i see your true colors

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Nenhum outro dia alegrava mais o casal Maze e Eve quanto uma sexta-feira. Afinal, tratava-se do dia no qual Maze colocava Eve dentro do carro e ambas iam até Nevermore buscar Wednesday, que, por ser universitária do local, tinha direito ao fim de semana com a família. Elas passavam a semana inteira ansiosas, só esperando o dia em que veriam Wednesday, com seu humor apático e quieto, mas interiormente feliz em rever as mães.

Naquela noite estrelada, tudo acontecera conforme o esperado. Contudo, Maze não precisava mais que analisar um olhar de Wednesday para saber que algo estava errado com ela. Não que a menina tivesse costume de ficar o fim de semana inteiro grudada nelas, mas Maze percebera que havia algo errado. A maneira que Wednesday havia levantado da mesa do jantar e ido praticamente correndo para o próprio quarto após uma longa troca de olhares com Maze fora o suficiente para a mais velha constatar o óbvio.

Wednesday queria conversar alguma coisa consigo, porém, não sabia como fazê-lo. Maze conhecia Wednesday o suficiente para enxergar a situação por inteiro. Sua filha era bem parecida consigo, principalmente no fato de não conversar de início e se isolar, achando que de alguma forma incomodaria.

Como compartilhava de um mesmo comportamento com ela, Maze claramente não seguiria a filha. Afinal, talvez ela estivesse cansada e precisasse ficar sozinha com seus próprios pensamentos, só isso.

No entanto, a pose estática que Maze tinha ao lado de Eve enquanto a mulher ensaboava as louças do jantar entregava que ela não estava totalmente convencida sobre o estado da menina.

— Maze. — Eve chamou, encarando o olhar perdido de Maze, que olhou de volta. — Amor, aconteceu algo?

— Hm?

— Aconteceu algo? — tornou a perguntar, enxugando as mãos no pano de prato apoiado em seu ombro.

— Não, é que… Eu não sei, você não percebeu a Wednesday estranha? — Maze enfim perguntou, apoiando o braço na bancada da pia.

— Um pouco, mas, você sabe, é o jeitinho dela. Talvez ela só esteja cansada, meu bem. — Eve disse, o tom de voz calmo como sempre, acariciando o braço de Maze com a mão.

— Eu também pensei nisso, amor, mas… Não sei, ela olhou pra mim de um jeito estranho. — Maze rebateu, inconformada.

— Aquele olhar? — Eve questionou e Maze assentiu. Elas se referiam ao olhar que Wednesday lançava à Maze quando era criança, quando algo estava errado. — Okay… Então, acho que você tem que ir lá.

— Agora? — arregalou os olhos, ajeitando a compostura. Eve conteve o riso. — Sozinha?

— Sim, Maze. Sozinha. Você sabe que ela se abre melhor quando é com você.

Maze ponderou enquanto abria os lábios a fim de esboçar alguma reação contrária à sugestão de Eve, no entanto, não existia alguma. Eve estava certa. Ela sempre estava.

— Está bem. Você tem razão… — Maze concordou, relaxando os ombros antes tensos e soltando um suspiro no processo.

— Eu sempre tenho. — Eve disse, convicta, o sorriso largo tomando seus lábios. Deslizou os braços pelo pescoço da esposa, o que imediatamente fez Maze abraçar sua cintura. — Você consegue, amor.

Maze sorriu com o tom de voz carinhoso da esposa e se permitiu relaxar um pouco com o carinho sutil em sua nuca. Ser mãe ainda era confuso e complicado para ela. Sempre lutava contra suas inseguranças quando se tratava de realmente estar ali para a filha, porque Lilith nunca o fizera, então ela não tinha parâmetro de como ser uma boa mãe. Mas ela aprendia dia após dia desde que Wednesday surgira em sua vida. E ter Eve como esposa era lembrar-se de que sempre alguém confiaria em si, não importava a temporada ou a situação.

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