Mudaram as estações

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"I can't love you in the dark
It feels like we're oceans apart
There is so much space between us
Maybe we're already defeated..."
_ Love  in The dark_

  O copo vazio ao lado da cama dividia espaço com a garrafa de uísque pela metade e a luz da luminária havia dormido acesa. No chão do quarto ainda haviam caixas de papelão e suas malas ainda não tinham sido totalmente desfeitas, o que fazia do ambiente tão bagunçado quanto o proprietário do apartamento.
Entretanto, estando em Nova lorque, seus pertences materiais não eram sua prioridade na lista do que precisava resolver e colocar no lugar.

Quando o despertador tocou, Elliot abriu os olhos devagar, acostumando-se com a luz que entrava pela janela e saía da pequena lâmpada, e esticou o braço para fazer com que o barulho tivesse fim. Com uma sensação familiar de desapontamento, se deu conta de que ter Olivia em seus braços não passara de um sonho.

Ele cobriu o rosto com uma das mãos e suspirou, exausto do choque que era acordar e encarar a realidade. Tê-la para si, ter a chance de esclarecer tudo e até mesmo brigar com ela, para então ficarem bem. Tudo isso ocorria somente quando ele estava dormindo e Elliot não conseguia dizer qual das opções o afetava mais.
Mesmo estando longe da mulher, ela ainda se fazia presente em seu inconsciente e também quando sua consciência estava perfeitamente lúcida. Era ela, afinal. Era Olivia quem passeava para lá e para cá em seus pensamentos, mesmo quando ele ainda devia cumprir o juramento que fizera em seu casamento. Mesmo com tantas palavras caladas antes de sequer chegarem na ponta da língua, era ela.

Era ela quem lhe tirava do prumo e o fazia parecer o homem mais idiota do mundo. Era ela quem rodava a sua cabeça durante todos os dias que o homem estivera fora do país, trabalhando secretamente em um caso que não podia comentar com ninguém mas que naquela circunstâncias era sua única defesa contra tudo o que fizera.

Havia deixado ela sozinha, e assumia a responsabilidade daquilo que fez. Mas nada era para ter saído da forma como saiu, não era para que ela sofresse tanto quanto demonstrava ter sofrido. Ele foi embora mas deixou ordens especificas de que ela fosse uma das poucas pessoas a receber informações sobre ele, sobre o porquê ele estava indo embora, para onde ele ia, e que não estava abandonando ela 100%.

Mas suas ordens não foram cumpridas.
Olivia nunca soube porque ele saiu de fato, onde ele estava, porque havia deixado a Unidade de vítimas especiais, nada... ela nunca soube de nada. E elliot tentava concertar aquilo, explicar, mesmo que fosse de uma maneira torta, mas ela não deixava.
A mágoa era muito grande!
Justificável diante dos fatos...
O momento era tão difícil, que ela não deixava ele se aproximar ou dizer mais que 4 palavras.

Doía na sua alma , como alguém com o dedo em uma ferida. Além da ferida exposta do seu coração, da sua dor de amor. Tinha clareza exata do que sentia por Olivia benson, depois de tantos anos de negação, o sentimento estava lá, forte e inegável.
Depois de anos dessa negação e de vontade de servir ao seu juramento, ele finalmente admite, sem sentir culpa... Ele à ama... sempre à amou!!

Era ela, sempre foi, sempre será.
Mesmo que ela não deixasse ele entrar na vida dela novamente, sempre seria ela.

Com isso em mente, se preparou para começar mais um dia. O barulho que seu filho mais novo, e único que ainda mora com ele, fez no que ele achou ser a  cozinha, forçou ele a sair da cama quente, e deixar as cobertas finalmente. Sem a coberta por cima, ele notou como estava frio aquele dia.
Antes de sair do quarto tomou um banho rápido e já usando as roupas com as quais passaria o dia, foi ao encontro do seu filho. O mesmo estava conectando o cabo da máquina de café.

