Amêndoas.

71 20 2
                                    




Os encontros entre Jungkook e Apolo mantiveram-se durante a madrugada. 

Volte e meia era no centro de Ágora, quando na madrugada fria ela ficava vazia. 

Também eram perto do mar. Apesar de não gostar das sereias e muito menos de Poseidon, Apolo não conseguia negar um pedido de Jungkook. Até porque seus cachos ficavam mais visíveis com a maresia, o que deixava o deus do sol mais e mais encantado.  

Apolo já estava sentado na pedra de costume, avistou Jungkook chegando com as roupas mais confortáveis e os cabelos soltos.

Do caminho da casa de seu senhor até aquela simples pedra, milhares de fagulhas de luz o guiavam para que não se perdesse. Quando chegou, elas se desmanchavam próximas a Apolo.

A proximidade entre os dois estava clara. 

Apolo não conseguia entender por qual razão seu corpo parecia puxado pelo de Jungkook. Cada vez que tentava ir para mais longe, acabava mais perto.

—Você prefere que eu te chame de Jimin ou de Apolo? —Jungkook perguntou, do nada. 

—A forma que você preferir. —A mão do deus já fazia o caminho conhecido ao procurar a do mortal. A pele gelada de Jungkook era aquecida pela quente de Apolo. 

—Que tal... Apolo Jimin? Ou Jimin Apolo? —Jungkook riu. —Acho que Jimin soa mais humano para mim. 

—Então ficaremos com Jimin. 

—Você é tão bonito, Jimin. —Jungkook pareceu perder o foco por um momento. Virou-se de lado, encarando Apolo de frente. 

Sua outra mão que estava livre, foi até o rosto de Jimin.

—Eu não entendendo como sua pele é tão quente. Parece me queimar. —Jungkook segurou mais forte o rosto de Apolo. —Seu rosto... Ele parece mais sensível que qualquer música que você já tocou em sua lira para mim. Seus olhos são tão gelados, opacos e acinzentados, mas quando eu te toco assim —soltou a mão que Apolo segurava e subiu pelo braço do deus sol —, tem uma fagulha amarela aí, ela aparece só para mim. 

Jungkook sorriu orgulhoso.

—E seus lábios, Jimin... Eles são como a porta de entrada para o olimpo. Eu não a conheço, mas imagino que sejam convidativas dessa forma... —Admitiu, baixando a cabeça com as maçãs do rosto queimando em vergonha.

—Você os acha convidativos, Jungkook? —Provocou. Sua mão foi até a cintura do mais novo, deitando-o sobre a pedra, logo colocando seu corpo por cima. 

Jungkook apenas assentiu. Os olhos brilhavam como nunca e pareciam desfocados, perdidos. 

As mãos de Apolo fizeram um caminho tortuoso, encostando devagar em cada pedaço de sua perna, entrando por baixo da túnica e entrando em contato direto com sua cintura. 

Jungkook sentiu queimar. 

—Peça que eu faço. —Apolo afirmou. Os olhos tinham aquela fagulha amarela discreta. —Qualquer coisa, Jungkook. Mande e eu farei. 

—Me beije. 

E Apolo assim o fez.

Os lábios quentes do deus sol aqueciam os gelados do mero mortal. As mãos de Jungkook passeavam pelas costas de Apolo, sentindo como se cada pedaço de pele fosse feito por mil fagulhas de luz. Era quente, eletrizante e caloroso. 

Apolo subiu sua cabeça, encarando diretamente Jungkook. Tinha os olhos brilhantes de sempre e uma respiração ofegante. Os lábios estavam inchados e o mortal insistia em mordê-los. Parecia queimar, queria mais e mais dos lábios de Apolo.

O deus do sol, por outro lado, já não controlava mais seu calor. Seus olhos, aqueles que tinham colidas geladas e acinzentadas, eram derretidas conforme o olhar inteiro era tomado pela luz amarela dourada. 

—Você está brilhando, Jimin. —Jungkook riu. —Gostou tanto assim de me beijar? —Provocou.

Apolo riu, ignorando o comentário e se afundando novamente no mortal. Sentir seus lábios finos e gelados contra os quentes era como se o Caos estivesse dando vida a tudo novamente. Eles estavam ali, coexistindo juntos. O quente e o frio. 

Suas mãos precisavam revezar entre explorar o corpo do mortal e segurar seus cachos com força. Volte e meia insistia em descer para o pescoço, afundando o nariz ali para se embebedar do cheiro amadeirado de amêndoas. 

Foi interrompido por um raio. O céu fazia barulho demais.

Zeus.

—Eu preciso ir, Jungkook. —Levantou-se, de pressa. —Sinto muito. Nos vemos amanhã, aqui, na mesma hora? 

Jungkook apenas acenou. Confuso ainda, sem entender tantas sensações.

Apolo voou até os céus.

ApoloOnde histórias criam vida. Descubra agora