É bom te ter aqui (1/2)

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         Já fazia muito tempo desde que os Sully chegaram na vila do clã Metkayina. Depois de tantos conflitos com os moradores eles finalmente experimentavam um momento de paz com os herdeiros e seus amigos, podendo até se considerarem muito próximos a eles. Pelo menos era o que Neteyam via. Aprendeu a gostar muito daquela nova paisagem, as água principalmente, acolhiam o corpo quando estava morna pelo sol escaldante daquela região e acordava quando estava fria após uma chuva forte ou épocas de ventania. Por mais que sentisse falta da sua verdadeira casa, começava a se acostumar com aquele lugar. Enquanto as "crianças" que conheceu, estava muito satisfeito com a relação que construíram. Era extremamente próximo de Tsireya e a adorava. Achava a Na'vi um amor, sempre muito receptiva e humilde. Estava sempre de braços abertos para todos e seu coração era o mais compreensível que conhecia, tinha sorte de te-lá não apenas como cunhada, já que entrara em um relacionamento não tão recente assim com seu irmão, mas também a tinha como uma amiga.
         Rotxo também não era diferente, não tinha tanta coisa assim para falar do garoto pois o achava um pouco tapado. De qualquer forma gostava dele e sentia pena das tentativas falhas de flertar com sua irmã, que não tinha a menor paciência para o coitado.
           Por fim tinha o Aonung. Suspirou ao pensar nele. Admitia que no começo achava ele um saco, que socar a cara dele foi uma das melhores sensações que já teve e que queria que ele sumisse. Depois de ter sumido com seu irmão e o colocado em uma situação de risco, não queria vê-lo nem pintado do tal ouro que seu pai dizia ser um dos metais mais preciosos do planeta Terra. Mas o tempo passou, a maré foi baixando e mais um pedido de desculpas veio por parte do Metkayina. Lembrava ainda das orelhas baixas, os olhos grandes encarando o chão e todo aquele corpo grande e estruturado encolhido como se escondesse dele. A voz mansa que não costumava ouvir recitava adjetivos pejorativos para si mesmo enquanto sussurrava um "desculpa" sincero, mais de uma vez. Não pôde evitar sorrir naquele momento, de pena. Ele realmente tinha ficado tão arrependido e nem conseguia o olhar nos olhos por vergonha de seus atos. Neteyam respondeu segurando seu rosto para que ele o olhasse e com um sorriso e três tapinhas do lado do braço, o perdoou. Apenas pediu para que não acontecesse outra vez e que os deixassem em paz e assim o fez. Quero dizer, não sumiu da vida deles, mas pelo menos a companhia agora era agradável. E coloque agradável nisso, porque agora o Omaticaya até desejava sua presença, como naquele momento, sentado sozinho na beira das construções durante um pôr do Sol esplendoroso enquanto observava o mar e divagava em seus pensamentos.

         Em pouco tempo sua paz interior foi quebrava por algumas risadas se aproximando. Reconhecia a voz de Lo'ak, seu irmão, que falava com o tom de voz de um megafone, a de Tsireya, que tinha a voz calma e ria contido das piadas idiotas de seu namorado e a de Aonung, que o mandava calar a boca porque não aguentava mais a sua voz. Riu, pois a rivalidade dos dois nunca sumiu, ainda mais depois do pedido de namoro para Tsireya. Tinha um ciúmes cabuloso da irmã e mataria qualquer um que a fizesse chorar. Sabia que tinham mais Na'vis, mas não fazia questão de ver, já estavam chegando perto de qualquer forma e não queria ter aquele trabalho.
         Sentiu um tapa na sua cabeça e sabia que era de Lo'ak pela risada idiota que ouviu logo em seguida e antes que pudesse dizer algo, sentiu duas mãos pesadas em seus ombros e alguém se agachando em suas costas.

          - Boo!- Soou uma voz masculina em seu ouvido, era Aonung tentando brincar, assim como seu irmão, mas de uma forma menos agressiva- O que estava fazendo aqui sozinho menino da floresta?
           Perguntou o Metkayina, apertando os ombros de Neteyam de uma forma agradável. Desde o ataque do povo do céu, onde por pouco não perdeu sua vida, Aonung estava muito mais próximo e fazia muito contato físico com o Omaticaya. Não que ele se importasse, na verdade gostava muito.
          - Nada, apenas divagando em pensamentos- respondeu, olhando o horizonte e tentando não focar na respiração quente em seu pescoço. Mesmo que fosse quase impossível- E vocês? O que estavam fazendo?
            Perguntou, se virando para olhar o menino atrás de si, quase batendo as cabeças se nãos fosse por Aonung se afastando.
           - Procurando você- respondeu Kiri- Nós estávamos preocupados porque você sumiu do nada e ninguém sabia onde você estava.
           Lo'ak riu, interrompendo sua fala.
             - Com "nós", queremos dizer o Aonung- completou, recebendo um cascudo na cabeça do Na'vi da água- Eu falei pra ele que você devia estar em algum relaxando e que estava bem porque você não é um maluco que nem eu, mas ele insistiu que você poderia estar em perigo e não calou a boca até concordarmos em ir atrás de você.
              E recebeu outro cascudo. Neteyam riu.
                - Da pra você calar a porra da sua boca seu pula galho! Falando desse jeito parece que eu tava surtando que nem um lunático! Não foi desse jeito!
                 Seu rosto tomava um tom escuro pela alta concentração de sangue nas maçãs do rosto pela vergonha. Todos riram, inclusive o menino a sua frente.
               - Tudo bem, eu entendo a preocupação de vocês depois do que aconteceu. E Aounung, fica tranquilo porque eu não vou fugir tá?- disse rindo, recebendo um tapinha fraco em sua nuca- Como disse o Lo'ak, eu não sou idiota que nem ele, eu não gosto de problema.
                E recebeu outro tapa mas desta vez forte e no braço. Quando reclamou, sentiu a mão grande de Aonung deslizar até onde o tapa foi dado, esfregando o local para parar de doer. Quando os joelhos o Na'vi da água começaram a doer, decidiu sair de trás do Omaticaya e se sentar ao seu lado, esticando as pernas fortes antes de dobrar a direita para apoiar o braço em seu joelho.

Aonunete one-shots [AonungxNeteyam]Onde histórias criam vida. Descubra agora