Para as palavras, por me permitirem transformar dor em arte.***
" Não são coisas grandes. Pequenos gatilhos libertam uma dor outrora escondida nos confins de nossas mentes"
– Autoral, mas inspirado em coisas que li ou vi.
***
Primeiro seu peito aperta, como se cordas invisíveis amarrassem seu coração, então tudo ao redor parece não acontecer mais, como se você fosse apenas um telespectador, alguém que está vendo tudo aquilo de longe. Você vê, você escuta, mas não consegue interferir.
Você quer, você realmente quer que essa explosão ou o que quer que seja pare. É uma dor quase física, mas você não consegue fazer parar.
Naquele momento elas já apareceram: as lágrimas, pesadas, afiadas como lâminas, carregadas de soluços abafados.
É como se você fosse outro alguém, você sempre conseguiu conter as lágrimas. Você realmente conseguia abafa-las, esconder a tristeza no fundo da sua mente, mesmo em situações piores. Mas não hoje, mas não naquele momento, naquele momento você é só uma criancinha que quer se encolher.
O barulho continua, mas você não consegue controlar suas ações, apenas continua no sofá, as lágrimas descendo e os soluços fazendo sua garganta arder. O grito vai pra longe e você pega uma das almofadas, abafando seu próprio grito.
Um pequeno gatilho parecia ter sido ativado. Estava tudo bem. Você cometeu um erro e os gritos vieram. Então todo o peso, todo aquele peso que você havia carregado – ou ignorado até sumir – caiu sobre seus ombros.
As lágrimas cessam por um momento, você já conhece essa sensação. Elas vão voltar. Você sabe que elas vão voltar. Então você se tranca no banheiro e se encolhe junto á porta.
Então as lágrimas voltam, como facas afiadas, mas ao mesmo tempo como uma válvula de escape para toda aquela dor.
Aquela dor quase física, que aperta seu peito e arranha sua garganta.
A sua visão está embaçada pelas lágrimas, você murmura para si mesma pra parar de ser dramática e querer chamar atenção. Mas você está sozinha, se escondeu, então isso não faz sentido.
Você só quer ser boa o suficiente.
Não é uma amiga boa o bastante.
Não é uma filha boa o bastante.
Não é uma irmã boa o bastante.
Não é saudável o bastante.
Esperta o bastante.
Não ajuda o bastante.
Você é pergunta para si mesma se um dia vai ser o suficiente.
Mas você não faz o bastante.
Mesmo que você se esforce. Mesmo que você esteja dando seu máximo. Para ir bem na escola, ajudar em casa e ajudar seus amigos.
Você tem feito seu melhor, não tem?
Você desiste de conter as lágrimas e fecha os olhos, agora elas escorrem silenciosamente pelas suas bochechas.
De repente você é só uma garotinha chorando porque caiu na escola e ralou o cotovelo, então seus pais foram chamados, e você tem medo deles ficarem bravos (mesmo que não tenham ficado).
É só uma garotinha emburrada no banheiro do salão de festas do seu aniversário de dez anos porque seus colegas cantaram "com quem será".
É só uma garotinha assutada em meio ao caos do início de uma pandemia, se escondendo na horta da sua avó para ficar sozinha.
É só uma garotinha chorando porque não pode ler mais sua saga favorita de livros, que havia te salvado em meio á confusão da sua mente.
É só uma garotinha que estragou seu cabelo em meio a crises de choro.
É só uma garotinha que não podia mais falar com sua amiga e viu ela ir de alguém que você conhecia pra alguém que você reconhecia.
É só uma garotinha encarando a sacada da sua casa quando uma voz diz pra você não pular.
É só uma garotinha tendo uma crise de choro porque uma amiga ia se mudar.
De repente você é só uma garotinha encolhida no chão do banheiro.
***
Talvez isso tenha sido um pouco pessoal demais?????
Eu realmente não estava em um bom momento quando escrevi, mas juro que tô bem agora.
Escrever isso foi quase como uma sessão de terapia.
Se você sente algo parecido com o que eu escrevi, ou sente alguma outra coisa ruim, pode falar comigo no PV daqui do app laranja.
Não tem muito o que falar sobre esse texto.
🍫> Pra vocês
PS: vocês gostariam que eu publicasse contos autorais aqui?
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Confissão
RandomTalvez seja só... pessoal demais. Uma série de textos sobre sentimentos. Alegrias, tristezas e saudades se misturam em meio as palavras.