Capítulo 2

169 22 0
                                    

"Pensei que quando o assunto fosse a vida de Tamaki, me contaria tudo, papai. Casamento?! Tamaki não tem capacidade mental para isso. Quer matá-lo?!" falou Kirishima, enfurecido enquanto andava de um lado para o outro.

"Não trate seu irmão como alguém incapaz, Kirishima. Tamaki não é um doente mental." disse, tendo a paciência que seu filho mais velho não tinha.

"Papai, por favor…" murmurou, sentando-se em frente ao mais velho na mesa. "Tamaki não vai conseguir."

"Ele pode." A confiança na voz do homem mais velho acertou nos nervos do ruivo, que bateu com as mãos na mesa ao se levantar. "Eu, mais do que você, não quero forçar Tamaki em um casamento."

"Não quer?!"

"Não, não quero! Mas se você quiser soar desrespeitoso, que tal dizer na cara do antigo rei que não pode fazer um favor mínimo? É quase certo que o Rei Mirio não irá querer, ele nunca aceitou antes. Por que com Tamaki será diferente?"

Passando a mão no rosto em uma tentativa de se acalmar, Kirishima balançou a cabeça. "E como acha que Tamaki vai se sentir? Ele pode muito bem colocar na cabeça dele que o Rei o rejeitou por achá-lo entediante. Você sabe como Tamaki é, ele fará isso!"

"Não, ele não fará." falou, "Tamaki não quer se casar. Vai ser mais um alívio do que uma ofensa."

"Tamaki não tem mentalidade para isso, papai!" gritou, "Ele não é capaz, aceite isso!"

Atrás da porta, a figura de um ômega de vestes claras era vista, escutando o rumo da conversa com um certo desgosto. Por mais que não fosse tão próximo do outro ômega, não quer dizer que não se chatearia ao ouvir tantas baboseiras. Pela primeira vez, sentiu raiva do seu noivo, Kirishima. Trincando os dentes ao fechar os punhos com força, deu o seu melhor para não invadir a sala e mandar os dois ir a merda.

"Eu sei que quer protegê-lo, mas não vou aceitar você dizer que ele é incapaz novamente nesta casa!" gritou de volta, pegando o ruivo de surpresa. Era uma raridade as vezes que o mais velho perdia sua postura, então ele deve tê-lo acertado nos nervos. "Já basta todos pensarem o pior dele, não seja um também! Eu confio na capacidade de escolha do meu filho! Eu confio no que ele querer!"

Com um sorriso de canto, Bakugou assentiu em concordância, gostando que o velhote finalmente decidiu reagir e não ficar apenas na defensiva. Ainda sim, sentia-se na necessidade de fazer algo. Afastando-se da porta, fez seu caminho até os aposentos do caçula da família Toyomitsu. Ele lhe daria um bom sacode.

"Eu não-"

"Quieto, agora eu falo! Estou cansado de todos o tratarem como um doente. Tamaki fará o que qualquer ômega de sua idade faz. Ele irá sim conhecer o Rei, e será a sua escolha final a minha decisão." disse, sua voz ecoando pelo cômodo. "E essa conversa está encerrada!"

"Mas-"

"ENCERRADA." Repetiu, sua voz se misturando com a de seu lobo interior. 

Dando um passo para trás em sinal de respeito, abaixou a cabeça. "Entendi."

Respirando fundo, Taishiro voltou a se sentar enquanto observava o filho mais velho sair sem olhar para trás. Suspirando, pôs uma mão sobre a testa. Era principalmente nessas horas que sentia falta de sua companheira, a única que seria compreensiva e que acalmaria os ânimos de todos. E talvez a única que conseguisse entender Tamaki e o ajudá-lo.

Se inclinando na cadeira, olhou para a pintura de sua esposa - que havia sido feita enquanto ainda estava grávida do seu primogênito. Normalmente, desde que Tamaki aprendeu a pintar, ele sempre pegava a arte para tirar as marcações. Não está explicado o quão feliz Taishiro ficou quando o caçula começou a encher a casa com pinturas de sua falecida mulher, pois era como se ela retornasse a casa.

Reinado - MIRITAMAOnde histórias criam vida. Descubra agora