Persephone

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30 de outubro de 1997

Persephone Spellman

Salém





- Livro Sagrado, qual segredo tu ocultas? - Zé Vitor.







Meus cabelos se misturavam com o laranja das folhas secas que caiam da árvore, os galhos secos e úmidos pelo recente frio daquela manhã de Outono, eu esperava pelo Dia das Bruxas com a empolgação queimando em meu coração, o colibri voou para o galho seco que eu admirava, se banhando nas gotículas como um banho matinal estupendo, os dríades bailavam conforme o aumento do vento frio soprava as folhas de meus cabelos e das pontas dos galhos, não me importo em sentir as mesmas gotas molharem meu rosto, talvez seria uma justificativa para tia Gaia em mentir de que eu não estava chorando.

Eu moro em Salém desde os oito anos, mas a curiosidade sobre meu passado ainda me assombra.

É normal as crianças lembrarem de uma pequena parte de sua infância, lembranças de traumas, momentos felizes, mas eu tinha memórias de minha chegada à Salém. Nada mais. Contudo, para minha alegria, eu pude aos onze anos frequentar Hogwarts, mas sem nenhuma razão, minhas tias me tiraram de lá, quando meus amigos mais precisavam de sua ajuda, eu sei que naquele momento, Harry estaria caçando pelas Horcruxs com Rony e Hermione, sabia que futuramente poderia ter uma Guerra, e eu - modestamente me autodeclarando - com uma genialidade em Poções e Magia de Cura, não poderia estar lá.

Não consigo perdoar minhas tias, mesmo elas insistindo que era apenas para minha proteção.

Sinto que tenha sido por causa de Draco Malfoy. Um belo bruxo, que infelizmente viera de uma família preconceituosa e arrogante, mas eu via no loiro, sua versão reprimida em sentimentos e atormentados pelas ações cruéis, o pequeno Harry Potter era um amigo que não enxergava esse lado oprimido de Malfoy.

- Não consigo entender sua proteção pelo Malfoy. - Era o que Harry repetia por diversas vezes ao meu ouvido. Harry era um bom amigo, apesar de sua irritabilidade frequente afastar a todos, eu o entendia também.

Harry, assim como eu, fora criado por tios, mas diferente de mim, banhado por lembranças desagradáveis e incógnitas, eu apesar de ser uma Slytherin, eu tinha um gesto amigável com os Grifinórias, e mesmo a relutância de Hermione em me aproximar de seu grupo, ela percebia minha iniciativa em ajudá-los contra ao grande bruxo das Trevas.

Minha tia Gaia estava ao telefone, caminhando de um lado para o outro, seu olhar para mim era insistente, um misto de tristeza com fúria ao se voltar a se referir com a pessoa que falava ao telefone. Vejo minha tia Héstia se aproximar de mim, trajando seu vestido verde água e um enorme casaco de lã preto, seus cabelos ruivos como os meus estavam presos em um coque frouxo, em seus lábios um batom vermelho e um hálito forte de cigarro, ela se agachou ao meu lado.

- Você irá dessa maneira? - ela me questiona, olhando minhas vestes com um leve rigor.

Eu odiava cores, eu odiava me ver com cores, era ridículo a forma que as pessoas costumavam se vestir como palhaços na maioria das vezes, eu olho para meu vestido preto, ele tinha um cumprimento adequado quando estava em pé, batendo abaixo do meio de minhas coxas grossas, meu coturno de cano longo, meia calça pouco rasgada, minha jaqueta de couro úmida por eu estar naquele chão cheio de folhas após uma recente chuva.

- Vamos visitar nossas tias, não a um velório, Phany. – Apesar de eu saber que tia Héstia também evitava usar muitas cores em suas vestimentas e saber que eu sou parecida com ela. Eu sabia que isso era por causa de vovó Spellman: Irene Spellman.

Reviro meus olhos com seu comentário, e me forço a sentar nas folhas que eu tinha certeza que estavam agarradas em meus cabelos ruivos, já que minha tia começa a rir e a puxar as folhas dos fios e com os dedos começou a pentear.

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⏰ Última atualização: Jan 10, 2023 ⏰

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