Keanu Reeves : Você não me conhece

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Palavras: Mil 100+

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- Minha guitarra! - minha voz afinou.

- Eii - gritei.

Assustado ele olhou pra mim ainda permanecendo em silêncio, provavelmente não entendendo nada.

- Solta agora minha guitarra! - caminhei a passos duros. Ele franziu a testa me encarando.

- Essa guitarra é minha. - ele disse calmo com bastante firmeza como se tivesse certo daquilo.

- Não. Essa guitarra É minha. - e a peguei da mão dele. Que me olhou incrédulo.

Abracei a guitarra descendo a escada do pequeno palco me aproximando da cadeira onde estava a mochila dela. Deitei ela e a pus de volta com muito carinho e cuidado.

- Droga, vou ter que dar um banho em você agora. - disse devagar em um tom normal e calma como se ela fosse um ser vivo. Sim eu tenho mania de falar com objetos.

Escutei uma risada nasal atrás de mim.

- Qual é o seu problema?

Nem percebi que ele tinha me seguido e muito menos me escutado.

Fechei a bolsa dela me virei e respondi ele. Tentei demonstrar calmaria porém ainda estou com raiva misturada com muita tristeza.

- Qual é o "seu" problema? Não vê outros instrumentos... - direciono meu braço pelo local mostrando ao redor. - É incrível que a sua gente se acha dono do local e da razão só por serem quem são, mais não é assim que funciona aqui. Essa guitarra não é pra ser tocada por ninguém. Se quiser tocar hoje use as outras.

- Desculpe... "minha gente"? - Revirei os olhos. Óbvio que ele vai se diferenciar do mundo de Hollywood.

Droga, sou fã dele e não é possível que isso esteja acontecendo. Sempre pensei em conhecê-lo mais nunca imaginei que seria desse jeito, tendo que brigar com ele.

- Escuta garota. Não quero imaginar o que pensa de mim, porque faço parte dessa... "gente" como você citou. Tire qualquer conclusão, mais está certa sobre a indústria de Hollywood, nem todos é o que parece. Porém não deveria tirar conclusões precipitadas sobre mim ou de qualquer outra pessoa.

- Ar de superioridade? - Por mais que quisesse demonstrar insignificância, não conseguia estava triste demais e não sei se consigo segurar por muito tempo.

Ele respirou.

- Não vale apena discutir, com alguém que não escuta. - desviou o olhar para a bolsa. - E sobre essa guitarra... pertencia ao grande amigo meu. Um irmão praticamente. Nunca te vi aqui, vou cogitar que você é nova e não conhece esse lugar e só está fazendo seu trabalho, então... só me peça desculpas e eu não falo com seu chefe sobre a sua educação.

- Como é que é? - já comecei a me arrepiar, e suspirar com peito, droga não queria chorar agora e muito menos na frente dele.

- Aquele cara... - apontou para o homem atrás dele. - É dono deste local, aparentemente seu chefe. Então me peça desculpas e me dê essa guitarra de volta.

Por meu rosto estar rígido uma lágrima teimosa escorreu sobre minha bochecha.

- Eu não trabalh... - coloquei meu dorso entre o nariz e a boca tentando conter esse sentimento de choro, mais tava impossível e logo senti meus olhos encharcarem, engoli seco mesmo não tendo nada pra descer e inalei o ar. - Eu não sou obrigada a ouvir esse tipo de coisa.

Me virei e peguei a mochila de trás de mim da cadeira.

- Você pode ser qualquer coisa, mais "irmão" do Meu Pai, Você Não é.

E passei por ele. E passei pelo dono do local quase esbarrando nele, ele me chamou mais o ignorei completamente. Não queria conversar, só pensava em sair o mais rápido possível.

- Clara... espera o que aconteceu?

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NARRADORA ON

- Keanu? - o dono virou para ele que ainda permanência intacto no mesmo lugar.

- O que aconteceu? Eu vi vocês dois conversando e não imaginei que estivesse discutindo. O que aconteceu cara?

- Só me responda uma coisa... aquela garota é a filha...

- Sim é ela mesmo. Foi difícil trazê-la pra cá depois que ele faleceu, custei chamá-la aqui para organizar uma pequena e memorável homenagem só com os mais próximos. Sinceramente achei que vocês iriam se dar bem você foi tão próximo dele. Não imaginei ao contrário...

- Com licença... - disse rápido.

E Keanu pousou sua mão entre os braços do homem como um comprimento e saiu dali correndo em direção a moça.

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[...]

ESTACIONAMENTO.

Você não estava chorando, mais isso não impedia das lágrimas descerem. Colocando a guitarra com cuidado no porta-malas, escutou uma voz lhe chamando e logo fechou a porta se direcionando a frente do carro.

Ignorando completamente aquele astro. Sempre pensava que ele era uma pessoa diferente daquilo do que tinha conhecido minutos atrás... um soberbo.

- Espera. - sentiu seu braço sendo puxado sem violência apenas no intuito de impedi-la de entrar no carro.

- Eu sinto muito. - o ator disse tentando encontrar o olhar dela. - Você... você é a Clara! Filha dele. Nossa eu... Eu não acredito.

- Vai mudar agora? Como é cara de pau. Vai lá... vá falar com "meu chefe" - as lágrimas ainda escorria no seu rosto impedindo de continuar falando.

A menina limpou ouvindo ele.

- Eu sinto muito...

- Fique longe de mim!

- Me escute. Seu pai falava muito de você... Por favor, eu não sabia que você era a filha dele. Ele tinha tanto apego por aquela guitarra, vivíamos tocando várias vezes juntos, ele na guitarra e eu no baixo, e eu não reconheci você, veio me assustando e pensei que trabalhasse aqui ou algo parecido. Eu juro que não a reconheci.

- Eu não me importo. - mentiu. - Acabou? - ele nada falou, então ela simplesmente se dirigiu a porta do volante e tentou entrar.

- Não vá. - ela olhou pra ele. - Porfavor seu pai, era meu melhor amigo. Não posso te deixar ir dirigindo nesse estado, não é seguro e nem com essa impressão errada sobre mim. Me sinto mal e quero fazer isso do jeito certo. Te conhecer do jeito certo.

Ela só olhava pra ele, sem expressão. Apenas abaixou o olhar para o chão e uma lágrima teimosa desceu. Passou o dorso para tirá-la de lá respirou fundo e confirmou com a cabeça.

Ele sorriu fechado e deu um abraço de urso. Ela encostou sua cabeça no peitoral do astro tentando se recuperar mentalmente em quando sentia as mãos do ator acariciando a área dos cabelos e a outra dando conforto em suas costas.

Se separaram e ele propositadamente endireitou sua coluna como um cavalheiro formal e lhe estendeu a mão.

- É um prazer conhecê-la pessoalmente.

Ela soltou um pequeno sorriso de lado e apertou a mão dele.

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