papelada que seu pai deixou para trás e ele teve que ganhar dinheiro para sustentar ele e seu irmão. Ter todas essas novas responsabilidades e lidar com a morte de seu pai foi demais para Vegas, que já estava com problemas antes de tudo isso acontecer.
A pontada de ciúme que sentiu era insuportável e teve que interromper os dois homens. Abriu a porta e ficou chocado ao ver o sorriso no rosto do irmão quando Macau o viu.

"Pete tem me ensinado incríveis passos de dança clássica. Quem sabia que o balé era tão foda?

Pete riu e o coração de Vegas ficou mais pesado. Ele ficou feliz em ver um sorriso genuíno no rosto de seu irmão, mas com raiva de Pete por ter feito isso acontecer.

"Deixe-me pegar minhas coisas, volto em cinco." Macau disse entusiasmado e saiu para ir ao camarim.

Pete ficou sem jeito enquanto Vegas o encarava. Vegas não conseguia se livrar da sensação de que já tinha visto Pete antes, mas não tinha ideia de onde ou quando e isso o estava deixando louco.

"Desculpe pela última vez." Pete falou e Vegas observou seu rosto atentamente. "Eu não queria ultrapassar meus limites. Você é o irmão dele, sei que quer o melhor para ele. Não cabia a mim dizer nada a você.