__ Bom dia _  Stlaber esboçou um sorriso e alcançou o pote de café para o menino.

__ Bom dia _ respondeu e então agradeceu pela ajuda _ Vai sai para trabalhar agora?

__ Tenho um tempo ainda, acho que posso até ti levar na escola __ disse enquanto colava duas xícaras e uma caixa de cereal na mesa. Viu o filho concorda com a cabeça e pegou a caixa de leite na geladeira.

__ Falou com a Kathleen? Ela falou que tentou ti ligar ontem a noite, mas deu caixa todas a vezes __ Eli despejou à água encima do pó escuro __ eu falei que você deveria ter chegado em casa tarde, porque eu nem ti ouvi chegar. Acho que eu já estava dormindo.

__Eu ligo para ela daqui a pouco. __ Eliot afirmou. __ Eu tive que fazer algumas coisas que tomou tempo demais ontem, mas nada que vocês precisem se preocupar.

__ Diga isso para ela, não sou eu que vou ti encher de perguntas...

__ É, eu sei __ o homem forçou uma risada, mas não resultou em muito.

Desde a morte da sua esposa, sua filha passou a se preocupar muito com ele. Apesar de esta fazendo sua graduação em psicologia e vivendo sua vida, sua cabeça ainda tinha um pequeno espaço para se preocupar com o pai e o irmão caçula, ela sempre fazia o máximo para está presente pelos dois.
"Apesar de estar fisicamente presente, às vezes tenho a impressão de que sua cabeça estar em um lugar diferente, pai".
Ela costumava dizer entre uma xícara de café e outra. E em todas as vezes, elliot repetia que tinha tudo sobre controle, quase como um mantra, querendo que isso, convencesse não somente ela, como a si próprio também.

Obviamente nada estava sobre controle. Na verdade, tudo estava fora de controle. O seu trabalho estava o tirando do sério, com um caso que parecia não dar em nada, os novos colegas também não faziam muito  o seu tipo, além de que não conseguia focar em nada além da dor entre os olhos cor de chocolate de Olivia benson. A dor que ele havia causado.

Era isso que o tirava do sério. Porque todas as vezes que ele enxergou dor entre os olhos da mulher, ele tratou de tirar. Fazia com que ela esquecesse que tivesse dor, problemas e mágoas dentro de si.
A fazia sorrir como uma criança num balanço alcançando  o auge da latitude possível, brincava com todos os tópicos possíveis com ela, a acompanhava em todas as bebidas a qualquer hora  da madrugada, oferecia o seu ombro amigo para que ela pudesse chorar e colocar para fora quaisquer resquício de dor que pudesse haver dentro dela. Mas quando ele foi embora , quem ocupou o seu lugar? Quem secava as  lágrimas  de Olivia benson? Quem lhe dava tapas nas costas e dizia que tudo ficaria bem ? Ela tinha alguém para fazer isso por ela ? Ou desde que ele se fora, ela ficou completamente sozinha a merce de seus sentimentos?

Por que ninguém havia a ajudado a passar por aquele momento? Por que ninguém havia a ajudado a aliviar a mágoa e a dor que sentia por ele e por causa dele? Que tipo de amigos rodeavam a mulher que nāo fosse para fazê-la se sentir bem?

Mas lembrou-se de quem ela era, de quem ela costumava ser. Provavelmente ela não havia dado abertura para que o nome dele sequer fosse pronunciado em alguma conversa, e apenas guardou tudo para ela, para que não explodisse na frente de todo mundo. Era do feitio dela. Se calar e se fechar, e não tocar mais no assunto.
E  ele agora percebia que ele não podia sarar a dor dela, porque fora ele quem causou essa dor à ela. Então o que poderia fazer, afinal? Havia alguma saída daquilo tudo? Havia alguma esperança em meio aquele mar de mágoas, gritos e desentendimentos? O que o futuro reservava para eles? O que ele faria para chamar à atenção dela para si depois de tantos anos sendo o causador de suas dores?

.... continua

"A gente mágoa e é magoado por quem teve coragem de nos amar. É normal dos amores arrebatadores, eu sei, mas acho que temos que pedir desculpas um milhão de vezes por magoar quem tentou nos amar."



This love came back to meOnde histórias criam vida. Descubra agora