Depois do horário do expediente, retoquei meu batom da cor café e escovei meus cabelos para assentá-lo melhor, e controlar o frizz. Olhei meus cílios postiços através do espelho, e estavam perfeitos.
O dia hoje naquela loja não havia sido fácil, desde que sempre há muito movimento e eu nunca paro um segundo, sempre atendendo os clientes que chegam, estampando no meu rosto um belo sorriso, tentando ser o mais agradável possível. Essa tarefa sempre me foi um pouco difícil, talvez pelo fato de eu me sentir séria demais, na maior parte do tempo.
Comecei a organizar o meu balcão antes de ir embora. Meu patrão, Levi, sempre foi muito exigente com organização e limpeza do local de trabalho, e sou totalmente responsável por deixar o meu espaço apresentável. Se Levi notasse algo fora do lugar, ou enxergasse um grão de areia perdido no espaço, para ele era como ter uma visão do inferno. E nós, meras mortais, recebia aquele olhar de repúdio, desprezo e raiva dele, que causava até um arrepio na espinha e colocava defunto para correr. Confesso que me dava medo de vê-lo estressado com alguma coisa. Às vezes ele é muito intolerante, e frio.
Quando peguei a minha bolsa para ir embora, Erwin, o amigo de Levi apareceu parando próximo ao balcão, vestido casualmente. Admito, esse homem tem uma beleza estonteante, mesmo passando aquela impressão de ser um pouco careta.
–Boa noite Mikasa, Levi ainda está por aí? –Perguntou gentilmente, denotando sua voz grossa.
–Ainda não saiu, está no escritório dele lá em cima. –Apontei para o teto. Ali era um prédio de três andares.
–Ótimo, assíduo no trabalho como sempre. –Deu os ombros se afastando do balcão. Eu observei, mas ele se resignou voltando para o meu balcão como se tivesse feito "plim" na mente dele, lembrando-se de alguma coisa. Esta era minha suposição, sempre estou imaginando várias coisas. –Como você está?
–Eu estou bem, e você?
–Bem também. –Ele passou a mão no queixo, pensativo, fuçando uma agenda que eu usava para trabalho. –Como anda sua vida? Muito baladeira?
–Não muito, tenho ficado quieta em casa ultimamente. –Dei um sorriso descontraído. Ultimamente, tenho pensado em outras coisas para minha vida, e estar de molho em casa, sempre foi a melhor opção para mim.
–Eu imagino que o seu namorado goste de ficar em casa. –Percebi ele lançar esse verde para colher o maduro. Não sou nenhum pouco besta.
–Na verdade, eu nem tenho namorado. –Dei um riso, fechando a agenda e guardando dentro de uma gaveta.
–Porque? Você é uma moça tão bonita, não deveria estar solteira.
–Sou difícil de me apaixonar, é como pedir por um milagre. –Brinquei.
–Ou talvez porque você não conheceu o cara certo, que esteja a sua altura, e que te faça subir pelas paredes. –Ele me olhou fixamente.
–Quem sabe? –Eu olhei de volta, arqueando a sobrancelha. Escutei um pigarro como se alguém quisesse interromper a conversa de propósito. Então, eu olhei para o lado. –Senhor Levi? –Engoli a seco por aquilo. Não sei o quanto ele ouviu, mas fiquei muito desconcertada piscando o meu olho esquerdo de nervoso, com um sorriso sem graça e amarelo. Mesmo que estivéssemos em um ambiente de trabalho, e Erwin fosse um amigo dele, eu não queria que Levi imaginasse coisas estranhas. Me veio uma sensação de sufoco.
–Porque você ainda não foi para casa? –Ele franziu o cenho, sério, se aproximando do balcão, e olhando meio afoito para Erwin.
–Desculpe, eu já estava saindo. –Segurei as alças da minha bolsa no ombro, respirando fundo. Levi poderia ser considerado também um homem muito bonito, atraente, mas sua alma nunca soou "bondosa".
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Metiflix
ChickLitMikasa é uma simples Recepcionista, e Levi Ackerman o seu chefe rigoroso. Em uma bela noite, seu chefe lhe convida para ver um filme, mas ao chegar na casa dele, Mikasa descobre que não era exatamente um filme que iriam assistir.