Art of the century | taekook

XII

(Colocar a música "Day & Night - Jung Seung Hwan)

6 de maio de 2015

A primavera deixava seus rastros de flores e luz por onde quer que fosse.

O homem de cabelos castanhos franziu o cenho, apertando o volante do carro e tentando entender a aglomeração de pessoas que estavam em frente a um museu no centro de Seul.

Taehyung estava apenas dirigindo em direção ao restaurante que sempre almoçava nos intervalos do seu trabalho, em que viajava e fotografava paisagens para uma revista ambiental conhecida, mas avistou um senhor de idade vendendo sanduíches ao lado do local. Por que não?

Kim morava com seu cachorro num bom apartamento no centro de Seul, costumava viajar e sair com seus amigos e colegas de trabalho e, pelo menos uma vez no mês, visitava o túmulo de sua avó em sua cidade natal.

A senhora de mãos cheias morreu de velhice há 4 anos, mas o acastanhado não deixou de visitá-la por um mês sequer.

Então, acabou decidindo fugir um pouco da rotina e, aproveitando que estava com sua câmera naquele dia, resolveu sair e visitar o tal museu. Sempre apreciou a arte e, em todas as suas folgas, acabava frequentando lugares do gênero.

Pagou rapidamente por um sanduíche e o comeu em algumas mordidas, sabendo que provavelmente não era permitido entrar com alimentos. Avistou alguns casais e crianças correndo na frente do local e o adentrou, sendo atingido pela atmosfera que tanto gostava.

Um sorriso inconscientemente enfeitou seu rosto.

Cada pintor escolheu um tema específico e aquilo era óbvio, pela consistência e distinção entre os quadros. Praticamente flutuou por ali, tentando digerir cada significado e sentimento por trás das artes, apertando a pequena bolsa que carregava em um dos ombros.

Continuou mordendo os lábios e varrendo as artes com os olhos, entretanto, alguns quadros da coleção de um artista em especial chamaram a sua atenção.

Todos retratavam pessoas em seus mais diversos aspectos e cenários. E cada quadro foi feito com base em um ano próprio, que estava em destaque abaixo do mesmo, cada qual tendo o seu significado, supôs.

O sentimento retratado nas obras era angustiante e bom, trazia paz e caos, uma espécie de paradoxo que precisava ser analisado com maior precisão. Era raro conseguir captar tudo aquilo em obras aparentemente tão simples.

Ficou hipnotizado conforme caminhava entre as peças, os olhos atentos e afiados, até chegar em uma específica que fez sua boca secar.

Um garoto de costas, a camisa branca e os cabelos escuros voando com o vento conforme ele parecia ter acabado de jogar uma pedra na vasta água presente na pintura. Todos os tons e cores remetendo ao fim de tarde, tanto cuidado e precisão na hora dos traços.

Os olhos vidrados foram puxados até a área localizada embaixo da obra, e quando leu o que estava escrito ali, o seu chão pareceu desabar.

"A arte do século - 1998"

E aquele era o último quadro da exposição, que refletia bem ao lado o nome do pintor.

"JJK"

Os olhos chocolates não conseguiam desprender dali, era como se seu corpo todo tivesse entrado em curto circuito. Os pés desgovernados deram dois passos para trás antes de baterem com força no corpo de um desconhecido, que o impediu de cair.

⏤ Desculpe. ⏤ pediu com a voz baixa, a mente em estado de verdadeira confusão.

⏤ Não há problema. Está tudo bem? ⏤ uma voz suave questionou.