Capítulo 2

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*S/n on*

Chego na escola e como sempre as pessoas ficam me olhando de cima a baixo. Tento não ligar para isso mas não deixo de me perguntar quando elas vão se acostumar com alguém diferente, alguns até me olham com admiração e dizem que sou bonita.

Mesmo que eu tenha nascido aqui minha mãe sempre me levava para visitar o Brasil duas ou até três vezes no ano, e a cultura de lá sempre foi muito presente na minha vida e sempre será, amo aquele lugar e sinto saudades

Deixo meus pensamentos de lado chegando perto da minha sala depois que algumas pessoas da sala ao lado me deram um bom dia

Quando abro a porta da minha sala o garoto que está sempre me perturbando e tirando minha paz vem tirar sarro da minha cara e fazer piadinhas sobre meu cabelo e minha cor, eu já não ligo mais porque isso só mostra o quanto ele é infeliz

???: Olha se não é a estrangeira, por que você não volta pra favela de onde você veio hein!?

- Ele diz rindo igual a um palhaço que ele acha que é. Eu o olho rapidamente na esperança dele me deixar em paz, ele já levou várias advertências e até foi suspenso por conta desses comentários

S/n: Saia da minha frente

- Digo sem ânimo para discutir com ele. Não iria adiantar pois não é a primeira vez, e eu não sou a única

???: Aí a estrangeira está estressadinha!

???: Deixa ela em paz seu idiota, vai ser racista com sua mãe seu merda!!

- Meu colega de sala diz pegando ele pela gola com força, o afastando de mim. Posso sentir a ira dele ao puxar com força a blusa do outro garoto

???: E por que você se importa com ela hein? Tá afim de dar uns pega nela né!? Se bem que ela não é de se jogar fora

- O garoto diz com um sorriso perverso me olhando de cima a baixo e eu fico um pouco constrangida mas principalmente com raiva. Tento me afastar dele o mais rápido possível

???: Eu não estou afim dela seu idiota, e ela jamais ficaria com alguém feito você!

S/n: Asahi... solte ele

- Digo assim que vejo o resto da classe observar aquela cena. Não gosto de ser o centro das atenções e estou morrendo de vergonha

Asahi: Eu não aceito essa covardia que ele faz com você! Não aceito a discriminação que você sofre todos os dias

- Asahi diz jogando o menino pela gola para longe de mim. Arregalo os olhos quando vejo o garoto ser empurrado com uma certa força e bater as costas na parede

Asahi: Me desculpe S/n, não liga para ele é só um racista de merda

S/n: Está tudo bem Asahi, não precisa perder sua paz por causa dele, não é a primeira vez

- Digo me sentando na minha mesa e me preparando para a aula. Dou uma rápida olhada pela sala e respiro aliviada quando vejo que não estão mais prestando atenção em mim

Asahi: Não está tudo bem não! E se ele ou qualquer outra pessoa falar qualquer ofensa para você pode me chamar!

- Asahi se senta atrás de mim e dou um pequeno sorriso pela sua preocupação. O sinto mais calmo e isso de certa forma me deixa mais relaxada, não quero problemas

S/n: Ok Asahi, muito obrigada!

- Digo simples e ele me dá um pequeno sorriso. A professora entra na sala e logo começa a passar o conteúdo da sua matéria. Olho para o garoto de antes que jogava bolinhas de papel no garoto de óculos que sentava na frente

Sentia o incômodo do garoto e não entendendo o porquê esse idiota se diverte com isso. Tento não ligar muito para isso e me concentro na explicação da professora

O dia passa voando e logo estou saindo pela porta da sala. Me despeço de Asahi quando ele sai rapidamente para o seu treino de corrida, ando pelo corredor da escola que tinha poucos alunos

No caminho para a saída vejo algo emanar de uma das salas e quando passo pela frente vejo que é do clube de jornalismo da escola. Dizem que nesse clube ninguém se gosta e é um querendo ser melhor que o outro, nem imagino o inferno que deve ser

Dou de ombros e sigo meu caminho para a saída. Me despeço de algumas meninas do clube de culinária que são muito gentis comigo e sempre me chamam para fazer parte, eu fui uma vez mas elas são muito insanas e aquela sala está sempre uma loucura

Saio do colégio e no caminho decido passar em uma lanchonete já que depois de muito tempo lembrei que esqueci o almoço na geladeira. Me repreendi mentalmente o dia inteiro mas agradeci aos céus por Asahi ter uma barrinha de cereal extra na bolsa

Chego na lanchonete e ouço o pequeno sino quando abro a porta e logo o cheiro de café entra em minhas narinas, confesso que adoro essa sensação é como se eu estivesse em casa

O garçom prontamente vem me atender e anota meu pedido. Fico esperando um tempo enquanto terminava de anotar umas atividades em minha agenda

Minutos depois o garçom vem com um café quentinho e um bolo delicioso, desfruto tranquilamente enquanto observo as pessoas ao meu redor. Um tempo depois decido ir embora e peço a conta do garçom, pago o que consumi e sigo para casa

Já estava no fim de tarde e o pôr do sol estava lindo! Lembro que minha pequena câmera que era do meu pai está na minha bolsa e logo tiro de dentro para registrar aquela paisagem

Adoro fotografar! Mas só faço isso por pura diversão, assim como meu pai, as vezes até eu me acho parecida com ele como minha mãe fala. Isso me deixa feliz mesmo que eu não tenha o conhecido, sinto ele presente em mim de algum modo

Tiro umas três fotos e volto meu caminho em direção de casa. No percurso já não sentia aquelas sensações que a escola me proporciona todos os dias, pelo menos não vi aquelas coisas estranhas hoje

Chego em casa abrindo a porta e entro, a tranco e coloco as chaves em um potinho que ficava em uma mesinha. Coloco a bolsa no sofá e vou para o quarto tirar meu uniforme, entro no banheiro e tomo um longo banho

Saio enrolada na toalha e vou para o quarto vestir uma roupa confortável, depois de vestida vou fazer minhas atividades que graças a Deus não eram muitas

Termino meu exercício e vou pra cama assistir série na tv e acabo pegando no sono com um sentimento estranho no peito.



Até o próximo capítulo ☆

First Love - Megumi Fushiguro 🫀Onde histórias criam vida. Descubra agora