Stenio chegou em casa naquele dia se sentindo realizado. Suas bochechas doíam com a intensidade que seu sorriso preenchia seus lábios. Levava nas mãos um dos vinhos preferidos de Helô e uma caixa de bombons, junto com sua surpresa no bolso. Ao fechar a porta, percorreu os olhos pela sala a procura dela, não tendo sucesso. Caminhou a passos largos até a cozinha, na intensão de encontrar Creusa.
-Creusa!- ele chamou baixo. Percorrendo da cozinha até a área a de serviço. -Creusa!!- ele chamou um pouco mais alto.
-Oi Dotô Stenio! Tô aqui ó! O que é que foi homi?- Creusa o respondeu desconfiada, notando o humor diferente do chefe, enquanto terminava de estender algumas roupas no varal de chão do apartamento.
-A Helô Creusa! A Helô já chegou?- ele perguntou empolgado
-Ainda não, disse que vai demorar pra chegar, por que tá cuidando de uma prisão lá na delegacia. O senhor bem sabe como são essas coisas...-
-Creusa! Eu tenho uma surpresa pra ela! Uma surpresa que eu acho que ela vai adorar! Vem, me ajuda! Me ajuda a arrumar uma mesa bem bonita de jantar! O que você acha de fazer aquele pato, que ela ama?- ele quase não conseguia se conter de ansiedade.
-Uma surpresa é? Como é que é isso? Me conte tudinho! Vamos que eu ajudo o senhor, vou preparar tudo bem direitinho!- ela disse também se animando.
Era engraçado de ver como os dois se entendiam. Stenio contou tudo pra Creusa, que também se empolgou com a surpresa. Depois de tudo pronto, ele foi esperar pela esposa, sentado no sofá. As horas se passaram, fazendo com que Stenio caísse no sono à espera dela.
Era por volta das onze da noite, quando Heloísa finalmente chegou. Abriu a porta devagar, massageando o próprio pescoço. Por ser próximo do natal, tinha tido um dia de feijoada na delegacia.
Quando seus olhos percorreram pela mesa de jantar completamente arrumada e enfeitada com velas. Notou também Stenio cochilando no sofá. Por um momento se permitiu olhar pra ele com carinho, antes de cutucar seu ombro.
-Steniô, acorda! O que é isso aqui? Alguma data especial que eu esqueci?- ela perguntou enquanto o homem começava a acordar. Não seria a primeira vez que ela esqueceu uma data importante, mas não conseguia se lembrar de nada relevante naquele dia.
Quando Stenio começou a assimilar que ela havia chegado e se lembrou da surpresa, a empolgação voltou para seus olhos. Abriu um grande sorriso.
-Não, não é nada importante não. Quer dizer, é! Mas isso eu te conto depois do jantar. Vem, vamos comer. A Creusita fez aquele pato que você ama e eu trouxe o seu vinho preferido!- ele disse animado, a pegando pela mão e levando até a mesa.
Ela riu desconfiada, sabia que Stenio estava aprontando alguma coisa, mas se permitiria ser mimada hoje. Estava realmente cansada, com tanto trabalho. Havia prometido a ele que adiantaria o serviço, para tirar alguns dias de folga e aproveitarem o natal juntos.
Ele serviu os dois enquanto sorria feliz pra ela, pegou as taças e fez um brinde. Brindou ao casamento deles e ao amor que sentia por ela. Novamente ela riu com carinho, não que ela admitisse para si, mas achava fofo como Stenio sempre fazia ela se sentir tão especial.
Os dois jantaram enquanto Stenio escutava paciente ela contar sobre os casos da delegacia, vez ou outra ele também dizia sobre o trabalho. Mas tentava evitar, já que esse sempre foi um assunto que gerava confusão entre os dois. Optou por apenas aproveitarem a companhia um do outro.
No fim da noite, quando Helô já estava com os olhos pesados, o que fazia Stenio roubar beijos castos dos lábios dela. Ela finalmente perguntou realmente, sobre o que era toda aquela noite.
Ele sorriu muito grande e finalmente mostrou pra ela os papéis que ele guardava no bolso.
A expressão de Helô mudou no mesmo instante, os olhos abriram rapidamente e o queixo caiu levemente. Estava em choque, não podia acreditar no que ele tinha feito.
