16. Um conto de fadas

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Mais um selinho. E outro e outro.

Em seguida quinzenas de selinhos, consecutivos.

Abro um sorriso travesso para a crespa sobre mim.

ㅡ Então... esses beijos querem dizer que você não me odeia mais?

Faço um bico.

Catra semicerra o olhar antes de responder.

ㅡ Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Reviro os olhos e mordo o lábio inferior.

ㅡ Sem brincadeira, você... você ainda me odeia?

Catra relaxa o semblante e parece pensar bastante antes de falar alguma coisa, o que me deixa com uma pulga atrás da orelha.

ㅡ Você se importaria se eu ainda odiasse? ㅡ ergue sutilmente um sorrisinho de canto.

Na situação que estou, só quero ser sincera. Sem enrolações, sem jogos.

ㅡ Sim.

Ela pressiona um lábio no outro e contém o sorriso. Está tirando com a minha cara.

Por que? A Adora que me falaram sobre, desde que entrou na escola, não liga pra nada. E normalmente é a que machuca as garotas.

ㅡ Essa Adora não existe. Essas pessoas não me conhecem, só falam sobre mim.

Ela morde o lábio descuidadamente, daquela forma única que apenas a Elizabeth sabe fazer, e então trocamos um olhar por alguns segundos. Breve, mas o suficiente para dar uma batida fora de sincronia no meu coração.

Logo sinto sobre meu peito sua cabeça se encaixar.

Nossas mãos ainda estão se tocando, brincando com os dedos uma sobre a outra e sentindo a textura de cada canto com as digitais. Minha mente faz uma fotografia de todos os momentos dessa madrugada.

ㅡ E qual Adora é real?

ㅡ Depende do dia e do momento. Existem várias Auroras. Às vezes sou uma criança da quinta série, uma jovem de trinta anos em crises de adulto, um idoso louco por carros antigos e até uma idosa que ama dormir.

Lentamente, os dedos de Catra percorrem o caminho do meu braço, subindo em carícias. Mapeando minhas células com seu toque, e assim marcando a minha alma também.

ㅡ E qual Adora está aqui comigo, agora? ㅡ praticamente sussurra, apoiando seu queixo no colo do meu peito e me encarando bem de perto com os olhinhos bonitinhos e a nuvem em tons degradê de castanho escuro ao redor da cabeça.

Elizabeth está com o meu cheiro, o cheiro do meu sabonete.

Até que isso se repetir não me soa tão ruim.

ㅡ Hum... que vergonha. ㅡ endireito minha coluna para apoiar melhor as costas no travesseiro e encaro algum canto abaixo da linha dos seus olhos.

ㅡ De que? ㅡ Catra questiona com a voz mansa.

ㅡ Dessa Adora de agora. ㅡ instintivamente coloco a palma das mãos no rosto para esconder as possíveis bochechas vermelhas.

Catra abre uma risada e tenta afastar meus dedos.

ㅡ Por que? Como está o seu eu de agora?

Coloco o lábio entre a ponta dos dentes e a encaro fixamente. Sentindo a bomba de sangue entre meu peito acelerar.

ㅡ Não consigo dizer em palavras como essa versão minha de agora é, mas posso mostrar a você. ㅡ Pego sua mão e a sobreponho onde está meu coração. ㅡ Consegue sentir?

Rivais - Catradora +18Onde histórias criam vida. Descubra agora