Run

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Acordei antes mesmo de o despertador tocar. Mesmo que eu tivesse dormido pouco na noite passada, meu corpo não estava nem um pouco cansado ainda que o sol estivesse começando a aparecer no horizonte. Eu normalmente gostava de acordar cedo para correr e, mesmo que o clima de Brookings não fosse favorável, eu costumava fazer isso pelo menos duas vezes na semana.


Brookings era uma pequena cidade situada no litoral de Oregon. Os dias eram quase sempre nublados ou chuvosos e sua população chegava a seis mil pessoas porque, mesmo cobrindo uma área considerável, seu território era composto por densas e magnificas florestas. Apesar das chuvas incomodas Brookings era um lugar realmente calmo e bonito para se morar, além da floresta, a vista do mar era uma das poucas coisas que atraiam os turistas.


Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo enquanto bebia um copo de suco. A casa estava extremamente silenciosa, Jeremy com certeza ainda estava dormindo em seu quarto, eu nem ao menos tinha notado quando ele havia chegado na noite anterior. Desde que nossa mãe morrera minha relação com meu irmão mais novo não era das melhores, nós vivíamos como estranhos. Meu tio, Alarick, tinha ficado com a função de cuidar do meu irmão e de mim, mesmo que ele não gostasse da ideia.


Terminei de calçar meu tênis de correr e sai de casa. O clima estava frio, como era de se esperar, ainda estava clareando e as ruas estavam sombrias, mas aquilo nunca havia me assustado. Comecei a correr até alcançar meu ritmo habitual. Não havia sinal de qualquer pessoa, era cedo demais. A floresta com seus sons e formas não me assustavam mais. Aquele cenário seria assustador para qualquer uma, mas não para mim.


Havia se passado meia hora desde que eu começara a correr. As ruas já estavam mais claras e as árvores da floresta começavam a criar formas no chão. Respirei fundo e senti minhas pernas queimarem forçando-me a diminuir o ritmo, porém o som de passos que ouvi logo em seguida me assustou mais do que qualquer coisa. Sem virar a cabeça completamente consegui enxergar um vulto preto correndo atrás de mim. Eu sabia que no meu bairro ninguém além de mim costumava correr, ainda mais àquela hora da manhã.


Meu corpo entrou em estado de alerta e eu comecei a correr mais rápido, virei na primeira rua que encontrei, porém a vulto continuou atrás de mim. Eu queria correr mais rápido, porém minhas pernas estavam pesadas demais, meus pulmões começaram a doer toda vez que eu respirava. Naquele ponto eu estava longe das casas da vizinhança se eu gritasse não adiantaria. Continuei correndo, porém a cada passo sentia meu corpo afundar, minha visão começou a ficar embaçada e senti alguns pingos de chuva atingir meu rosto. Em algum momento senti meu corpo sucumbir e eu caí tropeçando em meus próprios pés. Tentei me levantar, mas meu corpo não me obedecia.


Ouvi os passos se aproximando ao mesmo tempo em que seu ritmo diminuía. Engoli em seco e encarei o estranho, pronta para lutar pela minha vida se fosse preciso. Porém o que vi foi muito diferente do que eu esperava. Um rapaz aparentemente da minha idade se aproximava, ele usava um moletom preto com o capuz na cabeça, sua expressão demonstrava preocupação e seus olhos azuis eram vibrantes e vivos enquanto me encarava.


— Você está bem? — perguntou-me assim que me alcançou. Ele não parecia querer me machucar, porém meu corpo não relaxou. — Se machucou em algum canto? — continuou.


Eu pisquei algumas vezes tentando desviar do seu olhar firme, mas não consegui. Demorei meio minuto para processar suas perguntas até conseguir responder.

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⏰ Última atualização: Sep 19, 2022 ⏰

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